Sem desculpas

A grande fase, definitivamente, passou. Não que não possa voltar, claro. Mas, desde a volta da Copa do Mundo, o Internacional já acumula mais derrotas que vitórias: foram seis fracassos (três pelo Brasileiro, dois pela Copa do Brasil e um pela Sul-Americana), contra cinco triunfos. Já são três derrotas seguidas, três jogos sem marcar gols - e o último foi contra, no 1 a 0 sobre o Goiás. Se os números antes serviam de sustentáculo para atuações pouco convincentes, agora eles as explicitam.

Na verdade, o jogo de ontem, contra o Bahia, foi bem mais do que uma partida pouco convincente: o Inter, sem meias palavras, não jogou absolutamente nada. É verdade que acertou três chutes na trave no primeiro tempo, mas é preciso ir além desse "uh", do quase gol: foram os três únicos arremates realmente perigosos da equipe de Abel Braga, e todos de fora da área. Na etapa final houve um, o único com real perigo dentro da área, com Aránguiz. Ou seja: o Colorado criou pouco, teve imaginação quase nula, valeu-se de chutes de longe contra um adversário frágil, e dentro de casa.

Nem mesmo a desculpa do time misto pode ser dada. Afinal, o Inter entrou sem praticamente o mesmo número de titulares do Bahia. D'Alessandro, Juan, Fabrício e Rafael Moura foram os poupados, bem como Fahel, Maxi Biancucchi, Demerson e Kieza do outro. Há uma diferença de nível clara entre os dois grupos de jogadores, como os desfalques deixam claro. Não se trata de questionar a qualidade do elenco gaúcho, de dizer que o Inter cai demais sem alguns titulares. Ele não é tão espetacular quanto muitos ainda consideram, mas nomes como Valdívia, Paulão, Alan Ruschel e Wellington Paulista podiam e deviam ter rendido mais. O conjunto é que fracassou, foi indolente, apático.

Já o Bahia venceu com méritos. Há tempos que o Tricolor se defende muito bem. Já são sete jogos sem derrotas. O que andava faltando eram as vitórias: foram três, com quatro empates, sendo duas delas em jogos fora do Brasileiro, o que mantém o time firme na zona de rebaixamento. Porém, nestas sete partidas, foram só dois gols sofridos - e só seis marcados. O time é organizado defensivamente, controlou o Inter sem sobressaltos no segundo tempo e poderia ter feito mais, não tive tanta inoperância ofensiva. Léo Gago (!) fez uma ótima partida à frente da zaga, protegendo e subindo sempre com vigor. Com um time forte na marcação, deve submeter o Grêmio a um jogo de paciência, domingo, na Arena.

Mesmo assim, era necessário e obrigatório ter jogado muito mais. O Inter foi com mistão? O Bahia também. O Inter anda cansado da sequência de jogos? O Bahia também. O Inter prioriza o Brasileiro? O Bahia também. Mas o Inter jogava em casa e é mais time. Tinha a obrigação da vitória. Ficará sem Copa do Brasil e muito provavelmente sem Sul-Americana também, batido em ambas as competições inapelavelmente por dois adversários mais fracos.

Ficha técnica
Copa Sul-Americana 2014 - 2ª fase - Jogo de ida
27/agosto/2014
INTERNACIONAL 0 x BAHIA 2
Local: Beira-Rio, Porto Alegre (BRA)
Árbitro: Christian Ferreyra (URU)
Público: 9.368
Renda: R$ 173.510,00
Gols: Lucas Fonseca 42 do 1º; Diego Macedo 34s do 2º
Cartão amarelo: Ernando, Wellington, Wellington Paulista, Titi e Emanuel Biancucchi
INTERNACIONAL: Dida (5), Cláudio Winck (4,5), Paulão (3,5), Ernando (4) e Alan Ruschel (4,5); Ygor (4,5) (Leandro, intervalo - 4,5), Wellington (5), Aránguiz (5), Alex (5,5) (Alan Patrick, 22 do 2º - 4,5) e Valdívia (5,5); Wellington Paulista (5). Técnico: Abel Braga
BAHIA: Marcelo Lomba (6), Roniery (5,5), Lucas Fonseca (7), Titi (6) e Pará (6); Rafael Miranda (6), Léo Gago (7), Diego Macedo (6,5) (Fahel, 42 do 2º - sem nota) e Emanuel Biancucchi (6) (Rhayner, 25 do 2º - 6); Rafinha (5,5) (Guilherme Santos, 34 do 2º - 6) e Henrique (6,5). Técnico: Gílson Kleina

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