Uma Itália madura e forte

Inglaterra e Itália chegaram a esta Copa do Mundo em momentos diferentes. A seleção italiana, passado o fiasco de 2010, iniciou seu reerguimento na Euro 2012, evoluiu na Copa das Confederações do ano passado e chega ao Brasil forte, como esta estreia demonstrou. A Inglaterra, por sua vez, está alguns degraus abaixo em termos de evolução. Tem um time de valores jovens do meio para a frente, que devem estar mais prontos, talvez, em 2018. Por agora, valeu a maior maturidade italiana.

Na Copa dos jogaços, o sétimo deles, envolvendo dois campeões do mundo, foi mais um deles. Tinha tudo para ser uma partida estudada, e até foi assim nos primeiros 25 minutos. A Inglaterra era mais incisiva, especialmente quando a bola caía nos pés de Welbeck, pela direita. A Itália, mais paciente, com trocas de passe que buscavam encontrar um espaço na defesa inglesa.

A emoção que vimos em todos os jogos da Copa até agora se devem muito a um fator: o alto número de gols no primeiro tempo, algo raro. Os dois gols em Manaus puseram fogo no jogo, e explicitaram a alta qualidade do que era apresentado. Primeiro, o maestro Pirlo exalou genialidade ao fazer um corta-luz que abriu um clarão para o chute rasteiro, certeiro e violento de Claudio Marchisio. Dois minutos depois, Rooney recebeu grande lançamento e cruzou com perfeição para uma conclusão de primeira e Sturridge, num gol que lembrou o de Romário contra a Holanda, em 1994. A Itália, de histórica solidez defensiva, tomou gol de uma forma mais que inusitada: dois minutos depois de fazer 1 a 0, num contra-ataque, com a defesa toda desarrumada.

Balotelli quase fez o seu ao tentar encobrir Hart de maneira espetacular no final do primeiro tempo. Chegaria lá no comecinho da etapa final, após jogada de alta técnica e de grande cruzamento de Candreva. Aí, a situação britânica ficava muito difícil. Porque o jogo ficava à feição do que a Itália mais sabe fazer, que é esperar o adversário e jogar nos contra-ataques. A Inglaterra tinha armas qualificadas para furar o bloqueio, como os passes infiltrados de Gerrard, os chutes de longe de Rooney ou as penetrações surpreendentes de Sterling e Welbeck. Mas com De Rossi perfeito à frente da área, a dupla de zaga muito segura e os laterais contidos atrás, os italianos seguraram a vantagem com muita segurança. Quase fizeram mais um no final, numa falta mágica de Pirlo que acertou o travessão.

A vitória é importantíssima para a Itália, mas o grupo está longe de uma definição ainda. A força da Azzurra era esperada, mas a arrancada costa-riquenha não. O fato de Uruguai e Inglaterra estrearem perdendo dá um molho picante ao jogo da próxima quinta, em São Paulo. Quem for derrotado neste duelo pode ser eliminado com uma rodada de antecedência, e o empate não serve a ninguém. Ao lado de Espanha x Chile, tem tudo para ser o grande jogo da próxima semana. Mais um, nesta Copa de alto nível que temos a felicidade de estar vendo aqui no Brasil.

Em tempo:
- Alguém lembra qual era a última vitória italiana em Copas? É, na semifinal de 2006, 2 a 0 sobre a Alemanha. Já a Inglaterra não ganha de nenhuma equipe grande desde o 1 a 0 sobre a Argentina, em 2002.

Ficha técnica
Copa do Mundo 2014 - Grupo D - 1ª rodada
14/junho/2014
INGLATERRA 1 x ITÁLIA 2
Local: Arena da Amazônia, Manaus (BRA)
Árbitro: Bjorn Kuipers (HOL)
Público: 39.800
Gols: Marchisio 34 e Sturridge 36 do 1º; Balotelli 4 do 2º
Cartão amarelo: Sterling
INGLATERRA: Hart (5), Johnson (5,5), Cahill (5), Jagielka (6) e Baines (6); Gerrard (6), Henderson (5,5) (Wilshere, 27 do 2º - 5,5) e Sterling (6); Welbeck (6) (Barkley, 15 do 2º - 5,5), Sturridge (6,5) (Lallana, 34 do 2º - sem nota) e Rooney (6). Técnico: Roy Hodgson
ITÁLIA: Sirigu (7), Darmian (6), Barzagli (6), Paletta (6,5) e Chiellini (5,5); De Rossi (7), Marchisio (7), Verratti (6) (Thiago Motta, 11 do 2º - 6) e Pirlo (7,5); Candreva (7,5) (Parolo, 33 do 2º - sem nota) e Balotelli (7) (Immobile, 27 do 2º - 5,5). Técnico: Cesare Prandelli

Comentários

Chico disse…
Pra mim foi o melhor jogo da Copa até agora. Em uma partida equilibrada e difícil, a Azzurra foi melhor e mereceu a vitória.

Pirlo é gênio.
Vicente Fonseca disse…
Jogaaaaço. Ainda acho que Holanda x Espanha, por todo o simbolismo, foi o jogo da Copa até agora. Mas esse de ontem em Manaus foi sensacional também. Pirlo é cracaço, nem precisa tocar na bola pra ser genial.