Luisito fez mais falta

A Liga dos Campeões da Europa costuma ser fria na fase de grupos, esquentando apenas nos mata-matas. Tudo fruto da disparidade técnica entre os bons e os mais fracos, algo que não acontece na Libertadores, por exemplo. Mas, às vezes, damos a sorte de ver dois grandes se encontrarem logo na etapa inicial. E aí é certeza de jogaço, mesmo que não seja eliminatório. Foi assim ontem, no Parque dos Príncipes, com Paris Saint-Germain e Barcelona, que protagonizaram um dos grandes jogos do ano sem que houvesse uma disputa de mata-mata entre eles - e sem seus dois principais artilheiros.

A grande dúvida antes da partida em Paris era sobre como o PSG reagiria sem poder contar com seu principal jogador, o sueco Ibrahimovic. No fim, ficou claro: quem fez realmente falta foi Luisito Suárez, suspenso ainda pela mordida em Chiellini durante a Copa do Mundo. Sem o uruguaio, o ataque do Barça padeceu do mesmo mal dos jogos decisivos da temporada 2013/14: criou, criou, mas na hora de uma conclusão mais aguda acabou devendo. Isso apesar de Messi e Neymar, claro, autores de um golaço cada.

Mas o fato é que o sueco fez menos falta à sua equipe do que muitos torcedores franceses talvez imaginassem. Lucas vive uma temporada de afirmação em Paris: infernizou Jordi Alba a noite inteira e foi o autor de grandes combinações em velocidade, seja com o apoio destro de Van der Wiel ou nas puxadas de contra-ataque com Pastore, que fez o mesmo trabalho pelo lado esquerdo de ataque. Isso sem falar no apoio de Verratti e Matuidi, dois dos melhores em campo, pelo centro da cancha. Mais atrás, Thiago Motta fez uma partida perfeita: desarmou com precisão os craques catalães, saiu para o jogo com extrema qualidade e ainda fez grandes lançamentos para os ponteiros. O ítalo-brasileiro foi o dono da noite.

O Barcelona perdeu o meio de campo no primeiro tempo. Com as atuações magistrais de Thiago Motta, Matuidi e Verratti, o PSG controlou o setor, impedindo que Iniesta e Rakitic ajudassem o trio de frente. A equipe de Luis Enrique levava perigo apenas em investidas individuais de Messi e Neymar. Pedro foi uma nulidade. Com Alba preso na marcação a Lucas, Daniel Alves era obrigado a se desdobrar: marcar o agudíssimo Pastore, apoiar por Rakitic e compor o meio. Conseguiu fazer tudo isso. Grande atuação.

O Barça melhorou a partir da entrada de Xavi e Munir nos lugares de Rakitic e Pedro. O PSG, embora ainda com o contragolpe à disposição, não criou mais nenhum lance de real perigo a partir daí (muito por conta da atuação atrapalhada de Cavani, que sentiu muita falta de Ibra), mas se fechou atrás com competência e mereceu o resultado. Assim como em 2013 e 2014, é candidato a ir mais longe do que simplesmente parar nas quartas de final. Hoje, mostrou mais elenco que o Barcelona na substituição de sua peça ofensiva mais aguda.

Cabuloso
No São Paulo, ocorreu o contrário do que no Barcelona: a presença do centroavante titular está estragando o time. Não é mera coincidência que a volta de Luís Fabiano se dê justamente quando a equipe passou a cair de rendimento no Brasileirão. A saída de Alan Kardec desfez o famoso quarteto e só trouxe mais nervosismo à equipe paulista. Ontem, isso ficou claro: com mais uma expulsão infantil (agrediu o adversário e ainda saiu reclamando, indignado), aos 32 do primeiro tempo, Luís Fabiano complicou demais a vida do São Paulo diante do Huachipato, no Morumbi. O resultado de 1 a 0 ficou de excelente tamanho. Agora, é segurar a pressão chilena em Talcahuano. Sem o Fabuloso, ficará mais fácil.

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