Diferente e vencedora Colômbia

A envolvente Colômbia de José Pekerman não havia feito um jogo de imposição diante da Grécia. Jogou no erro grego e assim construiu sua vitória por 3 a 0, placar até exagerado pelo que foi de fato a partida. Era previsível que fizesse o mesmo diante da Costa do Marfim, um time claramente mais forte do que o helênico. E a estratégia, que contraria o estilo colombiano típico, foi mais uma vez bem sucedida, em mais um dos belos jogos desta ótima Copa do Mundo.

A estratégia tem sua razão de ser: Pekerman dispõe de jogadores rápidos e habilidosos na frente, capazes de desossar qualquer defesa mal postada. A Costa do Marfim teve mais a posse de bola no primeiro tempo, mas faltava qualidade de acabamento, já que desta vez Sabri Lamouchi não apenas deixou Drogba no banco, mas também Kalou, ou seja, seus dois principais atacantes. Com três volantes e nenhum meia criativo, a equipe africana errava passes em um local perigoso do campo. Todas as boas chegadas da Colômbia vinham de bolas recuperadas na intermediária que iam para Cuadrado, o melhor em campo. Dele, a bola chegava em Rodríguez ou Gutiérrez. Assim, sem tomar a inicativa, a Colômbia teve as chances mais claras até os 30 minutos.

A Costa do Marfim equilibrou o jogo quando os pontas Gervinho e Gradel recuaram, virando na prática meia. Com as subidas de Yayá Touré desde trás, a equipe de Lamouchi jogou a Colômbia para trás nos 15 minutos finais do primeiro tempo e criou chances de perigo, especialmente através de Gervinho, mas seguia faltando o acabamento mais apurado para as jogadas criadas.

O segundo tempo começou de forma semelhante ao que terminara o primeiro, com os marfinenses mais perto do gol. Notando as dificuldades colombianas, Pekerman tratou de dar mais velocidade ao ataque, colocando Quintero no lugar de Ibarbo, que terminara sua participação na partida mais como um volante, obrigado a jogar recuado por conta de Gervinho. A mexida não poderia ter dado mais certo: com um atleta mais habilidoso e veloz, a Colômbia reequilibrou o jogo. Abriu o placar num escanteio, quando a partida já era equilibrada.

A vantagem não mudava em nada o panorama do jogo. Já com Drogba em campo, a Costa do Marfim seguia muito perigosa, e tinha no ótimo lateral Aurier (um dos raros no mundo que ainda sabe fazer grandes cruzamentos) uma alternativa interessante de ataque. Parecia perto do empate, mas uma bobagem de Dié causou o contragolpe iniciado por Rodríguez e complementado por Gutiérrez, que deixou Quintero livre para ampliar. Ficava muito difícil para os marfinenses empatarem.

Para segurar seu time, Pekerman tirou Armero e colocou Arias, lateral mais defensivo, para segurar Gervinho. Porém, o inteligente camisa 10 marfinense trocou de lado, e foi pela esquerda de ataque que ele marcou o golaço de desconto da Costa do Marfim. A equipe africana veio para a pressão total nos minutos finais, arriscando tudo, e esteve muito perto mesmo do empate. Não conseguiu por pouco, mas também poderia ter sofrido mais um, quando Quintero quase pegou o goleiro Barry de calça curta, em um surpreendente e corajoso chute do meio de campo. Um lance espetacular para um jogo de excelente nível, entre as duas melhores equipes do equilibrado Grupo C.

A Colômbia vai mostrando porque é cabeça de chave da Copa. Com 6 pontos em 2 jogos, faz campanha categórica, e está praticamente classificada. Quanto aos marfinenses, nada de desespero: a equipe segue na briga e é superior a Japão e Grécia. Continua com o favoritismo para seguir adiante na competição, apesar da teimosia de seu técnico. Se ficou evidente contra o Japão que a entrada de Drogba melhorou o time, hoje a dele e de Kalou coincidiram com a marcação do gol.

Ficha técnica
Copa do Mundo 2014 - Grupo C - 2ª rodada
19/junho/2014
COLÔMBIA 2 x COSTA DO MARFIM 1
Local: Mané Garrincha, Brasília (BRA)
Árbitro: Howard Webb (ING)
Público: 68.748
Gols: Rodríguez 18, Quintero 24 e Gervinho 27 do 2º
Cartão amarelo: Zokora e Tioté
COLÔMBIA: Ospina (6,5), Zúñiga (6), Zapata (6), Yepes (6,5) e Armero (5) (Arias, 26 do 2º - 5); Aguilar (5) (Mejía, 33 do 2º - 5,5), Sánchez (5,5) e Rodríguez (7,5); Cuadrado (7,5), Gutiérrez (6) e Ibarbo (5) (Quintero, 7 do 2º - 7,5). Técnico: José Pekerman
COSTA DO MARFIM: Barry (6), Aurier (6,5), Zokora (5,5), Bamba (5,5) e Boka (5); Dié (5) (Bolly, 27 do 2º - 5), Tioté (6) e Yayá Touré (7); Gervinho (7,5), Bony (4,5) (Drogba, 14 do 2º - 5,5) e Gradel (5) (Kalou, 21 do 2º - 5,5). Técnico: Sabri Lamouchi

Comentários

Chico disse…
Drogba e Kalou no banco...depois não sabe o motivo da derrota.

Devagarinho os Cafeteros estão chegando.

A Colômbia tem um bom toque de bola, mas Falcao Garcia faz muita falta.
Vine disse…
O segundo gol da Colômbia, se não me engano, foi o terceiro com origem na estúpida ideia de sair jogando tocando a bola no campo defensivo, mesmo sob pressão. Saudade de ver defensores que chutavam pra onde o nariz aponta quando são acossados. A inteligência em excesso tem feito mal ao futebol.

E convenhamos: Gutiérrez faz a saudade do Falcão ser ainda maior, pois jogou feito uma galinha (piada no nível da atuação dele hehehehe)
Vicente Fonseca disse…
O Teo Gutiérrez é um ótimo jogador, o que fez no Racing e faz no River é coisa de quem sabe. Mas é menos do que o Falcao, claro. A Colômbia poderia estar ainda melhor com seu grande ícone.

Realmente, não fez um grande jogo, perdeu alguns gols feitos, mas deu passe perfeito pro Quintero fazer o 2 a 0. Por isso leva nota 6.

Quanto ao erro na saída de jogo, sou totalmente a favor de uma saída qualificada, lógico, mas quando se está pressionado às vezes o ideal é mesmo simplificar, ainda mais em Copa do Mundo. Curioso que este gol lembrou, neste aspecto, aquele que classificou Camarões às quartas de final de 1990 justamente contra... A COLÔMBIA! Naquele caso, quem fez a cagada foi o René Higuita.
Vine disse…
Lance que beira o amadorismo aquele...