Autoridade de lanterna

Não há outra palavra para definir o final de domingo do Palmeiras senão desastre. Isso que os resultados paralelos não foram lá tão ruins: o Vitória ganhou, mas o Bahia perdeu; Chapecoense e Figueirense foram derrotados; o Coritiba perdeu para o Sport; Criciúma e Botafogo empataram, o típico "morreram abraçados". Ainda assim, esses pontinhos perdidos de alguns dos adversários de tabela colocaram o Alviverde na lanterna do campeonato ao entrar em campo no Serra Dourada. Uma lanterna que parecia um tanto artificial, pois uma vitória colocaria o time em 14º lugar. Mas só parecia artificial.

Em 6 minutos o time já perdia por 1 a 0, e desabou de vez. A campanha neste Brasileirão vem sendo péssima desde o começo, mas um grande desastre ainda não havia ocorrido. Ele veio de forma categórica. O Goiás está em 10º lugar, mas é um dos times mais fracos do Campeonato Brasileiro. Duvida? Pega a escalação do 1 ao 11 que entrou em campo hoje: Renan; Moisés, Jackson, Pedro Henrique e Léo Veloso; Amaral, Thiago Mendes, David e Ramon; Esquerdinha e Erik. Quem não é mau jogador é jovem demais, ou está na descendente. Pois foi este time medíocre que enfiou 6 a 0 no Palmeiras no Serra Dourada.

A culpa não é de Dorival Júnior. Claro, improvisar Juninho no meio foi uma invenção, mas ela não explica o fiasco em Goiânia. O goleiro que está no banco, por exemplo, é sempre o melhor. Depois de Fábio levar um frango por rodada, entrou Deola, que espalmou uma bola contra o próprio gol ontem. Lúcio e Victorino, zagueiros experientes e com semifinal de Copa do Mundo no currículo, formam uma zaga lenta demais, e que joga exposta demais, pois o meio é desorganizado. E o ataque, bem... Diogo comemorou seu primeiro gol pelo clube contra o Flamengo, quarta passada. Basta dizer isso.

O Palmeiras ainda não tinha terminado uma rodada na lanterna, mas o fez nesta rodada para não deixar dúvidas. A equipe vinha jogando bem, até: contra o Fluminense, um 3 a 0 enganoso; contra o Flamengo, uma reação em busca do 2 a 2. Mas hoje os erros seguiram os mesmos (gols tomados no começo, principalmente), se multiplicaram e nada deu certo. Dorival fez três trocas no intervalo, quando o placar era de 4 a 0, mas no segundo minuto da etapa final a equipe tomou o quinto. Um verdadeiro desastre tem, claro, uma dose de azar também.

E a primeira partida da série de jogos contra rivais diretos transcorreu, para o Verdão,da pior forma possível. O ideal neste momento era a equipe paulista estancar a crise, buscar empatezinhos estratégicos, para depois pensar em ganhar alguns jogos, já mais organizado. Porém, como os próximos jogos são contra Vitória, Figueirense, Chapecoense e Botafogo, esta escolha simplesmente não existe. Pela tabela, é preciso vencer jogos agora, pois perdendo os rivais crescem, fora que depois é que virão as pedreiras todas. Um verdadeiro pesadelo, que só não é pior porque a briga lá embaixo é extremamente equilibrada. O Palmeiras segue dois pontinhos atrás do Vitória, 14º colocado, e o ultrapassará se vencer o jogo da próxima quinta. O problema é justamente vencer.

O Cruzeiro e o resto
O Cruzeiro dominou o Atlético Mineiro na maior parte do clássico, mas perdeu porque não teve a mesma eficiência do rival. Carlos, menino promissor que colocou Jô e André sentado no banco, foi o grande herói da tarde no Mineirão. O resultado não tira da Raposa o favoritismo absoluto ao título, até porque o São Paulo também perdeu, pelos mesmos 3 a 2, para o Corinthians.

Na turma de cima, há hoje dois blocos. O Cruzeiro, com 49, forma o primeiro. E do São Paulo (2º, 42) ao Sport (8º, 35) temos o outro, dos times que brigam por Libertadores. O Tricolor Paulista, com mais uma derrota, já está ao alcance do Grêmio (5º, 39), que segue subindo rodada após rodada. A briga, que já foi de quatro times para duas vagas, hoje tem sete brigando por três. O Galo, aliás, é outro que poderá terminar a rodada que vem no G-4, dependendo dos resultados paralelos.

Mais uma "goleada"
O Grêmio entrou em campo precisando vencer, pois os resultados paralelos dos jogos das 16h não colaboraram. Fez isso cedo, com um gol de Dudu (melhor jogador em campo), e passou a jogar como gosta: contra-atacando. Era o prenúncio de uma goleada que não veio por conta do velho problema do time de Luiz Felipe: a definição de jogadas. Foram tantos contragolpes perdidos que um jogo que tinha tudo para ser definido com facilidade virou drama nos minutos finais. Mas, apesar disso, a partida esteve quase sempre sob controle e a vitória foi merecida. Agora, o negócio é buscar pontos nos dois jogos no Maracanã. Não perder para o Fluminense já será um belo resultado.

Comentários

Lique disse…
insisto que a grande diferença entre o grêmio e o cruzeiro é a eficiência ao fazer gols. por que a defesa do grêmio, desde a saída do werley, é sólida.

os gols decisivos da raposa vêm de bolas paradas. depois, saindo na boa, demonstra, sim, muitas vezes, um entrosamento de harlem globetrotters. mas isso só se dá quando o jogo fica fácil, eles fazem isso nos contra-ataques mortais e fazem com maestria.

o grêmio, contra o santos, na CB, teve quase 20 escanteios, nenhuma cabeçada a gol. perdeu por 2 a 0, um gol de bola parada, um de contragolpe.

e hoje contra a chapecoense, teve 54 contra-ataques, não matou o jogo e correu riscos enormes no final.

é aí que mora a grande diferença, que fará do cruzeiro campeão de novo e do grêmio um coadjuvante. falta treino, entrosamento e tranquilidade na conclusão.
Vicente Fonseca disse…
Eu concordo plenamente. E não diria nem que falta entrosamento, até porque os atacantes se acham em campo (jogam juntos há meses, e o passe do Barcos pro Luan no gol do Dudu é de quem sabe onde estará o companheiro em campo), mas sim tranquilidade. Esse é o grande ponto. O atacante do Grêmio, tirando o Barcos, parece que vê um monstro quando o goleiro adversário fica cara a cara.

Ah, e falta um bom cara de bolas paradas neste time. Fellipe Bastos não disse a que veio neste sentido, e Zé Roberto nunca bateu falta. Sobrevive como batedor até hoje por causa daquele gol no Barcelona de Guayaquil.