Dever cumprido
O Grêmio não precisava de um grande futebol, embora seja sempre bom praticá-lo. O que era necessário, mesmo, era derrotar o Figueirense. E a equipe de Enderson Moreira cumpriu o dever sem qualquer tipo de brilho, mas com muito pragmatismo: fez gol logo cedo, e tratou de valorizar a vantagem obtida acima de tudo. Sem abdicar do jogo nem recuar demais, mas sabendo administrá-lo com a bola aos pés, diante de um adversário muito fraco. Não era uma tarefa das mais difíceis, mas foi bem executada.
Para quem não marcava há quatro jogos, nada melhor do que abrir o jogo com um gol. Giuliano foi quem balançou a rede, mas Alán Ruiz foi o autor intelectual, com um ótimo passe que deixou o companheiro livre. O argentino, aliás, foi um dos melhores em campo, e sem dúvida o mais lúcido do setor ofensivo do Grêmio. Mesmo fora de lugar, deslocado para a direita, foi incisivo, exalou qualidade técnica sempre que tocou na bola. Era ele, e não Giuliano, que fazia o papel de armador, indo buscar bola lá atrás, junto a zagueiros e volantes, para distribuir o jogo. Bom nas bolas paradas, dono de uma ótima conclusão de fora e ainda cavou a expulsão de Thiago Heleno. Hoje, sua lentidão não foi problema por isso. Como se mexeu bastante, carregou menos a bola e fez o time jogar mais.
O gol cedo foi uma bênção também porque obrigava o Figueirense a sair. Não dava chance ao time catarinense de jogar no erro gremista. Era preciso se expor para chegar ao empate. E nunca a equipe da casa esteve perto de realmente empatar. O Grêmio neutralizava todas as tentativas do Figueira, que dependia demais do veterano Kleber para levar algum perigo, e normalmente apenas na bola parada. Pará e Saimon marcavam relativamente bem, Ramiro e Riveros ganhavam as divididas pelo meio, e na zaga estavam Rhodolfo e Geromel, seguros por baixo e por cima o tempo todo.
O que faltou ao Grêmio foi apetite para matar o jogo. Apetite e velocidade para contra-atacar. Valorizar a bola foi uma atitude correta, mas faltou mais agressividade com ela nos pés. No primeiro tempo a equipe chegou a ter cinco conclusões e criou perigo algumas vezes, poderia ter ido para o intervalo, quem sabe, com 2 a 0. No segundo, a fome foi ainda menor. Quando Thiago Heleno foi expulso, então, o interesse em marcar diminuiu. O jogo se arrastou para o final com o placar mínimo. Não esteve sob risco, mas era placar mínimo. Qualquer erro poderia desfazê-lo. Por competência do próprio Tricolor, não houve erros que dessem aos catarinenses qualquer chance.
O jogo foi fraco, o Grêmio foi chato, pragmático, não empolgou em absoluto, mas venceu, e era isso o que mais importava. Com 19 pontos em 33 disputados, a equipe repete o mesmo aproveitamento que lhe deu o vice-campeonato de 2013. Mas é possível melhorá-lo: diante de Coritiba e Vitória, outros dois times da ponta de baixo da tabela, é obrigatório marcar 4 e bem possível fazer 6 pontos, para chegar ao Gre-Nal com 25 em 39, quase dois terços. Não se trata de um luxo: trata-se, apenas de recuperar pontos deixados para trás contra equipes mais fracas em jogos recentes.
Em tempo:
- Figueirense em casa: 5 jogos, 5 derrotas. Fora de casa tem 7 pontos, mais do que muita gente. Problemas de um time fraco e reativo, que se dá mal quando precisa propor jogo.
- Ingressos de R$ 100 a R$ 200 para o jogo. Resultado: Scarpelli vazio. Justo. Isso é preço de final de Libertadores, não de 11ª rodada de um Brasileiro onde o time da casa está na zona de rebaixamento. O pessoal tem que cair na real.
- Segundo jogo seguido que Barcos é substituído. Por isso e pelo que vem jogando, é possível que o dia em que ele fique no banco esteja próximo. Faria bem a todos. A ele, principalmente.
Ficha técnica
Campeonato Brasileiro 2014 - 11ª rodada
19/julho/2014
FIGUEIRENSE 0 x GRÊMIO 1
Local: Orlando Scarpelli, Florianópolis (SC)
Árbitro: Marcelo de Lima Henrique (RJ)
Público: 6.754
Renda: R$ 191.310,00
Gol: Giuliano 3 do 1º
Cartão amarelo: Nirley, Marcelo Grohe, Saimon, Alán Ruiz e Dudu
Expulsão: Thiago Heleno 18 do 2º
FIGUEIRENSE: Tiago Volpi (6), Luan (5,5), Nirley (5,5), Thiago Heleno (3) e Cereceda (4,5); Paulo Roberto (5,5), Dener (4,5) (Nem, intervalo - 5), Léo Lisboa (5) (Everaldo, intervalo - 5) e Kleber (5,5); Pablo (5) e Ricardo Bueno (4) (Cleiton, 28 do 2º - 5). Técnico: Guto Ferreira
GRÊMIO: Marcelo Grohe (6), Pará (6), Rhodolfo (6), Geromel (7) e Saimon (5,5); Ramiro (5,5) (Zé Roberto, 33 do 2º - sem nota), Riveros (6), Alán Ruiz (7), Giuliano (6) e Luan (5) (Dudu, 12 do 2º - 5,5); Barcos (4,5) (Lucas Coelho, 23 do 2º - 5,5). Técnico: Enderson Moreira
Para quem não marcava há quatro jogos, nada melhor do que abrir o jogo com um gol. Giuliano foi quem balançou a rede, mas Alán Ruiz foi o autor intelectual, com um ótimo passe que deixou o companheiro livre. O argentino, aliás, foi um dos melhores em campo, e sem dúvida o mais lúcido do setor ofensivo do Grêmio. Mesmo fora de lugar, deslocado para a direita, foi incisivo, exalou qualidade técnica sempre que tocou na bola. Era ele, e não Giuliano, que fazia o papel de armador, indo buscar bola lá atrás, junto a zagueiros e volantes, para distribuir o jogo. Bom nas bolas paradas, dono de uma ótima conclusão de fora e ainda cavou a expulsão de Thiago Heleno. Hoje, sua lentidão não foi problema por isso. Como se mexeu bastante, carregou menos a bola e fez o time jogar mais.
O gol cedo foi uma bênção também porque obrigava o Figueirense a sair. Não dava chance ao time catarinense de jogar no erro gremista. Era preciso se expor para chegar ao empate. E nunca a equipe da casa esteve perto de realmente empatar. O Grêmio neutralizava todas as tentativas do Figueira, que dependia demais do veterano Kleber para levar algum perigo, e normalmente apenas na bola parada. Pará e Saimon marcavam relativamente bem, Ramiro e Riveros ganhavam as divididas pelo meio, e na zaga estavam Rhodolfo e Geromel, seguros por baixo e por cima o tempo todo.
O que faltou ao Grêmio foi apetite para matar o jogo. Apetite e velocidade para contra-atacar. Valorizar a bola foi uma atitude correta, mas faltou mais agressividade com ela nos pés. No primeiro tempo a equipe chegou a ter cinco conclusões e criou perigo algumas vezes, poderia ter ido para o intervalo, quem sabe, com 2 a 0. No segundo, a fome foi ainda menor. Quando Thiago Heleno foi expulso, então, o interesse em marcar diminuiu. O jogo se arrastou para o final com o placar mínimo. Não esteve sob risco, mas era placar mínimo. Qualquer erro poderia desfazê-lo. Por competência do próprio Tricolor, não houve erros que dessem aos catarinenses qualquer chance.
O jogo foi fraco, o Grêmio foi chato, pragmático, não empolgou em absoluto, mas venceu, e era isso o que mais importava. Com 19 pontos em 33 disputados, a equipe repete o mesmo aproveitamento que lhe deu o vice-campeonato de 2013. Mas é possível melhorá-lo: diante de Coritiba e Vitória, outros dois times da ponta de baixo da tabela, é obrigatório marcar 4 e bem possível fazer 6 pontos, para chegar ao Gre-Nal com 25 em 39, quase dois terços. Não se trata de um luxo: trata-se, apenas de recuperar pontos deixados para trás contra equipes mais fracas em jogos recentes.
Em tempo:
- Figueirense em casa: 5 jogos, 5 derrotas. Fora de casa tem 7 pontos, mais do que muita gente. Problemas de um time fraco e reativo, que se dá mal quando precisa propor jogo.
- Ingressos de R$ 100 a R$ 200 para o jogo. Resultado: Scarpelli vazio. Justo. Isso é preço de final de Libertadores, não de 11ª rodada de um Brasileiro onde o time da casa está na zona de rebaixamento. O pessoal tem que cair na real.
- Segundo jogo seguido que Barcos é substituído. Por isso e pelo que vem jogando, é possível que o dia em que ele fique no banco esteja próximo. Faria bem a todos. A ele, principalmente.
Ficha técnica
Campeonato Brasileiro 2014 - 11ª rodada
19/julho/2014
FIGUEIRENSE 0 x GRÊMIO 1
Local: Orlando Scarpelli, Florianópolis (SC)
Árbitro: Marcelo de Lima Henrique (RJ)
Público: 6.754
Renda: R$ 191.310,00
Gol: Giuliano 3 do 1º
Cartão amarelo: Nirley, Marcelo Grohe, Saimon, Alán Ruiz e Dudu
Expulsão: Thiago Heleno 18 do 2º
FIGUEIRENSE: Tiago Volpi (6), Luan (5,5), Nirley (5,5), Thiago Heleno (3) e Cereceda (4,5); Paulo Roberto (5,5), Dener (4,5) (Nem, intervalo - 5), Léo Lisboa (5) (Everaldo, intervalo - 5) e Kleber (5,5); Pablo (5) e Ricardo Bueno (4) (Cleiton, 28 do 2º - 5). Técnico: Guto Ferreira
GRÊMIO: Marcelo Grohe (6), Pará (6), Rhodolfo (6), Geromel (7) e Saimon (5,5); Ramiro (5,5) (Zé Roberto, 33 do 2º - sem nota), Riveros (6), Alán Ruiz (7), Giuliano (6) e Luan (5) (Dudu, 12 do 2º - 5,5); Barcos (4,5) (Lucas Coelho, 23 do 2º - 5,5). Técnico: Enderson Moreira
Comentários
1) Alan Ruiz jogou uma de suas mais competentes partidas pelo Grêmio. Para mim, foi o melhor em campo. Mesmo assim teve gente (não só na torcida, mas na própria crônica esportiva) reclamando que ele é "lento" e que até Zé Roberto "contribui mais". Não sei que jogo estavam assistindo. Essa obsessão por "meias de velocidade" é, para mim, um dos problemas da má leitura coletiva que se faz dos últimos times do Grêmio;
2) Barcos não recebeu rigorosamente nenhuma bola durante todo o jogo. O fato de ser substituído, mesmo não jogando exatamente mal, mostra que até a paciência de Enderson está se esgotando com ele. Não se pode dizer que seja injustificado;
3) A mecânica ofensiva segue o maior problema. Grêmio tem a bola até a intermediária de ataque e a partir daí não sabe direito o que fazer com ela. São raros os avanços de trás, as triangulações pelos lados, as entradas na área. Esse é o nó que Enderson precisa desatar, porque a defesa está sólida e o meio controla bem a bola de modo geral. Achando o ataque, o Grêmio passa a pleitear algo mais - e ainda acho que o 4-3-3 é o caminho para esse time, ainda mais quando Fernandinho estiver à disposição.
Não foi 7, mas valeu pela vitória.
Tinha ingressos a R$ 60 para jogos da COPA DO MUNDO... Ou seja, é possível que alguém tenha visto aquele golaço do Van Persie pagando menos do que quem foi ao Orlando Scarpelli sábado.