Rumo a um time

Para uma seleção que havia tomado dez gols nos últimos dois jogos que havia disputado, encerrar os dois primeiros amistosos pós-Copa sem sofrê-los é um ponto positivo. Verdade que diante do Equador o Brasil teve mais problemas defensivos que na vitória sobre a Colômbia, igualmente por 1 a 0. A Seleção ainda é um esboço de time, está apenas recomeçando após a hecatombe que a atingiu no Mundial, mas venceu seus dois amistosos, ambos contra adversários que não fizeram feio na maior competição do planeta, encerrada dois meses atrás. Não é um começo promissor, mas ao menos é positivo.

Diante do Equador, o que se viu foi um Brasil com a cara do time que Dunga montou entre 2006 e 2010, especialmente em meados de 2009, fase mais consistente daquele trabalho. Um time que sai ganhando e passa a especular nos contra-ataques. Um tipo de jogo reativo em determinados momentos, coisa que a torcida brasileira em geral não aprova, mas que em muitos casos funciona. E uso a palavra "time" pela terceira vez só neste parágrafo para deixar claro que é isso que Dunga está montando no Brasil para 2018. Uma mecânica de jogo de equipe que joga seguidamente. O gol é a prova disso, e um mérito todo dele. Toda jogada ensaiada é um gol que merece 50% do crédito para quem a executa e os outros 50% para o técnico, que a treina. Deu gosto de ver.

Ainda assim, há problemas. A insistência em Oscar como titular pode estar com os dias contados. Em ambos os amistosos, quem o substituiu deixou o time mais criativo ofensivamente. Sexta foi assim com Philippe Coutinho e Éverton Ribeiro, ontem foi com o craque do Cruzeiro e seu companheiro de dia-dia, Ricardo Goulart. O que falta é achar o balanço defensivo para o cobertor não ficar curto. Como Oscar fecha mais espaços, deixa menos buracos atrás. O Equador também cresceu ofensivamente a partir da troca, o que deixou o segundo tempo mais interessante que o primeiro de se assistir, ainda que não tenham saído mais gols.

De todo modo, o Brasil começa sua caminhada de uma forma que aponta para um futuro relativamente seguro em relação às eliminatórias. O medo de muitos (meu, inclusive) de que a Seleção talvez não se classificasse para a Rússia 2018 diminuiu com as vitórias sobre Colômbia e Equador, dois concorrentes diretos por uma vaga no próximo Mundial. Mas é óbvio que é cedo demais, principalmente para soltar um suspiro de alívio. Ontem, jogar esperando o adversário também foi fruto do péssimo gramado do MetLife Stadium (ah, CBF...). A Argentina, daqui a um mês, em Pequim (ah, CBF...), será o grande teste.

Ficha técnica
Amistoso internacional
BRASIL (1): Jefferson; Danilo (Gil), Miranda, Marquinhos e Filipe Luís; Luiz Gustavo (Fernandinho), Ramires (Elias), Willian (Éverton Ribeiro) e Oscar (Ricardo Goulart); Neymar e Diego Tardelli (Philippe Coutinho). Técnico: Dunga
EQUADOR (0): Domínguez; Paredes, Cangá, Erazo e Ayoví; Castillo, Noboa, Ibarra (Martínez), Cazares (Angulo) e Somoza (Rojas); Enner Valencia. Técnico: Sixto Vizuete
Local: MetLife Stadium, East Rutherford (EUA); Data: terça-feira, 09/09/2014; Horário: 22h; Árbitro: Edwin Jurisevic (EUA); Público: 35.975; Gol: Willian 30 do 1º; Cartão amarelo: Erazo; Nota do jogo: 6; Melhor em campo: Miranda

Números do jogo
Finalizações: Brasil 11 x 9 Equador
Chances de gol: Brasil 8 x 4 Equador
Passes errados: Brasil 38 x 22 Equador
Desarmes: Brasil 21 x 28 Equador
Faltas cometidas: Brasil 13 x 15 Equador
Impedimentos: Brasil 1 x 0 Equador
Escanteios: Brasil 1 x 1 Equador
Posse de bola: Brasil 54% x 46% Equador
Análise: os números mostram uma partida equilibrada, com leve superioridade brasileira. O alto número de passes errados do time de Dunga pode ser atenuado pelo gramado ruim, que prejudica quem tenta tocar mais a bola.

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