O jogo do respeito

O mundo esperava um jogaço entre Holanda e Chile, pelo que estas duas equipes fizeram até aqui na Copa do Mundo. Pensando assim, foi uma partida frustrante. Ambas as seleções entraram, primeiro, respeitando demais o Brasil, provável líder do Grupo A. Ninguém se arriscou muito de início, o que tornou o primeiro tempo arrastado. Além do respeito ao anfitrião, havia também um respeito mútuo que travava as ações de lado a lado.

A vitória holandesa foi merecida. Afinal, era o Chile quem estava atrás na classificação e precisava da vitória. E o time de Sampaoli em nenhum momento se impôs como deveria e prometia em suas entrevistas pré-jogo. A equipe sul-americana teve maior posse de bola no primeiro tempo, ocupou o campo holandês, mas não teve profundidade. Vidal fez bastante falta. Aránguiz não foi o elemento surpresa de outros jogos, enquanto Vargas foi pouco acionado. Alexis Sánchez sim, teve boa atuação, mas sem tanta parceria como precisava para vencer uma equipe muito forte do outro lado.

A Holanda, por sua vez, ficou na sua. Cumpriu seu papel com mais competência. Se o Chile respeitou demais a Laranja e não partiu para cima como devia, a recíproca é verdadeira. A equipe de Van Gaal não caiu na tentação de atacar os chilenos por ter maior tradição ou nomes mais conhecidos. Esperou inteligentemente o time sul-americano e apostou na velocidade de Robben. Entrou com um meio-campo povoado, com jogadores cumprindo suas funções com humildade (o atacante Kuyt foi praticamente um volante).

Depois de jogar recuada demais na etapa inicial, a Holanda voltou do intervalo valorizando a posse de bola no campo adversário. Manteve o Chile longe de sua área, não descuidou do aspecto físico e venceu o jogo merecidamente, com a estrela de Van Gaal, que colocou Fer e Depay em campo e ambos marcaram os tentos do 2 a 0. O primeiro gol na bola parada, uma histórica fraqueza chilena; o segundo, no contra-ataque, a grande arma do time de Robben, aproveitando o fervor chileno em busca do empate.

A liderança deste Grupo B era importantíssima não apenas para provavelmente escapar do Brasil, mas para entrar em uma chaveamento mais fácil nos mata-matas. Embora esta seja uma Copa do Mundo cheia de zebras, em tese é melhor evitar as seleções tradicionais nos confrontos eliminatórios, quando a camisa costuma pesar mais. Do lado holandês até a final, só a Argentina realmente assusta. Do lado chileno, além do Brasil, devem estar Uruguai ou Itália, Alemanha e França, entre outros. A vibração de Van Gaal a cada gol tinha sua razão de ser.

Ah, e só para lembrar: Van Persie nem jogou hoje.

Ficha técnica
Copa do Mundo 2014 - Grupo B - 3ª rodada
23/junho/2014
HOLANDA 2 x CHILE 0
Local: Itaquerão, São Paulo (BRA)
Árbitro: Bakary Gassama (GAM)
Público: 62.996
Gols: Fer 31 e Depay 46 do 2º
Cartão amarelo: Blind e Silva
HOLANDA: Cillessen (5,5), Janmaat (5,5), Vlaar (6), De Vrij (6) e Blind (5,5); De Jong (6), Wijnaldum (5,5), Kuyt (6) (Kongolo, 43 do 2º - sem nota) e Sneijder (5,5) (Fer, 29 do 2º - 6,5); Lens (5) (Depay, 29 do 2º - 6,5) e Robben (7,5). Técnico: Louis van Gaal
CHILE: Bravo (6,5), Medel (6), Silva (6) (Valdivia, 24 do 2º - 5,5) e Jara (5,5); Isla (6), Díaz (5,5), Aránguiz (6), Gutiérrez (5,5) (Beausejour, intervalo - 5) e Mena (5,5); Sánchez (6) e Vargas (5) (Pinilla, 35 do 2º - sem nota). Técnico: Jorge Sampaoli

Comentários

Chico disse…
Mais uma vez Robben decidiu.

A Laranja Mecânica vem forte pro mata-mata. É um dos favoritos ao título.