Erros que se repetem

No ano passado, Vitória e Grêmio fizeram o famoso "jogo dos cem passes errados" no Barradão, uma partida horrorosa. Ontem, todos os personagens do jogo erraram, e muito. A equipe baiana novamente abusou dos passes errados (48) - o Grêmio, com 40, também pecou demais neste quesito. O árbitro Sandro Meira Ricci certamente errou ao marcar pênalti de Edinho em Dinei, que se atira no gramado sem sofrer contato faltoso. E o Tricolor Gaúcho, apesar de prejudicado em um lance capital, voltou a falhar demais, e também por isso, não só pela arbitragem, perdeu mais um jogo para um adversário da ponta de baixo da tabela.

Mais uma vez, os três setores da equipe gaúcha apresentaram problemas. No primeiro gol baiano, pode-se alegar que Caio fez falta em Geromel. O lance é bem discutível, sem dúvida, mas o fato de o zagueiro gremista só olhar a bola durante a jogada, um erro primário, não. Mais: os dois gols do Vitória surgiram de modo exatamente idêntico: Euller, completamente livre, cruzou da intermediária canhota para o centro da área. No jogo contra o Coritiba, dois dos três gols aconteceram exatamente assim. A defesa gremista, tão segura em outros tempos na bola aérea defensiva, levou quatro gols desta forma de dois adversários fracos num espaço de uma semana. É preciso corrigir isso rapidamente.

O meio-campo, já dissemos, cansou de errar passes. Várias tentativas de sair de trás no segundo tempo foram interrompidas porque passes verticais simplesmente não entravam, iniciando um novo ataque do Vitória. Quando essa bola entrava, vinha o problema dos atacantes, e desta vez Barcos está parcialmente absolvido pelo belo gol que marcou. Mas Luan errou demais, Fernandinho, quando entrou, idem. Aliás, cada gol do Vitória ocorreu na jogada seguinte a uma grande chance perdida pelo ataque do Grêmio. Simbólico e sintomático. O time de André Jardine poderia ter definido o jogo ainda no primeiro tempo, se aproveitasse melhor as oportunidades que cria. A saída de Dudu, então o melhor gremista em campo, é mais uma coisa que não dá para entender. Como os técnicos do Grêmio gostam de sacá-lo...

Os erros de arbitragem aconteceram, o Grêmio teve bons momentos, mas o resultado é péssimo. Em dois jogos contra equipes que lutam para não cair, o Tricolor fez zero ponto, o que lhe deixa longe do G-4 - claro que é possível chegar lá, mas há muitos erros que precisam ser corrigidos para isso se tornar real de fato, e não só matematicamente. Em ambos os confrontos recentes, o time esteve à frente do placar e cedeu a virada, sinal de que não reage bem aos gols sofridos. Os problemas psicológicos, como a ansiedade e a insegurança, frutos, talvez, ainda dos Gre-Nais do Gauchão, seguem afetando a qualidade técnica do futebol apresentado pelo Grêmio, que certamente precisa ser bem superior ao que vem sendo mostrado, dados os jogadores que a equipe possui, especialmente do meio para a frente. Luiz Felipe Scolari terá bastante trabalho pela frente. Recuperar times desgastados psicologicamente, aliás, é com ele mesmo.

Superação
Botafogo e Criciúma viveram uma noite de superação neste sábado. Os jogadores do time carioca têm mostrado muito além do que devem, diante de tanto atraso nos salários e direitos de imagem. Enfrentando o líder do Brasileirão, o Fogão saiu à frente, sofreu o empate, mas conseguiu segurar o 1 a 1, que mesmo em casa é um placar a ser valorizado, diante de tantas circunstâncias complicadas. Já o Tigre catarinense foi ao Morumbi repleto de desfalques, foi dominado pelo São Paulo, saiu perdendo já aos 28 do segundo tempo e teve forças para buscar o empate. Mais uma vez a equipe de Muricy Ramalho perdeu chances demais e saiu sem a vitória dentro de casa, contra uma equipe mais fraca. Foram 47 mil pessoas ao Morumbi. Vaiaram, compreensivelmente.

Comentários