Uma noite "não" dos professores em Recife

Eduardo Baptista e Abel Braga travaram um duelo equilibrado ontem à noite: o de ver qual técnico cometeria mais erros na Arena Pernambuco. As trapalhadas de ambos e o mau futebol apresentado pelos dois times em São Lourenço da Mata só poderiam ter um destino: um 0 a 0 morno, chocho e ruim para ambos. Pior para o Sport, claro, que está atrás na tabela e jogava em casa.

Baptista começou errado, escalando Diego Souza como centroavante fincado. Tirou do meia sua capacidade de partir de trás com bola dominada e arrematar de média distância, suas principais qualidades. Poderia muito bem ter escalado Neto Baiano no comando do ataque, como tanto pedia a torcida, e recuar Diego para jogar em uma mesma linha com Ibson no meio. Mas, apesar do bom trabalho, um defeito grave a trajetória do técnico pernambucano possui: a não-variedade de esquemas. Baptista não abre mão de escalar um time no 4-2-3-1, com dois meias atuando abertos e cumprindo tarefas também defensivas. Assim, não há posição boa para Diego Souza, a menos que custe a vaga de Ibson. E os dois melhores jogadores do time não podem jogar juntos à vontade.

O Inter se aproveitou disso e fez um bom primeiro tempo. Na verdade, nada de mais, mas controlou o Sport e criou as melhores chances, ainda que poucas. Abel voltou ao esquema de dois volantes, mas desta vez Aránguiz foi um deles. D'Alessandro desta vez jogou pela esquerda, Eduardo Sasha pela direita e Alex pelo meio. A equipe funcionou melhor, mas tinha pouco poder de fogo. Seguiu dominando o jogo no segundo tempo. E quando Diego Souza saiu para a entrada de Neto Baiano, outro erro de Eduardo Baptista (por que não sacar Danilo e recuar Diego para jogar na dele?), a vitória parecia até mais perto. Mas, três minutos depois, Abelão retribuiu a gentileza e cometeu um erro ainda mais grave.

A velha mania do técnico colorado de empilhar atacantes em busca de um gol, o que rarissimamente dá certo, já é conhecida. Mas retirar o melhor jogador em campo para isso é sério. D'Alessandro era quem articulava, fazia a engrenagem funcionar. Tirá-lo para colocar Rafael Moura fez o Sport crescer, dominar o jogo e até perder algumas chances vivas de gol, o que não ocorria antes. O Inter só voltou a equilibrar depois do ingresso de Valdívia, que passou a abastecer mais os dois centroavantes. Ainda assim, teria sido melhor com D'Ale. Sem ele, o jogo se arrastou para o 0 a 0.

O resultado não é ruim para o Inter, visto que o Sport havia vencido 8 dos 10 jogos realizados em Recife. No entanto, falar em título já é definitivamente um delírio. O Cruzeiro venceu, aumentou sua vantagem para 11 pontos, o São Paulo ainda está a quatro. Pensando em Libertadores, porém, é um ponto que cai bem. Até porque o Sport, que poderia encostar, segue seis pontos atrás.

Os altos e baixos de Valdivia
Contar com Valdivia já sabemos que não dá, mas o Palmeiras, com seu elenco fraco, não tem escolha. Ontem, o chileno aprontou mais algumas das suas. A equipe perdia do Flamengo por 2 a 0, mas cresceu com sua entrada após o intervalo e chegou ao empate na base da raça, em um golaço cuja participação do talentoso meia foi fundamental. Minutos depois, foi expulso tolamente. O time sentiu sua ausência, mas conseguiu segurar o empate, mas caiu duas posições e está em 18º. A sequência alviverde tem agora Goiás, Vitória, Figueirense, Chapecoense e Botafogo. Só adversários diretos.

O recado de Sheik
Quando Emerson Sheik sai de campo dizendo que a CBF é uma vergonha, fala uma verdade absoluta, que ninguém tem coragem de dizer. Mas também talvez tenha feito para chutar o balde de vez: como a entidade não admite críticas, a punição ao botafoguense será exemplar. Os companheiros de Sheik (não ele) não têm recebido salários, e o time vai de mal a pior. Disse o que disse, também, porque não tem nada a perder. Em campo, a equipe de Vagner Mancini não resistiu ao Bahia com dois homens a menos e tomou uma trágica virada por 3 a 2 em pleno Maracanã. Uma derrota num jogo de seis pontos, que coloca os alvinegros na zona de rebaixamento. Talvez para não sair mais dela.

Tudo de volta à normalidade
O Cruzeiro venceu o Atlético Paranaense. O outro time de Curitiba, o Coxa, bateu o São Paulo de virada por 3 a 1 - e cabia mais. E toda aquela mobilização de domingo no Morumbi de nada adiantou: a vantagem da Raposa sobre o Tricolor Paulista volta a ser de sete pontos.

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