Ganhou quem tem time e cabeça
Os dois treinadores explicaram bem o que aconteceu no Gre-Nal de ontem. Para Abel Braga, o Internacional venceu porque tem um coletivo melhor que o Grêmio, um time formado há mais tempo, que se conhece mais. Segundo Luiz Felipe, o Tricolor perdeu, entre outros motivos, porque mais uma vez desabou após sofrer o primeiro gol, mesmo que estivesse jogando razoavelmente bem. E foi exatamente isso: ganhou o clássico quem teve mais entrosamento e quem teve mais cabeça e frieza para decidi-lo. Dois aspectos que pesam tanto em um jogo como este como o tão propalado "coração", a tão pedida "raça", coisas que o Grêmio apresentou no Beira-Rio.
Diante de tantas novidades colocadas em campo por Felipão, as duas maiores incógnitas foram as que deram melhor resposta. Walace fez um bom jogo, sendo seguro nos desarmes e muito eficiente na distribuição de jogo. É um jogador que sabe jogar, e pode receber sequência, pois qualifica a saída de bola. Fellipe Bastos, apesar de não ter tido eficiência em sua tão famosa bola parada, foi outro que entrou bem, ganhando divididas e iniciando a criação de jogadas. A partir deles, o Grêmio fez mesmo um bom primeiro tempo, a ponto de Alex falar que o rival jogou melhor, algo discutível. Giuliano fez tão boa partida que até o apagado Rodriguinho aparecia de vez em quando por conta de suas ótimas jogadas.
O Inter não entrou com surpresa alguma, mas Abel utilizou a melhor escalação possível para sua equipe. Willians e Wellington dão mais segurança para Aránguiz e Alex saírem. O desenho foi um 4-2-3-1, diferente do 4-1-4-1 do começo do ano. Porém, os três meias não criaram quase nada, mesmo que os pontas gremistas, Rodriguinho e Dudu, tenham ido mal. O fato é que o chileno estava claramente abaixo do que pode render (gol marcado à parte, claro), e que o Grêmio adiantou sua marcação, e isso impediu o Colorado de jogar no primeiro tempo. A equipe de Felipão não corria riscos, mas faltava maior precisão nos arremates. Na melhor chance, Dudu escorregou. Erro imperdoável.
Com Fernandinho no lugar de Rodriguinho, o Grêmio aumentou seu poderio ofensivo e passou a ganhar jogada também pelos lados, e não só com Giuliano pelo meio. Mas o Inter 2014, vice-líder, tem se mostrado traiçoeiro como o Grêmio 2013, vice-campeão: pode estar jogando pouco, mas é extremamente eficiente para matar o jogo quando tem as chances. E o gol é uma jogada repetida por todos os Gre-Nais deste ano, com Aránguiz entrando livre na área, desta vez para marcar - mais um baixinho que faz a festa de cabeça na área gremista, depois de Caio, do Vitória. Mais uma vez, Werley falha em clássicos e perde pelo alto.
Aí, ocorreu aquilo que Felipão muito bem diagnosticou: o Grêmio toma o gol e se perde completamente no jogo. E quando o jogo é um Gre-Nal, a desvantagem ganha gravidade dupla. Em Caxias, lembremos, o time de Enderson controlava a partida quando sofreu 1 a 0, e aí se perdeu de vez. Hoje, nem chegou a ser dominado pelo Inter, mas visivelmente perdeu a confiança, se enervou e passou a rifar a bola em vez de trabalhá-la. Prova que tomou um gol de contra-ataque com todo o time desarrumado, e Pará tendo de marcar dois jogadores no mano a mano. A organização já havia ido para o espaço há bastante tempo, coisa de time que não tem cabeça nem maturidade, algo que sobra ao Internacional.
O placar não reflete o que foi a partida, mas traduz exatamente o momento das duas equipes. De um lado, um time que não consegue vencer (ganhou apenas um de seus últimos oito jogos), que não tem confiança, que se abate fácil, e que precisa mesmo de um forte trabalho psicológico para se recolocar nos eixos, pois nomes tem de sobra para ir muito além do modesto 11º lugar. De outro, uma equipe que até não tem tantas opções assim no grupo, mas possui um time qualificado, formado, com uma base que joga junta desde fevereiro, que se conhece muito bem e tem toda a vantagem psicológica, não apenas pela boa colocação na tabela, mas pela ampla superioridade recente em clássicos.
A implacável tabela
O futebol não deve ser analisado somente pelos resultados, mas que a tabela é implacável não resta nenhuma dúvida. O Internacional não tem jogado bem, mas vem fazendo campanha, o que é o mais importante num campeonato longo como o Brasileiro. A equipe ganhou ontem pela quarta vez seguida na competição, não sofreu gols em nenhum destes jogos. Mesmo sem qualquer tipo de brilho, já está encostadinha no Cruzeiro. A diferença de dois pontos poderia ser de um a favor do Inter se o confronto direto com os mineiros tivesse terminado empatado.
No caso do Grêmio, a recuperação precisa ser absolutamente imediata. Claro, é apenas o segundo jogo de Felipão, não dá ainda para cobrar uma cara de time ao seu Tricolor, mas ganhar do Criciúma é fundamental. Afinal, os dois próximos jogos na sequência serão contra Cruzeiro e Corinthians. Não vencer o Tigre poderia colocar o time gaúcho em uma posição ainda mais desconfortável na tabela, e aumentar ainda mais a crise.
O fato é que o Inter tem ganhado quando joga bem ou mal, e o Grêmio tem perdido jogando bem ou jogando mal. Isso faz toda a diferença, e foi a tônica dos últimos nove clássicos. Hoje, na tabela, já são nove pontos que separam os dois eternos rivais.
Diante de tantas novidades colocadas em campo por Felipão, as duas maiores incógnitas foram as que deram melhor resposta. Walace fez um bom jogo, sendo seguro nos desarmes e muito eficiente na distribuição de jogo. É um jogador que sabe jogar, e pode receber sequência, pois qualifica a saída de bola. Fellipe Bastos, apesar de não ter tido eficiência em sua tão famosa bola parada, foi outro que entrou bem, ganhando divididas e iniciando a criação de jogadas. A partir deles, o Grêmio fez mesmo um bom primeiro tempo, a ponto de Alex falar que o rival jogou melhor, algo discutível. Giuliano fez tão boa partida que até o apagado Rodriguinho aparecia de vez em quando por conta de suas ótimas jogadas.
O Inter não entrou com surpresa alguma, mas Abel utilizou a melhor escalação possível para sua equipe. Willians e Wellington dão mais segurança para Aránguiz e Alex saírem. O desenho foi um 4-2-3-1, diferente do 4-1-4-1 do começo do ano. Porém, os três meias não criaram quase nada, mesmo que os pontas gremistas, Rodriguinho e Dudu, tenham ido mal. O fato é que o chileno estava claramente abaixo do que pode render (gol marcado à parte, claro), e que o Grêmio adiantou sua marcação, e isso impediu o Colorado de jogar no primeiro tempo. A equipe de Felipão não corria riscos, mas faltava maior precisão nos arremates. Na melhor chance, Dudu escorregou. Erro imperdoável.
Com Fernandinho no lugar de Rodriguinho, o Grêmio aumentou seu poderio ofensivo e passou a ganhar jogada também pelos lados, e não só com Giuliano pelo meio. Mas o Inter 2014, vice-líder, tem se mostrado traiçoeiro como o Grêmio 2013, vice-campeão: pode estar jogando pouco, mas é extremamente eficiente para matar o jogo quando tem as chances. E o gol é uma jogada repetida por todos os Gre-Nais deste ano, com Aránguiz entrando livre na área, desta vez para marcar - mais um baixinho que faz a festa de cabeça na área gremista, depois de Caio, do Vitória. Mais uma vez, Werley falha em clássicos e perde pelo alto.
Aí, ocorreu aquilo que Felipão muito bem diagnosticou: o Grêmio toma o gol e se perde completamente no jogo. E quando o jogo é um Gre-Nal, a desvantagem ganha gravidade dupla. Em Caxias, lembremos, o time de Enderson controlava a partida quando sofreu 1 a 0, e aí se perdeu de vez. Hoje, nem chegou a ser dominado pelo Inter, mas visivelmente perdeu a confiança, se enervou e passou a rifar a bola em vez de trabalhá-la. Prova que tomou um gol de contra-ataque com todo o time desarrumado, e Pará tendo de marcar dois jogadores no mano a mano. A organização já havia ido para o espaço há bastante tempo, coisa de time que não tem cabeça nem maturidade, algo que sobra ao Internacional.
O placar não reflete o que foi a partida, mas traduz exatamente o momento das duas equipes. De um lado, um time que não consegue vencer (ganhou apenas um de seus últimos oito jogos), que não tem confiança, que se abate fácil, e que precisa mesmo de um forte trabalho psicológico para se recolocar nos eixos, pois nomes tem de sobra para ir muito além do modesto 11º lugar. De outro, uma equipe que até não tem tantas opções assim no grupo, mas possui um time qualificado, formado, com uma base que joga junta desde fevereiro, que se conhece muito bem e tem toda a vantagem psicológica, não apenas pela boa colocação na tabela, mas pela ampla superioridade recente em clássicos.
A implacável tabela
O futebol não deve ser analisado somente pelos resultados, mas que a tabela é implacável não resta nenhuma dúvida. O Internacional não tem jogado bem, mas vem fazendo campanha, o que é o mais importante num campeonato longo como o Brasileiro. A equipe ganhou ontem pela quarta vez seguida na competição, não sofreu gols em nenhum destes jogos. Mesmo sem qualquer tipo de brilho, já está encostadinha no Cruzeiro. A diferença de dois pontos poderia ser de um a favor do Inter se o confronto direto com os mineiros tivesse terminado empatado.
No caso do Grêmio, a recuperação precisa ser absolutamente imediata. Claro, é apenas o segundo jogo de Felipão, não dá ainda para cobrar uma cara de time ao seu Tricolor, mas ganhar do Criciúma é fundamental. Afinal, os dois próximos jogos na sequência serão contra Cruzeiro e Corinthians. Não vencer o Tigre poderia colocar o time gaúcho em uma posição ainda mais desconfortável na tabela, e aumentar ainda mais a crise.
O fato é que o Inter tem ganhado quando joga bem ou mal, e o Grêmio tem perdido jogando bem ou jogando mal. Isso faz toda a diferença, e foi a tônica dos últimos nove clássicos. Hoje, na tabela, já são nove pontos que separam os dois eternos rivais.
Comentários
É frase que eu pensei, pensei e não consegui fazer. Resumo perfeito