Querido e nacional
Uma faixa no Defensores del Chaco anunciava: o Paraguai inteiro estava com o Nacional. Seu clássico de vizinhança é com o Cerro Porteño, mas a briga maior deste é com o Olimpia. O Nacional Querido não tem arquirrivais, e certamente boa parte do país, como dizia a faixa estendida ontem, o apoia na luta pelo inédito titulo da Libertadores. Um apoio que se verificou no estádio (o público estimado era de 25 mil pessoas, e certamente boa parte não era de torcedores do Nacional) e foi refletido dentro de campo, com uma atuação sólida sobre o bom time do Defensor, que tecnicamente é o melhor dos quatro semifinalistas desta surpreendente Libertadores.
Dentro de campo, mais um apoio fundamental veio de outro clube paraguaio: o atacante Brian Montenegro, recém contratado junto ao Libertad para estas etapas finais da Copa, de 21 anos. Ele deu o tempero que faltava ao então apenas aplicado, humilde e metódico Nacional. Relembremos a campanha: a equipe do técnico Gustavo Morínigo havia passado raspando pela fase de grupos, com apenas 8 pontos conquistados, a pior de todas as 16 campanhas dos classificados às oitavas. Tirou o Vélez com uma suada vitória de 1 a 0 em casa e um empate em 2 a 2 em Buenos Aires; nas quartas, passou pelo Arsenal ganhando novamente por 1 a 0 e segurando um 0 a 0 na Argentina. Tudo justo, no sentido de apertado.
Faltava ao esforçado Nacional ser mais incisivo, ousado, confiante e perigoso lá na frente, e isso Montenegro trouxe ao time. Ontem, formou com Benítez uma dupla infernal. O primeiro gol, aos 34 minutos, surgiu de um passe de Benítez para Montenegro, que fuzilou o excelente goleiro Campaña. O ex-Libertad, cujo passe pertence ao West Ham (sim, infelizmente sua passagem por aqui será curta), devolveu a gentileza aos 13 do segundo tempo, matando no peito e ajeitando com extrema categoria para o companheiro obrigar o goleiro uruguaio a um milagre.
E não foi só isso: além da dupla de ataque afinada, que jogou como se conhecesse há várias temporadas, o time todo do Nacional seguiu em sua aplicação tática de sempre. Melgarejo e Orué fizeram um ótimo trabalho pelas pontas, fazendo triangulações com os volantes e laterais. Isso impedia que o Defensor puxasse seus contragolpes pelas pontas, com Pais e Gedoz, dependendo apenas do muito bem marcado De Arrascaeta para ter alguma saída. Pelo meio, Riveros fez um ótimo trabalho à frente da zaga e Torales, de novo, foi o condutor do time, distribuindo jogo com competência e arriscando ótimos chutes de meia distância.
Portanto, o Nacional fez muito mais do que anular o Defensor, que é um time mais técnico. Amordaçou-o com uma marcação extremamente eficiente e soube jogar muito bem com a bola nos pés. Dominou o jogo com imposição de mandante e adquiriu uma ótima vantagem. Só o fato de ter levado esta equipe modesta às semifinais já seria o bastante para considerarmos Morínigo o melhor técnico desta Libertadores. A atuação incontestável de seu time ontem, sem sentir qualquer peso por estar jogando a maior partida da história do clube, reforça isso ainda mais.
Mas atenção: o Defensor não está morto. Já reverteu um 2 a 0 contrário jogando em casa, nas oitavas, diante do Strongest. Certamente vai encurralar o Nacional no Centenário e pode, sim, chegar à decisão. A equipe paraguaia terá de se defender como sempre, e contra-atacar como nunca. Para quem se supera etapa após etapa desta Libertadores, uma tarefa bem longe do impossível.
17 anos depois
O jogo de hoje não será o primeiro entre Atlético Mineiro e Lanús que vale por uma decisão continental. Em 1997, o Galo bateu os argentinos por 4 a 1, em jogo tumultuadíssimo na Argentina, empatou em 1 a 1 no Mineirão, e sagrou-se campeão da Copa Conmebol pela segunda vez em sua história. Para hoje, o cenário decisivo é o mesmo, mas a vantagem é menor: o 1 a 0 do jogo de ida. O time mineiro é melhor, mas o confronto ainda está em aberto.
Novas velhas mudanças
A campanha forte lançada pelo jornal Lance! para mudar o futebol brasileiro é extremamente importante, pois deve haver, sim, pressão para que as coisas se modifiquem completamente. O triste é verificar que muitas das medidas propostas pelo diário estão sendo solicitadas há décadas, e nada muda, o que é bem desanimador. Pouquíssima coisa vai mudar após o fiasco de Belo Horizonte. É o recado que a CBF dá em todos os 15 dias que já se passaram desde os 7 a 1.
Dentro de campo, mais um apoio fundamental veio de outro clube paraguaio: o atacante Brian Montenegro, recém contratado junto ao Libertad para estas etapas finais da Copa, de 21 anos. Ele deu o tempero que faltava ao então apenas aplicado, humilde e metódico Nacional. Relembremos a campanha: a equipe do técnico Gustavo Morínigo havia passado raspando pela fase de grupos, com apenas 8 pontos conquistados, a pior de todas as 16 campanhas dos classificados às oitavas. Tirou o Vélez com uma suada vitória de 1 a 0 em casa e um empate em 2 a 2 em Buenos Aires; nas quartas, passou pelo Arsenal ganhando novamente por 1 a 0 e segurando um 0 a 0 na Argentina. Tudo justo, no sentido de apertado.
Faltava ao esforçado Nacional ser mais incisivo, ousado, confiante e perigoso lá na frente, e isso Montenegro trouxe ao time. Ontem, formou com Benítez uma dupla infernal. O primeiro gol, aos 34 minutos, surgiu de um passe de Benítez para Montenegro, que fuzilou o excelente goleiro Campaña. O ex-Libertad, cujo passe pertence ao West Ham (sim, infelizmente sua passagem por aqui será curta), devolveu a gentileza aos 13 do segundo tempo, matando no peito e ajeitando com extrema categoria para o companheiro obrigar o goleiro uruguaio a um milagre.
E não foi só isso: além da dupla de ataque afinada, que jogou como se conhecesse há várias temporadas, o time todo do Nacional seguiu em sua aplicação tática de sempre. Melgarejo e Orué fizeram um ótimo trabalho pelas pontas, fazendo triangulações com os volantes e laterais. Isso impedia que o Defensor puxasse seus contragolpes pelas pontas, com Pais e Gedoz, dependendo apenas do muito bem marcado De Arrascaeta para ter alguma saída. Pelo meio, Riveros fez um ótimo trabalho à frente da zaga e Torales, de novo, foi o condutor do time, distribuindo jogo com competência e arriscando ótimos chutes de meia distância.
Portanto, o Nacional fez muito mais do que anular o Defensor, que é um time mais técnico. Amordaçou-o com uma marcação extremamente eficiente e soube jogar muito bem com a bola nos pés. Dominou o jogo com imposição de mandante e adquiriu uma ótima vantagem. Só o fato de ter levado esta equipe modesta às semifinais já seria o bastante para considerarmos Morínigo o melhor técnico desta Libertadores. A atuação incontestável de seu time ontem, sem sentir qualquer peso por estar jogando a maior partida da história do clube, reforça isso ainda mais.
Mas atenção: o Defensor não está morto. Já reverteu um 2 a 0 contrário jogando em casa, nas oitavas, diante do Strongest. Certamente vai encurralar o Nacional no Centenário e pode, sim, chegar à decisão. A equipe paraguaia terá de se defender como sempre, e contra-atacar como nunca. Para quem se supera etapa após etapa desta Libertadores, uma tarefa bem longe do impossível.
17 anos depois
O jogo de hoje não será o primeiro entre Atlético Mineiro e Lanús que vale por uma decisão continental. Em 1997, o Galo bateu os argentinos por 4 a 1, em jogo tumultuadíssimo na Argentina, empatou em 1 a 1 no Mineirão, e sagrou-se campeão da Copa Conmebol pela segunda vez em sua história. Para hoje, o cenário decisivo é o mesmo, mas a vantagem é menor: o 1 a 0 do jogo de ida. O time mineiro é melhor, mas o confronto ainda está em aberto.
Novas velhas mudanças
A campanha forte lançada pelo jornal Lance! para mudar o futebol brasileiro é extremamente importante, pois deve haver, sim, pressão para que as coisas se modifiquem completamente. O triste é verificar que muitas das medidas propostas pelo diário estão sendo solicitadas há décadas, e nada muda, o que é bem desanimador. Pouquíssima coisa vai mudar após o fiasco de Belo Horizonte. É o recado que a CBF dá em todos os 15 dias que já se passaram desde os 7 a 1.
Comentários
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A postura da CBF nesses 15 dias pós-Copa me parecem o daquele aluno que foi mal no colégio, rodou ou só ficou no vermelho no segundo trimestre, e agora promete estudar como nunca.
Não ouvi da CBF uma única palavra de autocrítica - algo como que o aluno em situação poderia dizer, como "esse trimestre eu faltei a muitas aulas", "fiz festa todo dia e preciso ir mais na biblioteca".
A único autocrítica é do Dunga e do seu relacionamento com a imprensa, e isso é extremamente preocupante. Fora isso, só promessa de "muito trabalho".
Como diria a professora de redação na Fabico: seu texto carece de concretude, CBF.
Voltei a 2003 com essa palavra. Ao menos a Seleção Brasileira jogava mais nessa época.