A noite esperada há mais de meio século

Pouca gente sabe, mas o San Lorenzo foi o primeiro time argentino a disputar uma Libertadores. Na edição inaugural, em 1960, a equipe chegou às semifinais e só foi eliminada pelo Peñarol, que seria o campeão, em um jogo extra. A expectativa pelo título continental, portanto, além de gigantesca, é muito antiga.

Nestes 54 anos, o San Lorenzo viu os rivais Racing, Independiente, Boca e River levantaram a Copa 16 vezes. Viu também equipes sem sua torcida numerosa (Estudiantes, Argentinos e Vélez) ganharem mais seis títulos. As tentativas eram sempre frustradas. Em 1988, uma dolorosa eliminação para o Newell's no jogo extra, nas semifinais, exatamente como em 1960. Em seu centenário (2008), pararia nas quartas, nos pênaltis, para a LDU. Uma dor que parecia sem fim, e que nem os títulos das Copas Mercosul (2001) e Sul-Americana (2002) foram capazes de sarar.

Hoje é a grande noite para a torcida do Ciclón, a noite esperada há 54 anos. No Nuevo Gasómetro, a equipe de Edgardo Bauza, o mesmo técnico que eliminou o San Lorenzo em 2008 quando treinava a LDU, tem a inesperada chance de decidir o título em casa. Nem Bauza acreditava nessa hipótese, depois de sua equipe ter feito a 15ª campanha entre os 16 classificados às oitavas de final. Uma chance tão inesperada quanto o adversário.

O Nacional pode não assustar tanto em uma primeira vista, mas ninguém chega a uma final de Libertadores à toa. Em todos os jogos nos mata-matas, mostrou-se um time duro de ser batido. O Vélez, líder geral da primeira fase, não conseguiu ganhar desta equipe em Buenos Aires, ficando no 2 a 2. O Arsenal, outro argentino, ficou no 0 a 0. Na primeira fase, empatou com o então campeão Atlético-MG por 1 a 1, em Minas. Trata-se de um time que pode, portanto, levar o confronto no mínimo para a prorrogação. Se a ansiedade talvez possa ser a maior adversária do San Lorenzo hoje à noite, é justo dizer que o Nacional pode potencializar o nervosismo argentino às alturas. Trata-se de um time bem treinado, organizado, seguro e com força para surpreender. Um time que jogará com leveza, mas também com a motivação de poder ser o segundo paraguaio a ganhar uma Libertadores. Pode fazer história como o San Lorenzo, mas sem a pressão que carrega nos ombros o time portenho.

Ainda que praticamente ignorada pela grande imprensa esportiva brasileira, trata-se de uma grande final. Principalmente por seu caráter histórico e dramático.

Em tempo:
- Dos times que entram em campo hoje em desvantagem, além do Santa Cruz, vejo no Internacional, unicamente pelo bom momento que vive no Brasileiro, alguma chance de reversão - embora remota. Bragantino e América-RN não passarão por São Paulo e Fluminense. O Paysandu até pode ganhar do Coritiba, mas pensar em 3 a 0 é difícil. Amanhã sim o bicho pega, com Santos x Londrina. No aquático jogo de ida, Tubarão 2 x 1 Peixe.

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