Copa 2014: Portugal

No Brasil, Portugal disputará sua quarta Copa do Mundo consecutiva. Nada mau para quem só havia disputado duas das 16 primeiras edições do torneio. Em 2002, a equipe entrou como uma das favoritas, numa brilhante geração comandada por Figo, então melhor jogador do mundo, mas parou na primeira fase. Quatro anos mais tarde, Figo era um veterano, Deco uma das estrelas, Cristiano Ronaldo um jovem promissor, e o aguerrido time de Luiz Felipe chegou às semifinais. Em 2010, com Ronaldo já consolidado como uma das estrelas mundiais, chegou às oitavas, em campanha discreta. E agora?

Mais do que nunca, Portugal é dependente, sim, de Cristiano Ronaldo. Em 2010, ele não jogou nem metade do que sabe, e a equipe acabou eliminada sem ter grandes atuações. Mas Ronaldo cresceu muito nesses quatro anos. No Real Madrid, ganhou o título europeu e bateu o recorde de gols numa edição da Liga dos Campeões. Pela seleção, foi o condutor da ótima campanha na última Euro (Portugal foi semifinalista e só perdeu para a Espanha nos pênaltis) e destruiu a Suécia na repescagem das eliminatórias, em dois duelos inesquecíveis com a Suécia de Ibrahimovic. Está pronto, mais do que nunca, para realizar uma grande Copa - isso se as lesões não atrapalharem seus planos.

Por isso a questão física do craque preocupa tanto. Sem Cristiano Ronaldo, quem pode desequilibrar? Ninguém. O máximo que a equipe lusitana possui são bons jogadores (Hugo Almeida, Nani, Fábio Coentrão, Raul Meireles, João Moutinho), todos coadjuvantes, que necessitam de alguém com técnica superior. Se Ronaldo superar a lesão que tanto o incomoda e jogar boa parte do que sabe, a equipe não só passa de fase como pode beliscar algo um pouco maior. Repetir 2006, porém, é improvável.

O CAMINHO
Não é dos mais simples. Sem saber se poderá contar com Cristiano Ronaldo, a equipe já estreia diante da poderosa Alemanha, como na Eurocopa de 2012. Depois enfrentará os Estados Unidos provavelmente com necessidade de vitória antes de encarar Gana, numa possível decisão de vaga para as oitavas de final. Ao menos não há nenhum bicho papão previsto para o cruzamento da segunda fase. Ou seja: passar entre os 16 não é simples, mas, conseguindo isso, chegar entre os 8 é uma realidade atingível.

DESTAQUE
Em 2010, a crítica que se fazia a Cristiano Ronaldo era a de que, na seleção, ele não repetia o grande desempenho do Real Madrid (embora tenha ido bem, como revelação, na Euro de 2004 e na Copa de 2006). As grandes atuações na última Euro, especialmente diante de Holanda e República Tcheca, e a histórica partida em que marcou três gols contra a Suécia, em Estocolmo, pelas eliminatórias, encerraram a discussão de vez.

PONTOS FORTES
Apesar de Cristiano Ronaldo ser a estrela solitária da equipe, Portugal tem um time entrosado, organizado e coeso. Não há grandes falhas: a defesa conta com zagueiros seguros e é bem protegida pelos volantes; o meio combate e ataca com eficiência e versatilidade; e o ataque, além de Ronaldo, tem boas opções para a camisa 9 também. O técnico Paulo Bento faz um bom trabalho à frente da seleção.

PONTOS FRACOS
Evidentemente, a dependência de Cristiano Ronaldo pesa bastante. Em uma noite menos inspirada ou em que esteja muito marcado, o craque pode não render tudo o que sabe, e aí a equipe tende a ficar previsível demais. Ronaldo marcou um terço dos gols portugueses nas eliminatórias. Somando assistências, sua taxa de participação na efetividade ofensiva da equipe beira os 40%.

A HISTÓRIA
É curiosa a trajetória de Portugal em Copas. Os lusitanos disputaram apenas cinco das 19 edições do torneio, mas em duas delas foram semifinalistas. Em 1966, o time de Eusébio perdeu para a Inglaterra, ficando com o 3º lugar. Em 2006, a derrota na semifinal foi para a França - a equipe foi 4ª colocada. Há ainda uma eliminação nas oitavas (2010) e duas decepções, com quedas na fase de grupos de 1986 e 2002.

Comentários

Franke disse…
Estou com um pressentimento estranho nessa Copa. Parte dele me diz que Portugal vai longe.