Justo pela bola, injusto pelo apito

No turno do Campeonato Brasileiro, o Grêmio fez uma péssima partida no Alfredo Jaconi diante do Palmeiras e só não perdeu porque o desastroso Jaílson Macedo Freitas anulou um gol legal do time paulista. Hoje, o Tricolor viveu o outro lado da moeda: ganhava o jogo no Pacaembu, mas perdeu Barcos, expulso de forma injusta, e acabou, com isso, sucumbindo à pressão palmeirense. As entrevistas pós-jogo foram absolutamente indignadas, e com justiça, contra a arbitragem de Sandro Meira Ricci, um árbitro que, ao contrário de Jaílson, é o melhor do país e foi o melhor da última Copa do Mundo. E ao contrário do sábado passado, quando o time perdeu só na bola para o São Paulo e encontrou na arbitragem uma desculpa para uma derrota merecida.

Não que na bola o time de Luiz Felipe tenha ido bem hoje: o Palmeiras jogou mais na maior parte do tempo e mereceu o resultado pelo que jogou. O Grêmio é que não mereceu a derrota, pelo menos não da forma que ela ocorreu. Com Valdivia inspirado, o time alviverde funciona melhor, e assim foi hoje. Os laterais e os meias adiantavam a marcação e não deixavam o Grêmio exercer seu controle habitual de jogo fora de casa. Mesmo com 61% de posse de bola no primeiro tempo, o time gaúcho teve apenas duas chegadas de perigo, contra quatro dos donos da casa, que eram mais velozes, criativos e incisivos com a bola nos pés.

No segundo tempo, o panorama não mudou muito. Ainda assim, o Grêmio tinha o jogo controlado. Com Giuliano em campo, a equipe tinha mais mobilidade. Logo no primeiro ataque, o pênalti de Valdivia, convertido por Barcos. Era tudo que a equipe de Felipão precisava para jogar na sua: fechadinha atrás, esperando os erros de um Palmeiras nervoso e que necessitava do resultado em casa. Com Dudu em velocidade e Giuliano armando, o cenário estava montado. Mas a expulsão de Barcos, em uma falta que ele não cometeu sobre Cristaldo, fez tudo desabar.

Encaixotado atrás, nervoso com a perda do capitão do time e caindo na catimba de Valdivia, o Grêmio cometeu faltas demais. O empate, através de Mouche, veio cinco minutos após a perda de Barcos. Foram dois duros golpes em sequência, que minaram de vez qualquer chance de um bom resultado. Para piorar as coisas, o time ainda teve azar: João Pedro chutou, a bola desviou em Bressan e enganou Tiago. Era a virada, esta invirável. O Grêmio não teve mais nenhum ataque relevante após o gol de pênalti, e não teria mais até o apito final.

O resultado foi injusto pelo erro crucial de Sandro Meira Ricci, mas reflete o que foi a partida. O Palmeiras foi melhor no primeiro tempo e soube aproveitar o momento psicológico ruim do Grêmio no segundo - no primeiro, o time já parecia irritadiço, o que ficou visível na obrigação de Felipão em retirar Fellipe Bastos antes que ele também fosse expulso. João Pedro pode ter feito um gol contando com a sorte, mas exibiu raça no lance e fez uma ótima partida, fazendo ao menos três cruzamentos perfeitos para os companheiros. Valdivia pode ter "apitado" o jogo, mas fez uma grande partida, criando ótimas jogadas e irritando os adversários o tempo todo.

O Grêmio, por sua vez, novamente perdeu a cabeça quando se sentiu prejudicado pelo apitador e não conseguiu mais jogar. Já havia sido assim contra o São Paulo, e hoje novamente. Tendo razão ou não (e hoje o time teve razões de sobra para se sentir prejudicado), precisa corrigir isso rapidamente, um trabalho que Felipão precisará travar dentro do vestiário. São pontos importantes que vão ficando pelo caminho. Fazer um só em dois jogos contra este Palmeiras é muito pouco para quem ambiciona coisas grandes.

Ficha técnica
Campeonato Brasileiro 2014 - 28ª rodada
11/outubro/2014
PALMEIRAS 2 x GRÊMIO 1
Local: Pacaembu, São Paulo (SP)
Árbitro: Sandro Meira Ricci (PE)
Público: 29.353
Renda: R$ 647.130,00
Gols: Barcos (pênalti) 10, Mouche 22 e João Pedro 29 do 2º
Cartão amarelo: Lúcio, Fellipe Bastos, Riveros, Dudu e Ramiro
Expulsão: Barcos 17 do 2º
PALMEIRAS: Fernando Prass (6), João Pedro (7), Lúcio (5,5), Tobio (5,5) e Juninho (5,5) (Mouche, 18 do 2º - 6); Washington (5,5), Wesley (6), Victor Luís (5) e Valdivia (8) (Bernardo, 46 do 2º - sem nota); Cristaldo (6) (Leandro, 35 do 2º - 5,5) e Henrique (5). Técnico: Dorival Júnior
GRÊMIO: Tiago (6), Pará (5), Geromel (6), Bressan (5,5) e Zé Roberto (5,5); Ramiro (4,5), Fellipe Bastos (4,5) (Riveros, 28 do 1º - 5,5), Matías Rodríguez (5) (Lucas Coelho, 26 do 2º - 5) e Alán Ruiz (5) (Giuliano, intervalo - 5,5); Dudu (5) e Barcos (6). Técnico: Luiz Felipe

Comentários

Anônimo disse…
A derrota pro São Paulo foi num jogo parelho, mas nessa o juiz foi decisivo sim. Quando o time está pior e tem o principal jogador de frente expulso de maneira absurda é óbvio que isso encurrala ainda mais a equipe. Sem falar que metade do time foi amarelado porque o juiz apitou na pressão da torcida desde o 1º tempo. Agora além do resultado o time vai com o ataque muito desfalcado contra o Goiás fora.

Não dá para entrar em desespero, mas não se pode aceitar que o juiz faça o que fez e saia como se não fosse nada.
Vicente Fonseca disse…
Exatamente, e essa questão dos desfalques no Serra Dourada ficou pesada mesmo.

Parar de jogar para reclamar é ruim, mas, sinceramente? Prefiro time que se indigna quando se vê prejudicado do que time passivo neste aspecto. Tá faltando apenas achar um equilíbrio maior pra que essa indignação não se volte contra o próprio Grêmio.
Olha, eu não vi o jogo (estava na estrada). Mas me estranha demais que, nos dois últimos jogos do Grêmio contra o Palmeiras fora de casa, o árbitro seja o mesmo cara e, nesses dois confrontos, ele encha o time visitante de cartões amarelos e expulse o principal atacante, a ponto de deixar o visitante psicologicamente instável e sem poder de fogo.

Sandro Meira Ricci é sem dúvidas o melhor árbitro brasileiro hoje. Mas essa coincidência aí...
Vicente Fonseca disse…
Bah, é mesmo! Grande lembrança, Fred. Era ele em 2012. Expulsou o Kleber exageradamente e acabou com as chances do Grêmio naquele dia - acabou 0 a 0.
Sancho disse…
Quando a indignação afeta o futebol, seria melhor acatar passivamente as decisões. É melhor ficar bravo e calmo do que cair em desespero.

Um exemplo, o time de 96 do Scolari, foi garfado impiedosamente na Ilha do Retiro; na cara-dura. Perdeu o jogo, mas o juiz teve que expulsar dois, e ainda parar o Grêmio ao mesmo tempo em que deixava o Sport cobrar rápido uma falta, para que o Sport vencesse. Os jogadores nunca perderam a cabeça.
Sancho disse…
Eu sei que foi roubado por informação de cocheira. Não revelo a fonte, obviamente.