Cores diferentes, histórias idênticas

É impressionante a semelhança entre as derrotas de Grêmio e Internacional para Cruzeiro e Atlético-MG nos últimos três dias. Em ambos os casos, fica a sensação de que o 1 a 0 sofrido foi cruel, pelo que os dois gaúchos fizeram em campo. Também é inegável que os gols perdidos foram uma causa maior para os fracassos do que propriamente os tentos sofridos. Se Dudu e Luan desperdiçaram cara a cara com Fábio, hoje Rafael Moura foi além: perdeu com Victor já batido, na pequena área. Difícil falar em injustiça nesses casos.

O Atlético-MG veio com a clara proposta de sufocar o Inter e fazer do Independência o caldeirão de 2013. Nem o time vem rendendo o que rendia no ano passado, nem o estádio tem lotado com frequência desde a queda na Libertadores. Este Galo faz força para jogar, o de Cuca fluía naturalmente. Das quatro peças daquele ataque fulminante, só Diego Tardelli sobrevive na equipe. Maicosuel é bom, mas lento; Dátolo é rápido, mas inconstante; André é oportunista, mas lento, sem sangue e desatento - ficou impedido quatro vezes ao longo da partida.

Ainda assim, o Galo teve boas chances no começo. Com jogadas em alta velocidade e rápidas trocas de passe, chegou a lembrar os bons tempos. O lateral Pedro Botelho, às costas de Wellington Silva, era um perigo. Mas sempre parece que faltava um centímetro para o pezinho pôr a bola na rede - Tardelli, André e Leonardo Silva perderam gols exatamente assim no primeiro tempo. O Inter, porém, não estava dominado: tinha no contra-ataque uma arma perigosa, a despeito das atuações apagadas de D'Alessandro e Aránguiz, seus dois expoentes técnicos. Valdívia dava rapidez ao toque no meio, e ambos os laterais se desprendiam bem, pegando os mineiros de calça curta.

Sem D'Alessandro na volta do intervalo, previa-se um segundo tempo difícil para o Inter. O que ocorreu foi o contrário: Alex entrou melhor que o argentino, Aránguiz encontrou seu posicionamento em campo e o time começou a criar chances, em vez de só jogar no erro do Atlético-MG. Foi aí que cometeu o grande pecado, com Rafael Moura desperdiçando duas chances claríssimas de marcar. Lento, nervoso e pouco criativo, o Galo só se encontrou em campo com a entrada de Luan, jogador que dá o ritmo de 2013 que este time tanto precisa para render em alto nível. Não surpreende que tenha sido dele a jogada do gol de Diego Tardelli.

O gosto que fica para os colorados é extremamente amargo. Não apenas porque o time jogou um futebol de bom nível, mas porque acumula sua segunda derrota consecutiva num momento em que se aproximava do líder Cruzeiro. Estacionado nos 31, o Inter pode ver a Raposa ir a 39 amanhã, além de ser possivelmente ultrapassado por Corinthians e São Paulo. Tanto se falou que este time ganhava sem jogar realmente bem que agora não tem jogado mal, mas tem perdido, e justamente para quem tem um alto nível, caso de Corinthians, Cruzeiro, São Paulo e Atlético-MG. Na prática, vem dando a lógica.

Ficha técnica
Campeonato Brasileiro 2014 - 17ª rodada
23/agosto/2014
ATLÉTICO-MG 1 x INTERNACIONAL 0
Local: Independência, Belo Horizonte (MG)
Árbitro: Luiz Flávio de Oliveira (SP)
Público: 19.732
Renda: R$ 299.430,00
Gol: Diego Tardelli 36 do 2º
Cartão amarelo: Dátolo, Luan, Diego Tardelli, Wellington e D'Alessandro
ATLÉTICO-MG: Victor (7), Alex Silva (5,5), Leonardo Silva (6), Jemerson (4,5) e Pedro Botelho (6); Rafael Carioca (6,5) (Jô, 31 do 2º - 5), Josué (6), Maicosuel (5) (Luan, 14 do 2º - 6,5) e Dátolo (5,5); Diego Tardelli (7) e André (4) (Marion, 22 do 2º - 5). Técnico: Levir Culpi
INTERNACIONAL: Dida (5,5), Wellington Silva (5,5) (Cláudio Winck, 17 do 2º - 5), Ernando (6), Juan (5,5) e Fabrício (6); Ygor (5), Wellington (6), Aránguiz (5,5), D'Alessandro (5) (Alex, intervalo - 6) e Valdívia (6,5) (Otávio, 29 do 2º - 5,5); Rafael Moura (3). Técnico: Abel Braga

Comentários

Gustavo Levin disse…
Acho que o Inter foi pior hoje do que no jogo contra o São Paulo, o Atlético criou boas chances e o Inter criou pouco. E o que dizer do Rafael Moura? Pior atuação dele no Inter, vide o gol perdido sem goleiro. Três fatos:

- R. Moura tinha que ser banco e o W. Paulista tinha que ganhar uma seqüência de titular.
- Otávio não fez nada o ano todo, nem no Gauchão. A boa revelação do Inter em 2013 não é mais o mesmo. Como é que ele pode ser opção no banco pra decidir jogo?
- Por quê Cláudio Winck não é o titular da lateral-direita.

Ainda dá pra lutar por um título esse ano, seja Brasileirão ou Sul-Americana. O time tem as peças, mas tem de saber usá-las e saber quando elas não estão funcionando.