Mais três anos de D'Alessandro

A hora de vender D'Alessandro já passou para o Internacional. Deveria ter ocorrido em 2012, quando chegou uma milionária proposta chinesa pelo argentino. Giovanni Luigi resolveu bancar: dobrou seu salário e o manteve no Beira-Rio. Em princípio, parecia um erro: naquele ano, o meia jogou apenas 24 partidas, mais se lesionou que armou jogadas e em nada justificava seu altíssimo salário. Até "pular da barca" ameaçou. Nada que um ótimo 2013 (apesar do time ir mal) e um 2014 de razoável para bom não apagassem.

A idolatria dos coloradas com D'Ale é completamente justificada. Embora de trajetória irregular, o argentino é um dos maiores ídolos da história do clube, o maior deste século, ao lado de Fernandão. Provoca os gremistas, marca gols em clássicos, tem títulos de expressão na bagagem e é decisivo, por sua inegável e altíssima qualidade técnica. Ainda exibe muita categoria aos 33 anos, e, como nunca foi um jogador exatamente rápido, tem totais condições de gastar ainda mais bola nos próximos anos. Como seu valor de mercado já caiu devido à idade, muito porque seu poder de revenda é baixíssimo, faz sentido renovar com ele por mais três anos, como quer o Inter.

Em maio de 2017, fim do contrato proposto por Luigi, D'Alessandro terá 36 anos e, permanecendo até lá, nove temporadas completas pelo Colorado. Um caso raríssimo de continuidade no futebol brasileiro, principalmente por se tratar de um jogador de alto nível e de fama internacional. Possivelmente nenhum estrangeiro terá permanecido mais tempo jogando por um mesmo clube daqui. Ancheta ficou no Grêmio de 1971 a 1979 (os mesmos nove anos), Figueroa de 1971 a 1976 no Inter. Neste século, só Petkovic ganha (foram 15 anos, porém interrompidos por passagens curtas pela Itália, China e Arábia Saudita), mas atuando em sete clubes diferentes do Brasil. Uma relação certamente única nos tempos atuais.

Resta saber se D'Alessandro tem interesse em renovar por mais este longo período. Ele nunca escondeu o sonho de encerrar a carreira no seu River Plate, e hoje os millonarios estão em alta no futebol argentino (são os atuais campeões e lideram o campeonato deste semestre, rumo ao bi). Mas também nunca escondeu que o Inter é seu segundo time, e a identificação com o Colorado é quase tão grande quanto a que possui com o time de Núñez.

D'Alessandro, ano a ano no Inter
2008: chega em agosto, em meio a uma campanha ruim da equipe no Brasileirão. Torna-se rapidamente uma das referências do time na conquista da Copa Sul-Americana e marca um golaço no emblemático clássico vencido pela equipe no Brasileiro, sobre o então líder Grêmio, por 4 a 1.

2009: começa a temporada muito bem, mas se lesiona logo em março e perde o bom ritmo. Perde espaço e briga com o técnico Tite, acaba expulso na final da Copa do Brasil diante do Corinthians e faz um Brasileirão fraco. Ainda assim, marca dois gols em Gre-Nais e aumenta seu cartaz junto à torcida.

2010: depois de um primeiro semestre ruim, passa a ter boas atuações das semifinais da Libertadores em diante. No segundo semestre, cresce e tem ótimo desempenho no Brasileirão, mas fracassa em Abu Dhabi, no Mundial de Clubes.

2011: uma de suas melhores temporadas pelo Inter. Marca gol na decisão do Gauchão, quando o título do Grêmio parecia certo, e realiza um ótimo Brasileirão, devolvendo o Colorado à Libertadores no ano seguinte.

2012: seu pior ano em Porto Alegre. Permanece em Porto Alegre após proposta chinesa, mas passa mais tempo no departamento médico que em campo. A equipe afunda sem ele e o vendido Oscar, é eliminada da Libertadores e faz um Brasileirão medíocre.

2013: renasce sob o comando de Dunga. Realiza uma ótima temporada, jogando bem do início ao fim do ano, seja com o bom começo (título gaúcho e boa arrancada no Brasileirão), seja com o final ruim (luta contra o rebaixamento até a última rodada).

2014: segue o bom nível da temporada anterior, embora sem atuações tão chamativas. Perde, porém, a condição de referência técnica da equipe para o chileno Aránguiz.

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