Sem compromisso com as falhas

O Grêmio vem aos poucos se ajeitando e jogando melhor, mas a campanha de Luiz Felipe até aqui é não mais que média: em seis jogos, três vitórias e três derrotas. No entanto, um mérito não pode ser negado ao treinador gremista: ele não tem compromisso com o erro. Jogador que falha seguidamente é retirado do time e dá chance a quem está melhor. Isso explica o aproveitamento de nomes como Fellipe Bastos, Walace, Matheus Biteco e o arquivamento de peças que já receberam chances demais e tiveram rendimento de menos, como Pará.

O novo jogador a perder espaço com o comandante tricolor é o zagueiro Werley. De bom desempenho em 2012, médio em 2013 e sofrível em 2014, o conjunto de erros dele é enorme nesta temporada. Felipão insistiu com o beque por cinco jogos, deu chances até mais do que ele merecia, mas depois da atuação desastrosa diante do Santos parece ter desistido. Não apenas por ter escalado Geromel ao lado de Rhodolfo na vitória sobre o Bahia, mas pelo treino de ontem, no qual testou dois esquemas. No 3-5-2, formaram a zaga Geromel, Rhodolfo e Bressan, este até então esquecido, quase negociado com o futebol inglês. Werley virou a quarta opção para a zaga.

O 3-5-2, aliás, é uma formação que pode trazer bons resultados. É uma pena que Matías Rodríguez esteja suspenso, pois estou curioso para vê-lo adiantado, como ala, com liberdade fazer o que sabe (atacar) e sem tantas obrigações defensivas (onde é desastroso). Neste esquema, Zé Roberto pode ser um excelente ala que compõe também o meio, a exemplo de Matías. Há a desvantagem de prender um pouco os dois volantes, o que subtrai qualidades em nomes como Ramiro e Riveros. Porém, como ambos não jogarão, talvez seja mesmo uma formação boa para encarar o ascendente e empolgado Flamengo num Maracanã por certo lotado (40 mil ingressos já foram vendidos).

Por falar em descompromisso com o erro, a Geral do Grêmio está de parabéns por retirar de seus cantos a palavra "macaco". Não sei se tem a ver com a (exagerada) punição recebida pelo clube no STJD, se foi por uma questão de sobrevivência diante das sanções sofridas ou se a organizada enfim reconheceu que o termo é no mínimo inapropriado (especialmente neste momento em que o Grêmio está marcado pelo que ocorreu com Aranha), mas o fato é que tais cânticos só trariam ainda mais problemas para o clube, e nenhum benefício, por mais que a intenção original alegada seja cornetear o Internacional sem preconceito. Pena que foi tarde demais, mas antes tarde do que nunca. O arrependimento é sempre um gesto de humildade que precisa ser valorizado.

E a mudança de cultura na torcida do Grêmio segue seu curso, e para muito melhor. O clube começa a dar a volta por cima e inicia seu tortuoso e longo caminho para virar um exemplo no futebol brasileiro.

Comentários