Um bom começo

Gostei bastante da primeira convocação da IV Era Dunga. Seleção brasileira é o lugar dos melhores, e a melhor forma de renová-la e colocar gente experiente com as novidades, mesclando paulatinamente estes grupos de jogadores, e não enchê-la de jovens de uma vez só. O novo técnico do Brasil chamou 10 jogadores que disputaram a última Copa, trouxe atletas que mereciam lugar no Mundial mas ficaram de fora e jogadores que estão em alta no futebol nacional. Não houve crucificação em praça pública de quem esteve no 7 a 1, nem uma queda naquele clamor de renovar e colocar sangue novo a qualquer custo. Uma boa mistura para começar a conversa.

Alguns jogadores encerraram o ciclo na Copa, ao que parece: Júlio César, Daniel Alves e Fred, principalmente. Marcelo foi ausência para um teste com Filipe Luís, e Alex Sandro é um dos jovens valores que recebem a oportunidade, neste caso na lateral esquerda. Thiago Silva, lesionado, abre espaço para uma tentativa com Gil, que vem fazendo um ótimo Brasileirão no Corinthians. A vez na titularidade, porém, parece ser mesmo de Miranda, o maior injustiçado de todos os que ficaram de fora do Brasil 2014.

A presença de Éverton Ribeiro e Ricardo Goulart é igualmente merecida. O que ambos vêm jogando pelo Cruzeiro há mais de um ano é absolutamente digno de chance, além de ser uma forma de valorizar quem vem jogando aqui no Brasil, como no caso de Gil. O mesmo vale para Diego Tardelli, que pode não ser centroavante de ofício como é Fred, mas jogou muito mais que o 9 do Flu nos últimos 18 meses pelo Galo. Também do meio para a frente, a chamada de Phillippe Coutinho é mais que merecida. Além de ser tecnicamente um jogador até superior ao titular da função na Copa (Oscar, também chamado), fez uma ótima temporada pelo Liverpool. Em cada jogo que víamos o Brasil carecer de criatividade na Copa, ele fez falta.

Algumas posições é que seguem sem grandes alternativas sequer para apostas, indício claro de nossa crise de opções válidas. É o caso do gol, onde o experiente Jefferson segue como opção, ao lado de Rafael Cabral, ex-Santos, hoje no Napoli. Na lateral direita, a presença de Maicon é a cara de um país que não forma mais jogadores para uma função a qual já foi o maior fornecedor mundial (será que os jovens Mayke ou Cláudio Winck não mereciam uma chance para ao menos um teste?). E centroavante? Nenhum foi convocado. Será que Dunga está pensando a Seleção sem um 9 de ofício? Será opção de esquema ou falta de gente boa? Perguntas que começarão a ser respondidas após os jogos contra Colômbia e Equador.

O primeiro passo na remontagem da Seleção foi bem dado: o Brasil fará apostas mesclando-as com gente com vivência com a camisa amarela, que é a melhor forma de realizar esse processo. Ao mesmo tempo, ninguém está aí por ser jovem promissor, mas sim por ser realidade. Muitos são apostas não por idade, mas por serem convocados inéditos. Dunga respeitou a necessidade de incluir gente mais velha e o momento como dois critérios fundamentais, e isso é um tremendo acerto. Não dá pensar em 2018 sem pensar em 2015, 2016 e 2017, e encher o time de jovens de uma vez só é uma grande ilusão, pois atrasa esse processo em vez de adiantá-lo.

Resta ver se Dunga não vai cair em dois velhos erros ao longo desta caminhada: apostar em gente demais e demorar a formar time (caso de Mano Menezes) ou achar um time e não abrir mais espaço nele para quem venha em momento melhor (caso dele próprio, em 2010).

Comentários

Lique disse…
ainda sinto falta do lucas do psg. acho que ele deveria ter ido pra copa e acho que ele tem lugar na seleção.