Surdazo e dever de casa

O Grêmio cumpriu o dever. Esteve longe de fazer uma grande partida. Mais uma vez, a equipe de Luiz Felipe rendeu pouco sem os três volantes. A escalação de ontem, porém, teve um mérito indiscutível: a opção por Alán Ruiz, e no meio. Em melhor condição física que Giuliano, o argentino era mesmo o mais indicado para substituir o convocado Luan - embora o substituto de função, mesmo, tenha sido Fernandinho. E o principal: jogou pelo centro, e não na ponta, como tanto havia sido escalado nas rodadas iniciais do campeonato. Não fez um grande jogo, mas exatamente por estar ali, no lugar dele, é que marcou o gol que abriu o caminho para os 2 a 0 sobre o Sport.

O gol teve uma importância dobrada, pois além de colocar o Grêmio em vantagem mudou a lógica do jogo. Antes dele, o Sport jogava melhor. Levava mais perigo e era pouco acossado por um Tricolor novamente com muitas dificuldades de acabamento. Minutos antes do surdazo de Ruiz, a equipe pernambucana criou duas chances claras, uma delas com Durval cabeceando livre na área em escanteio. Após o gol, o Grêmio empilhou chances de definir a partida. Não o fez, e teve de encarar um Sport novamente agressivo na volta do intervalo. A pressão duraria poucos minutos, mas o desafogo só veio aos 30, quando Giuliano enfim fez uma jogada que mostra a que veio da Ucrânia, dando um lançamento genial para Dudu fazer o segundo. Para um time que joga melhor sem meias de ofício, não deixa de ser curioso o fato de que ambos é que decidiram o jogo de ontem.

Neste terço final de campeonato, costumo dizer que o desempenho importa bem menos que os resultados. A briga será ferrenha daqui para frente. O Atlético Mineiro pode mais uma vez tirar o Grêmio do G-4 nesta quinta, mas o Corinthians vem ressurgindo como um concorrente pesadíssimo na luta por Libertadores. Não adianta: se quiser se manter firme na luta, o Grêmio precisará de ao menos quatro pontos nos próximos dois jogos fora de casa, contra Palmeiras e Goiás. A sequência é amena: depois dos alviverdes há o Figueirense na Arena, o Coritiba fora de casa e o Vitória na Arena, antes do Gre-Nal. São 15 pontos em disputa, dos quais o time de Felipão precisa de ao menos 11 ou 12, jogando bem ou como ontem. Não é questão de gordura, mas de sobrevivência.

A rodada de ontem foi de importantes vitórias paulistas. O São Paulo também não fez um grande jogo, mas bateu o Atlético Paranaense por 1 a 0, ultrapassou o Inter e diminuiu para sete a diferença até o Cruzeiro. O Palmeiras ganhou do Botafogo no jogo dos desesperados e deu um tempo na zona de rebaixamento. O Corinthians, sim, obteve uma grande vitória: 1 a 0 no líder Cruzeiro. Resultado que não necessariamente reabre a disputa pelo título, mas com certeza acirra a da Libertadores. O Inter, se não ganhar hoje em Chapecó, passa a correr perigo. Afinal, os três times que estão na disputa pela quarta vaga (Grêmio, Corinthians e Atlético, sem falar no Fluminense) vêm em ritmo acelerado e constante. Vão atropelar quem bobear lá em cima.

Nove times a perigo
Goiás e Flamengo obtiveram resultados importantes, que os mantêm a uma relativamente segura distância de 6 pontos até a entrada da zona de rebaixamento. De resto, há dez equipes que correm risco de cair. O Figueirense, com 32, está a apenas quatro da Chapecoense, 17ª colocada - a distância até o Z-4 pode cair para apenas três hoje. Todo duelo envolvendo equipes do 12º ao 20º lugar passa a ser confronto direto de agora em diante. Só no final de semana teremos dois: Bahia x Chapecoense e Atlético Paranaense x Figueirense. Quanto a Goiás e Flamengo, deram um tempo por agora. Se perderem de novo, voltam a correr risco. As pontuações para G-4 e Z-4 só tendem a aumentar daqui até dezembro.

Em tempo:
- Se Alán Ruiz já é um dos jogadores mais catimbeiros do campeonato aos 21 anos, o que fará quando tiver seus 33 ou 34?

- Surdazo é um oferecimento de Lourenço Fonseca enterprises.