Outubro?

Tite não vem para o Grêmio, ao menos não agora. É o que diz seu procurador, Gilmar Veloz. Está em período de estudos e só voltará a comandar algum clube ou seleção em outubro. Alejandro Sabella também não. Mesma situação: não definiu seu futuro à frente da seleção argentina, e se optar por sair não assume nada antes de outubro.

Aí eu me pergunto: outubro? Como assim, outubro? Que projetos podem se iniciar em outubro? Em clubes latino-americanos, nenhum: o Campeonato Brasileiro e a Copa do Brasil começam sua reta final neste período, as temporadas em Argentina, México, Uruguai e Chile entrarão em seu terceiro mês de atividades, enquanto Colômbia e Paraguai, com calendário semelhante ao brasileiro, estarão em fase final de definição. Na Europa, quase todos os clubes, grandes ou pequenos, jamais trocam de técnico neste período, com a temporada já iniciada há dois meses. E qual seleção vai trocar de técnico em outubro? As que trocaram, já o fizeram no início do ano, ou após a Copa do Mundo. Raríssimas seleções mudam a comissão técnica em outubro. Raríssimos técnicos (não lembro sequer de um exemplo) iniciam projetos em seleções ou clubes a partir de outubro. Ou é dezembro/janeiro, ou junho/julho/agosto.

O que talvez Sabella possa querer é fazer sua reciclagem. No caso de Tite, ampliá-la até o final do ano. Se o objetivo do ex-técnico corintiano é assumir um clube europeu, já deveria tê-lo feito antes do fim da última temporada no continente, em abril ou maio, ou então só conseguirá isso daqui a nove ou dez meses. O mais provável no discurso de ambos os procuradores é negar qualquer tratativa para diminuir especulações que possam atrapalhá-las ou, mais possível ainda, valorizar seus dois clientes, que certamente estão na lista do Tricolor.

Seja como for, o fato é que hoje já é terça-feira, o segundo dia em que o Grêmio está sem técnico definido. É normal, aliás, que essa escolha demore alguns dias mais: se o perfil é de alguém experiente, isso normalmente exige mais tempo de negociação do que se a tentativa fosse uma aposta. Enquanto isso, seguem as especulações. E as negativas dos empresários.

Calendário 2015
A ESPN divulgou em primeiro mão que... nada muda, infelizmente. Aliás, sejamos justos: ao menos os clubes terão 30 dias de férias e mais 30 dias de pré-temporada em 2015. Não há mágica alguma: o período que foi usado para a Copa do Mundo em 2014 servirá como pré-temporada no ano que vem. Não foram divulgadas as datas de início e fim de cada competição, mas é possível prever que os estaduais começam em fevereiro e terminam em maio, com as mesmas 19 datas que tiveram em 2014 (um pouquinho, mas só um pouquinho, melhor do que as 23 que ocuparam entre 2007 e 2013). O Brasileiro segue seu sistema de sempre, bem como a Copa do Brasil. E nada será interrompido devido à Copa América. Há muito o que evoluir ainda. E vai haver muita reclamação, o que é justo e mais do que necessário.

A torcida mais feliz
O torcida do Atlético Mineiro é a primeira com a qual Ronaldinho não sai brigado. Ele saiu antes que isso acontecesse, mas só um pouco antes. Abandonou o clube na última semana, após a final da Recopa, dando um sumiço sem explicações para os dirigentes, provavelmente descontente com suas constantes substituições durante os jogos pelo novo técnico, Levir Culpi. Não jogava bem desde o fim do ano passado, mas desta vez tomou um pouco mais de cuidado com sua imagem junto aos torcedores. Ficarão na memória dos atleticanos apenas os bons momentos: a grande campanha no Brasileirão 2012, os grandes clássicos contra o Cruzeiro em 2013, a Recopa, e, claro, a Libertadores, o maior título da história do Galo. Uma parceria que rendeu muito mais sucesso do que todos imaginavam.

Cuadrado distorcido
Cuadrado é um ótimo jogador, foi um dos melhores meias da Copa do Mundo, mas seu valor de mercado está completamente distorcido. O fato de querer gastar 150 milhões de dólares com o colombiano deixa claro que a política que orgulhava o Barcelona, de gastar menos com gente de fora e mais com a formação de grandes craques, é coisa do passado. Contratar jogador após ele ir bem em um grande torneio é sempre um erro brutal do ponto de vista econômico, pois ele se supervaloriza, muito além do normal e do que vale de fato o seu futebol. Erro que o Barça se gabava de nunca mais ter cometido nos últimos anos. Perto desse valor, os absurdos 118 milhões de dólares gastos pelo Real Madrid para trazer James Rodríguez do Monaco parecem até justos.

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