Copa 2014: Argentina

A Copa é na América do Sul, a Argentina tem o melhor jogador mundo de quatro das últimas cinco temporadas, um trabalho feito há tempos por um técnico criterioso e um punhado de craques. É impossível não colocar os hermanos entre os principais favoritos para o título mundial deste ano. Nunca, desde 1986, tantas condições pré-Copa favoráveis foram listadas para a seleção argentina.

Messi não teve em 2013/14 seu melhor ano. Muitos dizem que ele se poupou justamente para a disputa da Copa do Mundo. Não parece ser tão verdade, dado seu reconhecido profissionalismo, mas uma coisa é certa: a ideia de que ele não rende na seleção o mesmo que no Barcelona é passado. No momento, tem sido até mais jogador com a camisa da Argentina que com a do clube catalão. Nas eliminatórias, o altíssimo nível de suas atuações foi decisivo para a campanha tranquila da albiceleste rumo à liderança folgada da complicada América do Sul.

Mas e se Messi não for aquele que se espera? Qualidade a Argentina terá de sobra, mesmo assim: Agüero, Di María, Palacio e Lavezzi são alguns dos grandes nomes que compõem o elenco chamado por Alejandro Sabella. E é bom que rendam bem mesmo, pois a comoção pela não convocação de Tevez foi grande, e não só na pátria platina.

O CAMINHO
A Argentina acabou dando sorte. Seu grupo não é exatamente uma barbada, mas está entre os mais acessíveis da Copa. É praticamente impossível ver a equipe se complicando para obter a classificação diante de Bósnia (a qual venceu por 2 a 0 em novembro, antes do sorteio da Copa), Irã e Nigéria. Nas oitavas, talvez, venha a primeira real pedreira: a França, caso uma seja líder e a outra vice-líder de seus respectivos grupos. Se não forem os franceses, o adversário pode ser Suíça ou Equador, e aí igualmente a equipe de Sabella entraria como favorita. Liderando a chave, a Argentina provavelmente só cruzaria o caminho do Brasil na final.

DESTAQUE
É impossível não dar o destaque a Lionel Messi, melhor do mundo em 2009, 2010, 2011 e 2012. É ele quem deve assumir o papel de desequilibrar os jogos a favor da Argentina, a exemplo de Maradona em 1986, até para apagar sua discreta Copa na África do Sul - Dieguito também teve a sua antes da glória, em 1982, na Espanha. Gênios do naipe de Messi costumam ganhar ao menos uma Copa do Mundo, normalmente como protagonistas. Aos 27 anos, em um torneio na América do Sul, com uma equipe bem organizada (ao contrário de 2010), esta tem tudo para ser a sua Copa.

PONTOS FORTES
Sem dúvida, o poder ofensivo da equipe. A Argentina dispõe do melhor elenco de atacantes do mundo há alguns anos. Além de Messi, há Agüero, Higuaín, Lavezzi e Palacio como opções, fora a qualidade de Di María na articulação. Nas eliminatórias, a equipe teve disparado o melhor ataque, com 35 gols marcados em 16 jogos, mais de 2 por partida em média. Em sete dos 16 jogos, quase a metade, a Argentina fez 3 ou mais gols sobre seus adversários. A organização e o conjunto da equipe também são uma marca do trabalho de Sabella.

PONTOS FRACOS
A ideia de organizar literalmente um time na seleção traz, muitas vezes, o efeito colateral de nomes de brilho ficarem de fora por não se encaixarem no grupo. É o caso de Tevez, cuja ausência, embora não surpreenda os argentinos, foi bastante sentida por todos. Outro problema histórico é a defesa, que não conta com jogadores do mesmo nível do restante do time. O bom trabalho de Sabella minimizou o problema, mas diante de adversários fortes a zaga argentina poderá vazar.

A HISTÓRIA
A Argentina é uma das seleções mais tradicionais do futebol mundial. Em termos de jogos disputados em Copas, só perde para Brasil, Alemanha e Itália. Chegou a quatro finais (só estes três disputaram mais vezes a decisão), ganhando duas, em 1978 e 1986. Depois do vice de 1990, porém, o máximo a que a equipe chegou foi nas quartas de final, em 1998 e 2006. A Argentina não conquista um título com sua seleção principal há 21 anos: o último foi a Copa América de 1993. Está na hora de acabar o jejum.

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