Travesseiro de luxo
Pode-se alegar que o Internacional não joga um futebol brilhante, mas sua eficiência é inegável. Contra o Goiás, o Colorado ganhou pela quinta vez seguida no Campeonato Brasileiro. A equipe não sofreu gols em nenhuma das partidas desta sequência - há 531 minutos não sabe o que é tomá-los no principal certame nacional. O time de Abel Braga dormirá hoje na liderança por conta de sua implacável sequência. Entrou como favorito em todos os últimos cinco jogos e venceu todos, prova de sua solidez e maturidade como equipe.
De nada adiantou o Goiás conseguir um efeito suspensivo que lhe desse o direito de jogar no Serra Dourada. Na prática, o que se viu foi um campo neutro: um estádio imenso com apenas 4 mil lugares ocupados. Em campo, o mandante foi o Inter. Foram 11 chutes a gol contra 6 do Goiás, mas muito mais do que isso: a iniciativa do jogo foi sempre colorada. A estratégia goiana é correta: como o time esmeraldino é tecnicamente fraquíssimo e não tem nenhum meia que ao menos seja razoável, o negócio é se apoiar na boa defesa de sua equipe e apostar nos contra-ataques.
O Inter começou muito melhor, fazendo o que sabe fazer bem: girar o jogo até abrir espaços para alguma infiltração pelos lados. Como Aránguiz e D'Alessandro estiveram discretos, este papel coube aos alas. No caso, a dupla Fabrício-Alex era de onde saía algo de interessante. Um velho problema, porém, se fez presente: a equipe gaúcha chutava pouco a gol. Diante de uma zaga fechada, o Inter não teve a paciência necessária e passou a rifar a bola no primeiro tempo. Aos poucos o Goiás foi tendo chances em velocidade, especialmente com Erik. Um típico atacante jovem brasileiro: cheio de velocidade, mas nenhum acabamento. As boas saídas de trás de Thiago Mendes eram o destaque do time da casa.
Sem a necessidade de ter dois volantes protegendo a zaga, Abel mexeu bem no intervalo. Ygor, a exemplo de Fortaleza, fazia um mau jogo. Não conseguia acompanhar a movimentação de Thiago Mendes e errava demais na saída de bola (ele e Wellington), um problema que o Inter vem apresentando há algum tempo. A equipe só não tomou um gol nos contra-ataques esmeraldinos porque faltou qualidade de finalização ao Goiás e porque Juan e Ernando foram perfeitos sempre na cobertura.
Com Jorge Henrique, o Inter passou a ter mais mobilidade. Velocidade de execução é sempre uma arma importante para abrir espaços em zagas fechadas, e foi o que faltou ao Colorado no primeiro tempo. Com mais gente para trocar passes ofensivamente, o time gaúcho ocupou o campo adversário e fez ótimos 20 minutos iniciais no segundo tempo, tornando o gol uma questão de tempo. Ele viria, porém, aos 31, em mais uma escapada pelo lado, com Fabrício, num momento em que o Goiás já equilibrava o jogo. Com o gol, era praticamente impossível não vencer. A inoperância goiana é tal que o time não teve nenhuma chance de empatar.
Dormir na liderança é importante e simbólico, mas o principal neste momento, faltando 23 longas rodadas para o final, é jogar pressão sobre o Cruzeiro e, principalmente, fixar um lugar no G-4. O Inter não sairá da zona da Libertadores nas próximas duas rodadas, pelo menos, e pode abrir uma vantagem ainda mais substancial se vencer o São Paulo, quarta, no Beira-Rio, um jogo importantíssimo e que merece arquibancadas lotadas. A equipe de Abelão não é brilhante, não tem um elenco tão bom quanto em outros anos em que bateu na trave no Brasileiro, mas é sólida, segura, sabe o que quer, tem ótimos meias e é capaz de executar jogadas variadas, especialmente pelos lados. Um time que literalmente vem chegando pelas beiradas.
Lembrando: o Fluminense de 2012, o São Paulo de 2008 e o Corinthians de 2011, entre outros, ganharam vários jogos deste mesmo modo, sem encantar, mas sem correr riscos. Também assim se ganha o Brasileiro, não só encantando como o Cruzeiro - que ainda é o maior favorito e deve voltar à liderança amanhã.
Ficha técnica
Campeonato Brasileiro 2014 - 15ª rodada
16/agosto/2014
GOIÁS 0 x INTERNACIONAL 1
Local: Serra Dourada, Goiânia (GO)
Árbitro: Émerson de Almeida Ferreira (MG)
Público: 4.256
Renda: R$ 163.620,00
Gol: Pedrão (contra) 32 do 2º
Cartão amarelo: Bruno Mineiro e Wellington
GOIÁS: Renan (6), Valmir Lucas (4,5), Felipe Macedo (5,5), Pedrão (4,5) e Lima (5); Amaral (5,5), David (5), Thiago Mendes (6) (Tiago Real, 38 do 2º - sem nota) e Murilo (4,5) (Assuério, 34 do 2º - sem nota); Erik (5,5) e Bruno Mineiro (4,5) (Samuel, 15 do 2º - 5). Técnico: Ricardo Drubscky
INTERNACIONAL: Dida (5,5), Cláudio Winck (5,5), Ernando (6,5), Juan (6) e Fabrício (6,5); Ygor (4,5) (Jorge Henrique, intervalo - 5,5), Wellington (5,5), Aránguiz (5,5), D'Alessandro (5,5) e Alex (6) (Leandro, 27 do 2º - 5); Rafael Moura (5) (Bertotto, 39 do 2º - sem nota). Técnico: Abel Braga
De nada adiantou o Goiás conseguir um efeito suspensivo que lhe desse o direito de jogar no Serra Dourada. Na prática, o que se viu foi um campo neutro: um estádio imenso com apenas 4 mil lugares ocupados. Em campo, o mandante foi o Inter. Foram 11 chutes a gol contra 6 do Goiás, mas muito mais do que isso: a iniciativa do jogo foi sempre colorada. A estratégia goiana é correta: como o time esmeraldino é tecnicamente fraquíssimo e não tem nenhum meia que ao menos seja razoável, o negócio é se apoiar na boa defesa de sua equipe e apostar nos contra-ataques.
O Inter começou muito melhor, fazendo o que sabe fazer bem: girar o jogo até abrir espaços para alguma infiltração pelos lados. Como Aránguiz e D'Alessandro estiveram discretos, este papel coube aos alas. No caso, a dupla Fabrício-Alex era de onde saía algo de interessante. Um velho problema, porém, se fez presente: a equipe gaúcha chutava pouco a gol. Diante de uma zaga fechada, o Inter não teve a paciência necessária e passou a rifar a bola no primeiro tempo. Aos poucos o Goiás foi tendo chances em velocidade, especialmente com Erik. Um típico atacante jovem brasileiro: cheio de velocidade, mas nenhum acabamento. As boas saídas de trás de Thiago Mendes eram o destaque do time da casa.
Sem a necessidade de ter dois volantes protegendo a zaga, Abel mexeu bem no intervalo. Ygor, a exemplo de Fortaleza, fazia um mau jogo. Não conseguia acompanhar a movimentação de Thiago Mendes e errava demais na saída de bola (ele e Wellington), um problema que o Inter vem apresentando há algum tempo. A equipe só não tomou um gol nos contra-ataques esmeraldinos porque faltou qualidade de finalização ao Goiás e porque Juan e Ernando foram perfeitos sempre na cobertura.
Com Jorge Henrique, o Inter passou a ter mais mobilidade. Velocidade de execução é sempre uma arma importante para abrir espaços em zagas fechadas, e foi o que faltou ao Colorado no primeiro tempo. Com mais gente para trocar passes ofensivamente, o time gaúcho ocupou o campo adversário e fez ótimos 20 minutos iniciais no segundo tempo, tornando o gol uma questão de tempo. Ele viria, porém, aos 31, em mais uma escapada pelo lado, com Fabrício, num momento em que o Goiás já equilibrava o jogo. Com o gol, era praticamente impossível não vencer. A inoperância goiana é tal que o time não teve nenhuma chance de empatar.
Dormir na liderança é importante e simbólico, mas o principal neste momento, faltando 23 longas rodadas para o final, é jogar pressão sobre o Cruzeiro e, principalmente, fixar um lugar no G-4. O Inter não sairá da zona da Libertadores nas próximas duas rodadas, pelo menos, e pode abrir uma vantagem ainda mais substancial se vencer o São Paulo, quarta, no Beira-Rio, um jogo importantíssimo e que merece arquibancadas lotadas. A equipe de Abelão não é brilhante, não tem um elenco tão bom quanto em outros anos em que bateu na trave no Brasileiro, mas é sólida, segura, sabe o que quer, tem ótimos meias e é capaz de executar jogadas variadas, especialmente pelos lados. Um time que literalmente vem chegando pelas beiradas.
Lembrando: o Fluminense de 2012, o São Paulo de 2008 e o Corinthians de 2011, entre outros, ganharam vários jogos deste mesmo modo, sem encantar, mas sem correr riscos. Também assim se ganha o Brasileiro, não só encantando como o Cruzeiro - que ainda é o maior favorito e deve voltar à liderança amanhã.
Ficha técnica
Campeonato Brasileiro 2014 - 15ª rodada
16/agosto/2014
GOIÁS 0 x INTERNACIONAL 1
Local: Serra Dourada, Goiânia (GO)
Árbitro: Émerson de Almeida Ferreira (MG)
Público: 4.256
Renda: R$ 163.620,00
Gol: Pedrão (contra) 32 do 2º
Cartão amarelo: Bruno Mineiro e Wellington
GOIÁS: Renan (6), Valmir Lucas (4,5), Felipe Macedo (5,5), Pedrão (4,5) e Lima (5); Amaral (5,5), David (5), Thiago Mendes (6) (Tiago Real, 38 do 2º - sem nota) e Murilo (4,5) (Assuério, 34 do 2º - sem nota); Erik (5,5) e Bruno Mineiro (4,5) (Samuel, 15 do 2º - 5). Técnico: Ricardo Drubscky
INTERNACIONAL: Dida (5,5), Cláudio Winck (5,5), Ernando (6,5), Juan (6) e Fabrício (6,5); Ygor (4,5) (Jorge Henrique, intervalo - 5,5), Wellington (5,5), Aránguiz (5,5), D'Alessandro (5,5) e Alex (6) (Leandro, 27 do 2º - 5); Rafael Moura (5) (Bertotto, 39 do 2º - sem nota). Técnico: Abel Braga
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