Uma parada em boa hora

Quando o assunto é o Grêmio, não poderia haver momento melhor para o Campeonato Brasileiro parar do que este. A atuação de hoje, contra o Palmeiras, foi de doer: tirando os 20 minutos iniciais de pressão, o Tricolor foi um time previsível, com erros de passe, problemas individuais e coletivos em todos os setores. Uma equipe incapaz de superar um adversário fraco, fragilizado por derrotas para "potências" do campeonato, como Chapecoense e Botafogo, e que sequer tem seu técnico na casamata. E o pior: não foi uma atuação de exceção, mas uma triste continuação dos jogos contra São Paulo e Sport, nos quais a equipe também não foi capaz de marcar um golzinho sequer.

O começo foi enganador, embora fosse o que se esperava de um time melhor jogando em casa. O Grêmio pressionou o Palmeiras, chegou com perigo pelos dois lados, especialmente o esquerdo. Perdia gols, mas parecia questão de tempo a bola entrar. Havia boa movimentação dos meias e um grande volume de jogo, com marcação adiantada. O jogo mudou a partir de um lance espetacular: aos 21, Diogo pegou na veia de muito longe e a bola raspou o travessão de Marcelo Grohe. Dado o primeiro susto, o Palmeiras retomou a confiança. E aí, não venceu por detalhe.

Com William Matheus e Marquinhos Gabriel partindo para cima e Diogo criando problemas, o Palmeiras terminou o primeiro tempo melhor. E voltou para o segundo igualmente superior. Tanto que só não marcou o gol porque a arbitragem marcou impedimento equivocado de Diogo. Mais tarde, Rhodolfo salvou em cima da linha. O gol paulista estava na fôrma. O Grêmio não retinha a bola, não dava sequência a uma jogada sequer. Rodriguinho e Barcos erravam absolutamente tudo, inclusive domínios simples de bola. Desta vez, nem Enderson teve paciência com o Pirata, sacando-o de campo com total justiça.

As entradas de Kleber e Maxi Rodríguez melhoraram um pouco o desempenho do Tricolor. Nenhum ingressou bem em campo, mas o suficiente para irem melhor do que os substituídos. A partida teve equilíbrio restabelecido, o que era pouco para a exigência que o Grêmio tinha. Nos minutos finais, a equipe não entrou sequer uma vez na área do Palmeiras, quando mais deveria pressionar (até Alberto Valentim fez substituições chamando seu time para trás). Vaias tão fortes quanto compreensíveis por parte do ótimo público de 17 mil pessoas que lotaram o Alfredo Jaconi.

A campanha do Grêmio é de razoável para boa, a equipe está colada no G-4, mas o desempenho nos últimos jogos assusta. O Tricolor já jogou bem mais em determinados momentos deste ano, mas parece que perdeu de vez o jeito. É um time burocrático, lento, sem imaginação nem capacidade de surpreender seus adversários. É uma equipe sem qualquer poder de fogo. A marcação adiantada já não existe mais. Toma poucos gols, é verdade, ainda que boa parte deste mérito seja de seu goleiro. Há muita coisa para arrumar nestes 45 dias de parada. Uma santa parada, diga-se, pois tudo o que o Grêmio precisa é mesmo de um tempo para se repensar.

Ficha técnica
Campeonato Brasileiro 2014 - 9ª rodada
1º/junho/2014
GRÊMIO 0 x PALMEIRAS 0
Local: Alfredo Jaconi, Caxias do Sul (RS)
Árbitro: Jaílson Macedo Freitas (BA)
Público: 17.034
Renda: R$ 391.145,00
Cartão amarelo: Werley, Maxi Rodríguez, Ramiro, Henrique, Marcelo Oliveira, Lúcio, Renato e Marquinhos Gabriel
GRÊMIO: Marcelo Grohe (6), Pará (5,5), Werley (5,5), Rhodolfo (6) e Marquinhos (5,5); Edinho (4,5), Ramiro (5), Alán Ruiz (5,5), Rodriguinho (3,5) (Maxi Rodríguez, 17 do 2º - 5) e Dudu (5,5) (Zé Roberto, 31 do 2º - 5,5); Barcos (3,5) (Kleber, 17 do 2º - 5). Técnico: Enderson Moreira
PALMEIRAS: Fábio (6), Wendel (5), Lúcio (6,5), Wellington (5,5) e William Matheus (6); Marcelo Oliveira (4,5), Renato (5), Felipe Menezes (5,5) (Josimar, 40 do 2º - sem nota) e Marquinhos Gabriel (6); Diogo (6) e Henrique (4,5). Técnico: Alberto Valentim

Comentários

Anônimo disse…
Pelos números a campanha não está ruim, mas o desempenho no Brasileiro está longe do que foi na LA. Mesmo as vitórias foram apertadas, por diferença mínima e correndo riscos. Lembra muito o segundo semestre passado: um time que leva poucos gols e sofre para fazer os seus.

No entanto, não penso que teremos grandes mudanças a vista, nem no elenco nem no comando do futebol. Mesmo porque não percebo grandes opções disponíveis no momento.
Chico disse…
Tem que mudar tudo. Vão esperar até quando? Chega de palhaçada!

Com este treinador de bosta não vamos a lugar algum.