É Copa do Mundo, amigo

Escrevo este texto desde o Beira-Rio, aguardando o início de França x Honduras, e a única frase em que posso pensar neste momento é a que dá titulo a este texto, pela emoção de cobrir ao vivo um jogo de Copa do Mundo. E é justamente esta frase que resume a jogada que definiu a vitória da Suíça sobre o Equador, em Brasília, na quinta virada em nove jogos desta sensacional Copa do Mundo que estamos vivendo.

O lance resume o sentimento de uma Copa. Aos 47 da etapa final, o meia equatoriano Arroyo teve a chance de matar o jogo, mas foi preciosista, tentando dar mais um drible em vez de bater a gol, e foi desarmado pela marcação firme de Behrami. O volante suíço, porém, fez muito mais do que salvar sua seleção de uma derrota na estreia do Mundial: saiu jogando, arrancando forças não se sabe de onde para um último esforço, sofreu falta, mas seguiu de pé, e iniciou o contra-ataque que foi finalizado com correção por Seferovic, outrora um titular da equipe de Ottmar Hitzfeld, mas hoje um heroico reserva, que saiu do banco para definir a partida.

Cabeça de chave do Grupo E, a Suíça foi mais uma seleção surpreendida por um gol tomado relativamente cedo. Foi numa falta lateral, em que Enner Valencia subiu com uma facilidade rara para uma defesa historicamente tão sólida. O gol era uma vantagem e tanto para os equatorianos, que foram a Brasília com uma estratégia de esperar a Suíça, seleção de pouca criatividade, para contragolpear com Antonio Valencia e especialmente Montero, infernal meia-ponta esquerda. Sair ganhando facilitava bastante os planos.

As dificuldades da Suíça em atacar passavam muito pelo fato de os dois meias equatorianos citados no parágrafo anterior jogarem abertos, formando duas linhas de quatro quando a equipe se defendia. Lichtsteiner até obtinha alguma vantagem de vez em quando, mas em geral a marcação era sempre dobrada, e firme. Pela canhota, Stocker era muito bem controlado e tinha poucas chances. Hitzfeld, então, resolveu tirá-lo para colocar Mehmedi. Com estrela, o reserva marcou seu gol três minutos depois de entrar.

O empate suíço não mudou o panorama do jogo: a Suíça seguia propondo mais o jogo, enquanto o Equador seguiu mais resguardado, tentando aproveitar a velocidade de seus pontos. Foi uma partida equilibrada, com trocas de chances de lado a lado, mas as mexidas dos técnicos, além da postura dos atletas na última jogada da partida, desequilibraram. Enquanto Hitzfeld colocou em campo os dois jogadores que marcaram os gols suíços, Reinaldo Rueda retirou de campo sua principal arma ofensiva, Montero. Deu no que deu.

Ficha técnica
Copa do Mundo 2014 - Grupo E - 1ª rodada
15/junho/2014
SUÍÇA 2 x EQUADOR 1
Local: Mané Garrincha, Brasília (BRA)
Árbitro: Ravshan Irmatov (UZB)
Público: 68.351
Gols: Enner Valencia 21 do 1º; Mehmedi 3 e Seferovic 47 do 2º
Cartão amarelo: Djourou e Paredes
SUÍÇA: Benaglio (6), Lichtsteiner (6), Djourou (6,5), Von Bergen (6) e Rodríguez (6); Behrami (7), Inler (6) e Xhaka (6); Shaqiri (6), Drmic (4,5) (Seferovic, 29 do 2º - 6,5) e Stocker (5) (Mehmedi, intervalo - 6,5). Técnico: Ottmar Hitzfeld
EQUADOR: Domínguez (5,5), Paredes (6), Guagua (6), Erazo (5,5) e Ayoví (5,5); Gruezo (5,5), Noboa (6,5), Antonio Valencia (5,5) e Montero (6,5) (Rojas, 31 do 2º - 5,5); Enner Valencia (6,5) e Caicedo (5,5) (Arroyo, 24 do 2º - 4,5). Técnico: Reinaldo Rueda

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