Projeção das brigas para o returno

O Campeonato Brasileiro chegou à sua metade neste domingo, e a ultrapassará nesta quarta-feira. Se normalmente dizemos que o turno serve para definir quem briga pelo quê, o returno serve para que essas brigas de fato transcorram. Claro que sempre pode haver uma arrancada ou uma queda brusca, mas vamos tratar aqui de projetar como estas disputas devem se dar, pelo que os times já apresentaram, pelo que vêm apresentando e pelo que poderão apresentar.

Cruzeiro (1º colocado, 43 pontos): favoritíssimo ao título. Só perderá o bicampeonato se oscilar demais de desempenho, algo que não vem ocorrendo nos últimos 20 meses, e o São Paulo mantiver o alto nível de suas atuações.

São Paulo (2º, 36): deve chegar à Libertadores e é o principal candidato a estragar a festa do Cruzeiro, pois vem jogando em altíssimo nível e não terá competições paralelas para tirar o seu foco do Brasileirão. O grupo, além disso, é muito forte do meio para a frente. Se bater a Raposa neste domingo, reabrirá o campeonato.

Internacional (3º, 34): a queda recente praticamente inviabiliza buscar o Cruzeiro. Pelo que vem mostrando, o Colorado precisa é olhar para trás, pois sua queda de desempenho brusca nas últimas cinco rodadas pode lhe custar a vaga na Libertadores, já que há times fora do G-4 que vêm crescendo. O grupo é bom, mas há veteranos demais, o que pode pesar no returno, onde os times costumam chegar cansados. O foco, ao menos, será todo no Brasileiro.

Corinthians (4º, 33): pelo grupo que tem e pela regularidade de resultados, há condições de sobra de chegar entre os quatro primeiros. Há dois problemas, porém: o curioso apreço por empates (que vem desde o ano passado) e a concomitância da disputa da Copa do Brasil, onde é um dos principais candidatos ao título.

Fluminense (5º, 31): tem elenco para brigar por Libertadores, mas a inconstância tem sido a marca da equipe ao longo de toda a temporada. Há condições de uma grande campanha, mas não é a tendência.

Grêmio (6º, 31): é um dos principais candidatos a chegar na Libertadores. Se no turno, apesar dos inúmeros problemas (abalo por derrota em Gre-Nal e eliminação na Libertadores, troca de técnico), chegou a 31 pontos, com o bom grupo que tem e o time acertado após a chegada de Felipão, com atuações consistentes desde então, pode tranquilamente fazer 34 ou 35 no returno, chegando a 65 ou 66, o que certamente lhe daria uma vaga. As quedas recentes de Inter e Fluminense reforçam as esperanças.

Atlético-MG (7º, 30): situação semelhante à do Grêmio. Passou por maus bocados no começo do campeonato, por motivos semelhantes aos do Tricolor Gaúcho, mas vem mostrando um bom futebol e já está pertinho do G-4. Tem igualmente um bom grupo de jogadores, capaz de lhe dar uma campanha ainda melhor no returno, com o consistente trabalho de Levir Culpi. Só a possibilidade de ganhar a Copa do Brasil pode fazer, quem sabe, a equipe perder um pouco da concentração na dura briga por vaga na Libertadores.

Sport (8º, 28): o objetivo inicial de todo time que sobe já foi cumprido - escapar do rebaixamento. O Sport nunca correu riscos e nem os correrá este ano, pois é uma equipe muito regular. Para conseguir algo mais e voltar à Libertadores, porém, precisaria de uma arrancada forte, como a do Vitória de 2013. Com tantos concorrentes fortes à frente, é improvável.

Santos (9º, 26): com um time médio, o Peixe deve priorizar a Copa do Brasil e se manter no meio da tabela, levando o Brasileirão em banho-maria.

Flamengo (10º, 25): o Flamengo já deixou a ponta de baixo e, pela consistência adquirida com Luxemburgo, não deve mais frequentá-la. Ir além disso e brigar por G-4, porém, é inviável pela falta de qualidade do elenco. Com o América-RN pela frente nas quartas de final, a Copa do Brasil deve ser a prioridade até dezembro.

Atlético-PR (11º, 25): sem a Copa do Brasil, o Atlético-PR é um dos times com menos perspectivas para esta fase final da temporada. Não corre risco de cair, mas está longe do G-4. Se for forte na Arena da Baixada, porém, ainda pode incomodar alguns dos grandes e, quem sabe, com uma boa dose de sorte, brigar perto do G-4. Mas é difícil.

Figueirense (12º, 24): a briga segue sendo contra o rebaixamento, e será assim até que o time chegue aos mágicos 45 pontos. Meio de tabela já é vitória para o Figueira, que foi saco de pancadas no início da competição.

Goiás (13º, 24): o Goiás fez 20 pontos nas primeiras 12 rodadas, e apenas 4 nas últimas 7. Em queda livre e com um elenco jovem demais, é candidato ao rebaixamento.

Botafogo (14º, 22): enquanto a crise financeira continuar, a briga será para não cair. Há grupo para algo melhor, mas ter de focar no extracampo complica demais a vida de qualquer jogador, que dirá de um elenco inteiro.

Chapecoense (15º, 20): equipe de orçamento mais modesto da primeira divisão, a Chapecoense inevitavelmente brigará contra o descenso até o final da competição. Com um bom desempenho em casa e beliscando uns pontinhos fora, pode conseguir. Ainda assim, se dobrar a sua pontuação e fizer 40, tem boas chances de ser rebaixada. É preciso melhorar, e olha que não foi fácil chegar a esses 20 pontos atuais.

Palmeiras (16º, 19): com pontuação baixa e elenco mais fraco do que pede a grandeza do clube, o Palmeiras é um evidente candidato a sofrer até o final. A esperança é o histórico dos grandes quando estão nesta situação, de pontuarem um pouco mais no returno. Se na base da raça e da camiseta o time fizer uns 25 pontos, deve escapar. Mas não sem uma boa dose de sofrimento.

Criciúma (17º, 19): com um ataque fraquíssimo e uma das piores defesas do campeonato, o Criciúma precisa começar a ganhar mais jogos em casa. Do jeito que está, vai ser rebaixado. Mesmo diante das limitações orçamentárias, o primeiro turno foi abaixo das expectativas e necessidades.

Coritiba (18º, 17): situação muito complicada. Nos dois anos em que caiu recentemente (2005 e 2009), o Coxa parece que desceu de paraquedas na zona de rebaixamento, sempre ao final do certame e de forma relativamente surpreendente. Sofrer por várias rodadas entre os quatro últimos é uma sensação a qual o clube não está acostumado. Precisa melhorar bastante para escapar. Com Zé Love na ataque, as perspectivas não animam.

Bahia (19º, 17): dos quatro últimos atualmente, o Bahia é o que tem jogado melhor e obtido mais resultados consistentes. Ainda assim, não é o suficiente para ser considerado um time em crescimento e com potencial para sair lá de baixo. A equipe de Gílson Kleina parou de perder e de tomar gols em abundância. Precisa agora fazer a segunda parte, que é ganhar e marcar tentos. E precisa disso rápido.

Vitória (20º, 15): atual lanterna, o Vitória é o principal candidato ao rebaixamento. Não pelo grupo, e não só pela pontuação. O rubro-negro baiano vem mal desde o começo do ano, não foi bem em nenhuma competição que disputou, não ganha em casa e apanha fora. Precisa dobrar sua pontuação para escapar, mas não deu em toda a temporada pinta nenhuma de que tem condições para isso.

RESUMO DAS DISPUTAS
Título: Cruzeiro e São Paulo
Libertadores: Internacional, Corinthians, Fluminense, Grêmio e Atlético-MG
Rebaixamento: Figueirense, Goiás, Botafogo, Chapecoense, Palmeiras, Criciúma, Coritiba, Bahia e Vitória
Pouco a disputar: Sport, Santos, Flamengo e Atlético-PR

Comentários