As duas Eras Felipão no Grêmio

1987: título gaúcho e recorde de invencibilidade
Luiz Felipe Scolari assumiu o Grêmio no dia 1º de junho de 1987, substituindo Juan Mujica. Era já o terceiro técnico tricolor no ano - o primeiro foi Zeca Rodrigues, que foi seu auxiliar no áureo período de 1993 a 1996. Vinha fazendo grande trabalho no Juventude, clube pelo qual, quatro dias antes, arrancara um empate em 2 a 2 em pleno Olímpico, resultado pessimamente recebido pela torcida do Grêmio. Sua estreia foi no dia 3: vitória sofrida por 1 a 0 sobre o Inter de Santa Maria, no Olímpico, gol de Luís Eduardo aos 37 da etapa final, diante de 5.105 torcedores.

Um mês e meio depois, conquistou o tricampeonato gaúcho ao bater o Internacional por 3 a 2, no Olímpico, jogo que marcou o auge do carrasco Jorge Veras em Gre-Nais. Nos 15 jogos em que comandou o Grêmio no estadual, Luiz Felipe permaneceu invicto, com 9 vitórias e 6 empates. A invencibilidade, contando amistosos, chegaria aos 32 jogos, a maior da história moderna do clube. Caiu na Vila Belmiro, para o Santos, em derrota por 1 a 0, no dia 3 de outubro. Foram mais de quatro meses sem conhecer sua primeira derrota no Grêmio.

Apesar da boa campanha, Felipão deixou o comando do Grêmio no final do Brasileirão, após a vitória sobre o Corinthians, na última rodada, por 1 a 0. Otacílio Gonçalves chegaria no começo de 1988 para formar o "Grêmio Show", um dos times mais vistosos da história do clube. Ao todo, sua campanha teve 30 jogos oficiais, com 16 vitórias, 10 empates e 4 derrotas, e um aproveitamento de 64,4%.

1993/96: a transformação em mito
Ao contrário de 1987, quando chegou como uma esperançosa aposta do interior, em 1993 Felipão chegou ao Grêmio sob grande desconfiança. Cassiá era ídolo dos torcedores após conquistar, sem perder nenhum jogo, o título gaúcho. Estreou ao bater o Fluminense, na abertura do Brasileiro, por 3 a 2, no Olímpico. O jogo marcava a volta do Tricolor Gaúcho à elite nacional, e marcou também a estreia de Danrlei em jogos oficiais.

Apesar do bom começo, Felipão ficaria com a cabeça a prêmio quando a equipe se viu eliminada do Brasileiro com duas rodadas de antecipação, ao perder por 2 a 0 para o Santos, na Vila Belmiro. Fábio Koff bancou sua permanência. Em 1994, sem dinheiro, as perspectivas não eram animadoras. Mas o Grêmio soube utilizar a base para ganhar a Copa do Brasil e iniciar um dos períodos mais prolíficos de sua história. Sob o comando de Felipão, ganharia, nos dois anos seguintes, uma Libertadores, um Brasileiro, uma Recopa e dois estaduais - o primeiro deles, em 1995, batendo com um time misto o Internacional na decisão.

A despedida foi de alto luxo: título brasileiro no Olímpico, com grande festa dos torcedores, batendo a Portuguesa na histórica final por 2 a 0. O legado de Felipão ainda ajudaria bastante o sucessor, Evaristo de Macedo, a ganhar a Copa do Brasil do ano seguinte. Sua segunda passagem teve 242 jogos oficiais, com 112 vitórias, 67 empates e 63 derrotas, 55,5% de aproveitamento. Somando os dois períodos em que treinou o Grêmio, Luiz Felipe Scolari comandou a equipe em 272 partidas oficiais, com 128 vitórias, 77 empates e 67 derrotas, com 417 gols a favor e 260 contra, um aproveitamento de 57,0%. Ao todo foram sete títulos oficiais e dois vices, em um total de 21 competições disputadas.

Gre-Nais
O primeiro Gre-Nal de Felipão comandando o Grêmio foi uma goleada: 3 a 0 sobre o Inter, em 14 de junho de 1987, gols de Cristóvão, Lima e Alfinete. Sua primeira derrota em Gre-Nais foi justamente no primeiro clássico de sua segunda passagem: perdeu por 1 a 0 no Beira-Rio, dia 12 de junho de 1994, gol de Ânderson. O histórico, claro, é positivo: em 15 Gre-Nais, o Grêmio com Felipão ganhou sete, empatou cinco e perdeu três. Era Felipão o técnico tricolor em duas passagens históricas do clássico: o frangaço que Taffarel engoliu de Jorge Veras no Brasileirão de 1987 (Grêmio 1 a 0) e a bicicleta e a comemoração a la Saci de Paulo Nunes, pelo Brasileirão de 1996 (Grêmio 2 a 1), ambos no Beira-Rio.

Felipão contra o Grêmio
Um dos lados positivos de ter Felipão ao lado do Grêmio é não tê-lo do lado contrário. Afinal, o técnico costuma dar sorte contra o Tricolor. Com Brasil, Pelotas e Juventude, perdeu apenas uma vez em 13 jogos pelo Gauchão - em 1983, pelo Xavante, não foi derrotado pelo então campeão da Libertadores, tocando uma goleada no time reserva gremista às vésperas do Mundial com o Hamburgo. Pelo Criciúma, ganhou Copa do Brasil. Com o Palmeiras, goleadas e eliminações históricas. Foram 26 jogos, e apenas duas vitórias do Grêmio, contra 8 de Felipão e incríveis 18 empates.

Eis a lista de jogos - Felipão, claro, está sempre do lado contrário:

07/08/1983 - Brasil 0 x 0 Grêmio - Gauchão
11/09/1983 - Grêmio 0 x 0 Brasil - Gauchão
16/10/1983 - Brasil 2 x 0 Grêmio - Gauchão
20/11/1983 - Grêmio 1 x 1 Brasil - Gauchão
30/11/1983 - Grêmio 0 x 0 Brasil - Gauchão
03/12/1983 - Brasil 4 x 0 Grêmio - Gauchão
16/03/1986 - Pelotas 0 x 0 Grêmio - Gauchão
01/05/1986 - Grêmio 5 x 0 Pelotas - Gauchão
28/02/1987 - Grêmio 2 x 2 Juventude - Gauchão
25/03/1987 - Grêmio 1 x 1 Juventude - Gauchão
01/04/1987 - Juventude 1 x 0 Grêmio - Gauchão
26/05/1987 - Juventude 2 x 1 Grêmio - Gauchão
28/05/1987 - Grêmio 2 x 2 Juventude - Gauchão
30/05/1991 - Grêmio 1 x 1 Criciúma - Copa do Brasil
02/06/1991 - Criciúma 0 x 0 Grêmio - Copa do Brasil
26/10/1997 - Palmeiras 5 x 1 Grêmio - Brasileiro
29/08/1998 - Grêmio 1 x 1 Palmeiras - Brasileiro
13/10/1999 - Palmeiras 6 x 0 Grêmio - Brasileiro
17/09/2000 - Grêmio 0 x 0 Cruzeiro - Brasileiro
15/09/2010 - Grêmio 1 x 2 Palmeiras - Brasileiro
06/08/2011 - Palmeiras 0 x 0 Grêmio - Brasileiro
13/11/2011 - Grêmio 2 x 2 Palmeiras - Brasileiro
27/05/2012 - Grêmio 1 x 0 Palmeiras - Brasileiro
13/06/2012 - Grêmio 0 x 2 Palmeiras - Copa do Brasil
21/06/2012 - Palmeiras 1 x 1 Grêmio - Copa do Brasil
01/09/2012 - Palmeiras 0 x 0 Grêmio - Brasileiro

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