Pouco de amistoso, muito de revanche
O pós-Copa tem nos brindado com alguns amistosos que são amistosos, mesmo, só no nome. Pura e maravilhosa coincidência, pois foram marcados antes do Mundial. Além da final entre Alemanha e Argentina, reprisada em Düsseldorf na última quarta-feira, Brasil e Colômbia fizeram um jogo cheio de ingredientes de revanche em Miami. Porém, ao contrário do duelo dos finalistas, desta vez havia motivos para os dois lados pensarem em vingança. Afinal, foi o Brasil quem eliminou os colombianos do Mundial, mas também foi um jogador da Colômbia quem tirou o principal craque brasileiro da Copa.
O tempero do clássico já começou no cara-e-coroa: Neymar e Zúñiga eram os capitães. O 10 brasileiro já havia perdoado o colombiano ao desafiá-lo a tomar o banho de água gelada na campanha contra a ELA, mas o abraço de ambos após o sorteio da moedinha deixou claro que a entrada violenta do bom lateral colombiano no jogador do Barça faz parte do passado. Porém, as carícias terminaram por ali. Embora sem violência, Zúñiga foi novamente um perseguidor ferrenho de Neymar em campo. Faz parte de sua função: embora seja um lateral de grande qualidade e vigor no apoio, é ele o encarregado de pegar o ponta esquerda adversário - no caso, Neymar.
O jogo, claro, não se resumiu a este duelo. Com ambos os lados nutrindo motivos para uma rivalidade, Brasil e Colômbia fizeram um jogo extremamente disputado. A rispidez se viu favorecida diante da insegura arbitragem do canadense David Gantar, um árbitro escalado para um amistoso, mas que se viu diante de um jogo muito mais relevante que isso. Tanto que se viu obrigado a expulsar Cuadrado (cartões vermelhos em amistosos são raros), amarelou ao não dar dado vermelho também a Teo Gutiérrez, isso sem falar nas diversas advertências com cartão amarelo que foi obrigado a usar para recuperar um pouco do controle que perdeu do jogo. Suas conversinhas com atletas para tomar fôlego foram igualmente constrangedoras.
Na bola, o Brasil mereceu a vitória. Num estádio quase que inteiramente lotado por colombianos (embora sem o fator local de um Campín ou Atanasio Girardot), a Seleção teve o aguerrimento e combatividade que se espera de um time comandado por Dunga, e que tanto faltou durante a Copa do Mundo. Diante de um adversário tecnicamente equivalente e bem mais entrosado (e que portanto tinha certo favoritismo), o Brasil foi humilde. A marcação aos ótimas meias e atacantes foi ferrenha. James Rodríguez e Cuadrado foram bem vigiados, Martínez e Gutiérrez pouco abastecidos. A utilização de Neymar e Willian bem abertos dificultou a saída dos laterais.
Faltou, mais uma vez, criação. Oscar foi novamente insuficiente (sua tentativa de bico de direita quando o melhor era bater de esquerda denota falta de recursos, o que é grave para um atleta de alto nível) e, como eu já dizia na Copa, Phillippe Coutinho tinha tudo para dar uma resposta melhor. Mais movediço, aproveitou bem os espaços deixados após a expulsão de Cuadrado, quando o domínio brasileiro passou a ser completo. O time ainda segue dependente de Neymar, mas Diego Tardelli deu mostras de que pode ser um bom companheiro de ataque, mais rápido e inteligente que Fred, sem falar nas opções que dá, especialmente pela experiência de atuar também como ponta e meia no Atlético-MG. Éverton Ribeiro é outro que entrou com personalidade e merece mais chances. Na esquerda, Filipe Luís deu mais consistência que Marcelo. Miranda foi soberano na defesa (que falta fez na Copa!) e David Luiz, desta vez, simplificou e não quis aparecer e bancar o herói nacional.
Foi um jogo que remeteu à Copa de 2014 e projetou as eliminatórias de 2018. E o time de Dunga saiu aprovado deste primeiro teste. Porque o caminho até a Rússia será repleto de jogos como o de ontem, contra adversários duríssimos. A escolha da Colômbia como primeira adversária após o desastre de Belo Horizonte (e Brasília) foi acertada. E a atuação comprometida e firme do Brasil dá esperança de que as eliminatórias não sejam a tragédia que todos ainda imaginamos que possa ser.
Ficha técnica
Amistoso internacional
BRASIL (1): Jefferson; Maicon, Miranda, David Luiz (Marquinhos) e Filipe Luís; Ramires (Fernandinho), Luiz Gustavo (Elias), Willian (Éverton Ribeiro) e Oscar (Phillippe Coutinho); Neymar e Diego Tardelli (Robinho). Técnico: Dunga
COLÔMBIA (0): Ospina; Zúñiga (Mejía), Zapata, Valdés e Armero; Ramírez (Arias), Sánchez (Ramos), Cuadrado e Rodríguez (Falcao); Martínez (Guarín) e Gutiérrez (Bacca). Técnico: José Pekerman
Local: Sun Life, Miami (EUA); Data: sexta-feira, 05/09/2014; Horário: 22h; Árbitro: David Gantar (CAN); Público: 73.479; Gol: Neymar 37 do 2º; Cartão amarelo: Ramires, Luiz Gustavo, Valdés, Zúñiga e Gutiérrez; Expulsão: Cuadrado; Nota do jogo: 6; Melhor em campo: Neymar
Números do jogo
Finalizações: Brasil 14 x 9 Colômbia
Chances de gol: Brasil 9 x 4 Colômbia
Passes errados: Brasil 38 x 18 Colômbia
Desarmes: Brasil 15 x 18 Colômbia
Faltas cometidas: Brasil 17 x 15 Colômbia
Impedimentos: Brasil 3 x 0 Colômbia
Escanteios: Brasil 8 x 2 Colômbia
Posse de bola: Brasil 56% x 44% Colômbia
Análise: os números mostram domínio brasileiro, mas ele só ocorreu após a expulsão de Cuadrado. Antes disso, a partida era bem mais equilibrada. Na verdade, o Brasil poderia ter pressionado a Colômbia ainda mais, mas teve enormes dificuldades devido ao altíssimo número de passes errados.
O tempero do clássico já começou no cara-e-coroa: Neymar e Zúñiga eram os capitães. O 10 brasileiro já havia perdoado o colombiano ao desafiá-lo a tomar o banho de água gelada na campanha contra a ELA, mas o abraço de ambos após o sorteio da moedinha deixou claro que a entrada violenta do bom lateral colombiano no jogador do Barça faz parte do passado. Porém, as carícias terminaram por ali. Embora sem violência, Zúñiga foi novamente um perseguidor ferrenho de Neymar em campo. Faz parte de sua função: embora seja um lateral de grande qualidade e vigor no apoio, é ele o encarregado de pegar o ponta esquerda adversário - no caso, Neymar.
O jogo, claro, não se resumiu a este duelo. Com ambos os lados nutrindo motivos para uma rivalidade, Brasil e Colômbia fizeram um jogo extremamente disputado. A rispidez se viu favorecida diante da insegura arbitragem do canadense David Gantar, um árbitro escalado para um amistoso, mas que se viu diante de um jogo muito mais relevante que isso. Tanto que se viu obrigado a expulsar Cuadrado (cartões vermelhos em amistosos são raros), amarelou ao não dar dado vermelho também a Teo Gutiérrez, isso sem falar nas diversas advertências com cartão amarelo que foi obrigado a usar para recuperar um pouco do controle que perdeu do jogo. Suas conversinhas com atletas para tomar fôlego foram igualmente constrangedoras.
Na bola, o Brasil mereceu a vitória. Num estádio quase que inteiramente lotado por colombianos (embora sem o fator local de um Campín ou Atanasio Girardot), a Seleção teve o aguerrimento e combatividade que se espera de um time comandado por Dunga, e que tanto faltou durante a Copa do Mundo. Diante de um adversário tecnicamente equivalente e bem mais entrosado (e que portanto tinha certo favoritismo), o Brasil foi humilde. A marcação aos ótimas meias e atacantes foi ferrenha. James Rodríguez e Cuadrado foram bem vigiados, Martínez e Gutiérrez pouco abastecidos. A utilização de Neymar e Willian bem abertos dificultou a saída dos laterais.
Faltou, mais uma vez, criação. Oscar foi novamente insuficiente (sua tentativa de bico de direita quando o melhor era bater de esquerda denota falta de recursos, o que é grave para um atleta de alto nível) e, como eu já dizia na Copa, Phillippe Coutinho tinha tudo para dar uma resposta melhor. Mais movediço, aproveitou bem os espaços deixados após a expulsão de Cuadrado, quando o domínio brasileiro passou a ser completo. O time ainda segue dependente de Neymar, mas Diego Tardelli deu mostras de que pode ser um bom companheiro de ataque, mais rápido e inteligente que Fred, sem falar nas opções que dá, especialmente pela experiência de atuar também como ponta e meia no Atlético-MG. Éverton Ribeiro é outro que entrou com personalidade e merece mais chances. Na esquerda, Filipe Luís deu mais consistência que Marcelo. Miranda foi soberano na defesa (que falta fez na Copa!) e David Luiz, desta vez, simplificou e não quis aparecer e bancar o herói nacional.
Foi um jogo que remeteu à Copa de 2014 e projetou as eliminatórias de 2018. E o time de Dunga saiu aprovado deste primeiro teste. Porque o caminho até a Rússia será repleto de jogos como o de ontem, contra adversários duríssimos. A escolha da Colômbia como primeira adversária após o desastre de Belo Horizonte (e Brasília) foi acertada. E a atuação comprometida e firme do Brasil dá esperança de que as eliminatórias não sejam a tragédia que todos ainda imaginamos que possa ser.
Ficha técnica
Amistoso internacional
BRASIL (1): Jefferson; Maicon, Miranda, David Luiz (Marquinhos) e Filipe Luís; Ramires (Fernandinho), Luiz Gustavo (Elias), Willian (Éverton Ribeiro) e Oscar (Phillippe Coutinho); Neymar e Diego Tardelli (Robinho). Técnico: Dunga
COLÔMBIA (0): Ospina; Zúñiga (Mejía), Zapata, Valdés e Armero; Ramírez (Arias), Sánchez (Ramos), Cuadrado e Rodríguez (Falcao); Martínez (Guarín) e Gutiérrez (Bacca). Técnico: José Pekerman
Local: Sun Life, Miami (EUA); Data: sexta-feira, 05/09/2014; Horário: 22h; Árbitro: David Gantar (CAN); Público: 73.479; Gol: Neymar 37 do 2º; Cartão amarelo: Ramires, Luiz Gustavo, Valdés, Zúñiga e Gutiérrez; Expulsão: Cuadrado; Nota do jogo: 6; Melhor em campo: Neymar
Números do jogo
Finalizações: Brasil 14 x 9 Colômbia
Chances de gol: Brasil 9 x 4 Colômbia
Passes errados: Brasil 38 x 18 Colômbia
Desarmes: Brasil 15 x 18 Colômbia
Faltas cometidas: Brasil 17 x 15 Colômbia
Impedimentos: Brasil 3 x 0 Colômbia
Escanteios: Brasil 8 x 2 Colômbia
Posse de bola: Brasil 56% x 44% Colômbia
Análise: os números mostram domínio brasileiro, mas ele só ocorreu após a expulsão de Cuadrado. Antes disso, a partida era bem mais equilibrada. Na verdade, o Brasil poderia ter pressionado a Colômbia ainda mais, mas teve enormes dificuldades devido ao altíssimo número de passes errados.
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