Um brinde a Porto Alegre
Vivi hoje à tarde um dos momentos mais especiais da minha carreira e da minha vida de apreciador de futebol. Porque ver de perto o jogaço entre Austrália e Holanda, válido por uma Copa do Mundo, foi um privilégio. Uma partida muito bem disputada, bem jogada, emocionante, com duas viradas (foi o jogo das viradas da Copa das viradas), e um Beira-Rio lotado por duas torcidas que foram em grande número, dando um tempero especial ao confronto. Talvez o melhor jogo deste Mundial, embora seja difícil cravar esta sentença, diante de tantas ótimas partidas que temos visto nestes dias de competição.
A partida de hoje só foi especial porque a Austrália encarou a Holanda. Talvez a impressão inicial fosse de que Van Gaal postou seu time atrás esperando o adversário para contra-atacar, como na goleada sobre a Espanha, mas não: o que aconteceu foi que os australianos empurraram a Laranja para trás. O 4-3-3 da Austrália anulava o 3-5-2 da Holanda, com os três atacantes ficando no mano a mano com a linha defensiva holandesa. Leckie e Oar, os pontas, fizeram excelente partida, enlouquecendo Martins Indi e De Vrij, respectivamente.
O que sobrava à Holanda, claro, era qualidade técnica, o que não é pouco. O golaço de Robben foi exatamente assim: ganhou do australiano numa finta de corpo, invadiu o campo alheio livre de marcação, ingressou na área e fez 1 a 0 num momento que era todo da Austrália. Mas a equipe de Ange Postecoglou não se intimidou: empatou no minuto seguinte em um sem pulo antológico de Cahill, o gol mais bonito da Copa até agora. E seguiu dominando o primeiro tempo, com grande imposição física no meio e ótimas saídas pelos lados, com seus ponteiros.
A grave lesão de Martins Indi, que caiu de pescoço no chão após sofrer dura falta de Cahill, é que ajeitou o time holandês. Van Gaal abriu mão do esquema com três zagueiros e colocou o atacante Depay em campo, formatando a equipe no 4-3-3. Assim, a Austrália não ficava mais no mano a mano com a zaga quando atacava e havia mais poder de fogo na equipe laranja. A melhora foi visível na volta do intervalo, com a Holanda finalmente assumindo a iniciativa da partida, algo que jamais ocorrera no primeiro tempo. Só que o argelino Djamel Haimoudi deu um pênalti pra lá de duvidoso para os australianos, que viravam o jogo de forma surpreendente para quem esperava uma surra holandesa antes do jogo, mas justo pelo que era a partida.
Se Robben era pouco acionado e Sneijder tinha atuação relativamente discreta, Van Persie resolveu assumir o jogo e comandou a reação laranja. Fez um golaço dois minutos após o 2 a 1 australiano, em ótima jogada de Depay. Era o troco pelo empate quase que instantâneo da Austrália no primeiro tempo. Mais tarde, Depay, endiabrado, fez o terceiro, num frangaço de Ryan. Nos 25 minutos finais, só deu Holanda. A Austrália se atirou para frente, sem medo de ser feliz, e abriu espaços para os contragolpes, mas a equipe de Van Gaal não soube aproveitá-los.
A partida foi fantástica, surpreendente pelo bom futebol da Austrália, mas não dava para esperar uma supergoleada holandesa. O jogo contra a Espanha foi atípico, e cabe lembrar que a equipe batava teve dificuldades no primeiro tempo, aplicando uma surra apenas no segundo. Talvez Van Gaal reveja seu sistema a partir da perda de Martins Indi e da ótima entrada de Dupay. Contra o Chile, Van Persie não joga, suspenso. Menos mal que não será tão necessário assim.
Ficha técnica
Copa do Mundo 2014 - Grupo B - 2ª rodada
18/junho/2014
AUSTRÁLIA 2 x HOLANDA 3
Local: Beira-Rio, Porto Alegre (BRA)
Árbitro: Djamel Haimoudi (ALG)
Público: 42.877
Gols: Robben 19 e Cahill 20 do 1º; Jedinak (pênalti) 8, Van Persie 12 e Depay 22 do 2º
Cartão amarelo: Cahill e Van Persie
AUSTRÁLIA: Ryan (4), McGowan (6,5), Wilkinson (5,5), Spiranovic (5,5) e Davidson (5,5); Jedinak (6,5), McKay (6) e Bresciano (5,5) (Bozanic, 5 do 2º - 6,5); Leckie (7,5), Cahill (7) (Halloran, 23 do 2º - 5) e Oar (6,5) (Taggart, 31 do 2º - sem nota). Técnico: Ange Postecoglou
HOLANDA: Cillessen (6), De Vrij (6), Vlaar (5,5) e Martins Indi (5) (Depay, 47 do 1º - 7,5); Janmaat (6), De Jong (6), De Guzman (6) (Wijnaldum, 32 do 2º - sem nota), Sneijder (6) e Blind (5,5); Robben (7) e Van Persie (7) (Lens, 41 do 2º - sem nota). Técnico: Louis van Gaal
A partida de hoje só foi especial porque a Austrália encarou a Holanda. Talvez a impressão inicial fosse de que Van Gaal postou seu time atrás esperando o adversário para contra-atacar, como na goleada sobre a Espanha, mas não: o que aconteceu foi que os australianos empurraram a Laranja para trás. O 4-3-3 da Austrália anulava o 3-5-2 da Holanda, com os três atacantes ficando no mano a mano com a linha defensiva holandesa. Leckie e Oar, os pontas, fizeram excelente partida, enlouquecendo Martins Indi e De Vrij, respectivamente.
O que sobrava à Holanda, claro, era qualidade técnica, o que não é pouco. O golaço de Robben foi exatamente assim: ganhou do australiano numa finta de corpo, invadiu o campo alheio livre de marcação, ingressou na área e fez 1 a 0 num momento que era todo da Austrália. Mas a equipe de Ange Postecoglou não se intimidou: empatou no minuto seguinte em um sem pulo antológico de Cahill, o gol mais bonito da Copa até agora. E seguiu dominando o primeiro tempo, com grande imposição física no meio e ótimas saídas pelos lados, com seus ponteiros.
A grave lesão de Martins Indi, que caiu de pescoço no chão após sofrer dura falta de Cahill, é que ajeitou o time holandês. Van Gaal abriu mão do esquema com três zagueiros e colocou o atacante Depay em campo, formatando a equipe no 4-3-3. Assim, a Austrália não ficava mais no mano a mano com a zaga quando atacava e havia mais poder de fogo na equipe laranja. A melhora foi visível na volta do intervalo, com a Holanda finalmente assumindo a iniciativa da partida, algo que jamais ocorrera no primeiro tempo. Só que o argelino Djamel Haimoudi deu um pênalti pra lá de duvidoso para os australianos, que viravam o jogo de forma surpreendente para quem esperava uma surra holandesa antes do jogo, mas justo pelo que era a partida.
Se Robben era pouco acionado e Sneijder tinha atuação relativamente discreta, Van Persie resolveu assumir o jogo e comandou a reação laranja. Fez um golaço dois minutos após o 2 a 1 australiano, em ótima jogada de Depay. Era o troco pelo empate quase que instantâneo da Austrália no primeiro tempo. Mais tarde, Depay, endiabrado, fez o terceiro, num frangaço de Ryan. Nos 25 minutos finais, só deu Holanda. A Austrália se atirou para frente, sem medo de ser feliz, e abriu espaços para os contragolpes, mas a equipe de Van Gaal não soube aproveitá-los.
A partida foi fantástica, surpreendente pelo bom futebol da Austrália, mas não dava para esperar uma supergoleada holandesa. O jogo contra a Espanha foi atípico, e cabe lembrar que a equipe batava teve dificuldades no primeiro tempo, aplicando uma surra apenas no segundo. Talvez Van Gaal reveja seu sistema a partir da perda de Martins Indi e da ótima entrada de Dupay. Contra o Chile, Van Persie não joga, suspenso. Menos mal que não será tão necessário assim.
Ficha técnica
Copa do Mundo 2014 - Grupo B - 2ª rodada
18/junho/2014
AUSTRÁLIA 2 x HOLANDA 3
Local: Beira-Rio, Porto Alegre (BRA)
Árbitro: Djamel Haimoudi (ALG)
Público: 42.877
Gols: Robben 19 e Cahill 20 do 1º; Jedinak (pênalti) 8, Van Persie 12 e Depay 22 do 2º
Cartão amarelo: Cahill e Van Persie
AUSTRÁLIA: Ryan (4), McGowan (6,5), Wilkinson (5,5), Spiranovic (5,5) e Davidson (5,5); Jedinak (6,5), McKay (6) e Bresciano (5,5) (Bozanic, 5 do 2º - 6,5); Leckie (7,5), Cahill (7) (Halloran, 23 do 2º - 5) e Oar (6,5) (Taggart, 31 do 2º - sem nota). Técnico: Ange Postecoglou
HOLANDA: Cillessen (6), De Vrij (6), Vlaar (5,5) e Martins Indi (5) (Depay, 47 do 1º - 7,5); Janmaat (6), De Jong (6), De Guzman (6) (Wijnaldum, 32 do 2º - sem nota), Sneijder (6) e Blind (5,5); Robben (7) e Van Persie (7) (Lens, 41 do 2º - sem nota). Técnico: Louis van Gaal
Comentários
Van Gaal mexeu bem no time e a Holanda melhorou no 2 tempo. Acho que deveria continuar jogando no 4-3-3.
Meu irmão, que foi, disse que se sentiu algo extraordinário quando entrou no estádio. A vibe realmente deveria estar fantástica...