O penúltimo teste

Amistosos pré-Copa servem para dar um pouco mais de ritmo de jogo e conjunto às seleções que os disputam, além de detecção de eventuais problemas. No caso da partida de hoje, diante do Panamá, o Brasil teve um teste válido. A seleção panamenha não é tão débil quanto parece - basta lembrar que quase tirou o México da Copa do Mundo - e ofereceu resistência até certo ponto. Até Neymar começar a jogar.

Os primeiros 20 minutos foram preocupantes. Porque o Panamá, por mais fraco que seja (e é pior que todos os rivais de grupo do Brasil), conseguiu anular o Brasil com facilidade no Serra Dourada. Jogou com coragem, se adiantou, tocou a bola com qualidade no campo de ataque e obrigava a seleção a tentar sempre o chutão como alternativa quase que única. Os panamenhos chegaram a bater na casa dos 60% da posse de bola até metade do primeiro tempo. Tinha muita coisa errada.

As coisas começaram a se resolver quando Felipão ordenou que Ramires não ficasse tão preso à marcação e se soltasse mais para o ataque. A providência trouxe o Brasil um pouco mais para a frente, e deu companhia ao trio de ataque. Foi numa jogada que começou com ele que Neymar cavou a falta que resultou no 1 a 0. E aí o jogo foi outro, com a equipe visitante sentindo o injusto gol que recém sofrera, ficando resguardada, mas oferecendo espaços generosos, marcando mal. Mesmo sem jogar bem, o Brasil ainda ampliou antes do intervalo, com Daniel Alves.

No segundo tempo, Neymar voltou bem melhor, menos firulento, mais objetivo, o que facilitou demais as coisas. Seu passe de calcanhar para o gol de bico de Hulk foi de gênio. No quarto gol, foi driblando até achar Maxwell livre com uma visão de jogo esplêndida. Isso fora quase todas as demais jogadas de ataque da seleção. Foram 4 a 0, e poderiam ter sido bem mais. Só poderia ter evitado algumas provocações aos adversários. Se alguém se irrita e o atinge em cheio, pode ficar fora da Copa, o que seria uma tragédia para a seleção de Felipão.

Mas ficam alertas, claro. O primeiro é que, embora tenha jogado demais, Neymar certamente será muito mais bem marcado na Copa do que hoje. Já Júlio César foi inseguro em duas das poucas vezes em que foi acionado no jogo, escorregando numa e tapeando sem convicção um cruzamento que quase o surpreendeu minutos mais tarde. Fred esteve pouco inspirado, mas outro problema, mais grave, foi Oscar: de atuação apagada, o meia do Chelsea foi o pior brasileiro em campo, sem força, nem brio. Atuação muito aquém das necessidades de uma seleção que tem nele seu único meia titular. A entrada elétrica de Willian, autor do quarto gol, certamente mexeu com a cabeça de Felipão. Outro que melhorou o time quando entrou foi Maicon, muito forte no apoio e seguro na marcação. Ainda é um lateral mais completo que Daniel Alves, embora este seja tecnicamente superior.

Contra a Sérvia, sexta, no Morumbi, teremos o último e mais forte teste do ano antes da Copa. Um ensaio para o duelo com os croatas na estreia.

Ficha técnica
Amistoso
3/junho/2014
BRASIL 4 x PANAMÁ 0
Local: Serra Dourada, Goiânia (GO)
Árbitro: Raúl Orozco (BOL)
Público: 31.871
Gols: Neymar 26 e Daniel Alves 39 do 1º; Hulk 1 e Willian 27 do 2º
Cartão amarelo: David Luiz, Neymar, Gomez, Cooper e Tejada
BRASIL: Júlio César (5), Daniel Alves (6) (Maicon, intervalo - 6,5), David Luiz (6) (Henrique, 24 do 2º - 5,5), Dante (5,5) e Marcelo (5,5) (Maxwell, intervalo - 6); Luiz Gustavo (6), Ramires (6) (Hernanes, intervalo - 5,5) e Oscar (4,5); Hulk (6), Fred (4,5) (Jô, 15 do 2º - 5) e Neymar (9). Técnico: Luiz Felipe
PANAMÁ: McFarlane (5) (Calderón, 12 do 2º - 4,5), Machado (5,5) (Jimenez, 10 do 2º - 4), Román Torres (5) (Cummings, 13 do 2º -4,5), Baloy (5) e Carroll (5,5) (Rodríguez, 21 do 2º - 5); Gomez (4,5), Cooper (5,5) (Gabriel Torres, intervalo - 5,5), Henríquez (5,5), Muñoz (5) e Quintero (5,5); Tejada (5) (Nurse, intervalo - 4,5). Técnico: Hernán Darío Gomez

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