Como dona da casa

Mineirão ou El Campín? Qual foi o local do jogo de hoje, entre Colômbia e Grécia? A pergunta pode parecer absurda, mas quem olhava as arquibancadas do estádio de Belo Horizonte só enxergava amarelo, como se estivesse vendo uma partida em Bogotá ou Barranquilla. A Colômbia jogou em casa diante da Grécia, e assim deve ser durante boa parte desta Copa do Mundo. Uma força a mais para uma equipe que, mesmo sem sua principal estrela, mostrou condições de ir longe.

Sem Falcao, Pekerman surpreendeu, mas acertou na escolha do esquema. Em vez de colocar Jackson Martínez ao lado de Teo Gutiérrez no ataque, optou apenas pelo segundo. Não que o artilheiro do Porto merecesse ficar de fora, de maneira alguma. Mas o treinador sabia que a força grega partia muito dos lados do campo, com Torosidis e Salpingidis pela direita, Holebas e Samaras pela esquerda. Colocando dois meias abertos como pontas, bloqueava este avanço grego naturalmente, e de forma ofensiva, já que o apoio dos torcedores no Mineirão praticamente exigiam uma postura ofensiva da equipe.

O começo foi altamente promissor. Com cinco minutos a Colômbia já vencia por 1 a 0, graças a uma ótima jogada de Cuadrado, pela direita, finalizada por Armero, ala canhoto. James Rodríguez coordenava as jogadas ofensivas, Ibarbo e Armero faziam um lado forte pela esquerda, e a Grécia não conseguia sair de trás. Para um time montado, como quase sempre, para se defender, sair perdendo logo de cara é um drama e tanto. Em todas as estreias gregas em Copas foi assim (contra a Argentina, em 1994, Batistuta fez logo aos 2 minutos, e em 2010 Lee Jung-Soo fez 1 a 0 Coreia aos 6).

A Colômbia fez um jogo típico de equipe mandante. Fez a pressão inicial, marcou seu gol e diminuiu o ritmo após os 20 minutos, quando os gregos aos poucos foram se soltando. A partir da metade do primeiro tempo houve domínio territorial dos "visitantes", mas perigo, mesmo, só em raras bolas aéreas. Falta criatividade ao time grego, problema histórico do futebol do país.

O curioso é que foi a Colômbia que marcou na bola parada, não a Grécia. Gutiérrez, como bom matador, aproveitou casquinha de Yepes e enfiou o pé nela. Foi só aí que os gregos resolveram arriscar tudo de vez. Entraram Fetfazidis, ponta habilidoso e rápido pela direita, e o centroavante Mitroglou. Pekerman utilizou bons antídotos: Mejía, líder do Atlético Nacional, deu mais consistência à cabeça de área, enquanto Arias, mais marcador que Armero, estancou a sangria causada por Fetfazidis na canhota. Com a Grécia controlada e a vitória assegurada, James Rodríguez ainda encontrou tempo de fazer o outro.

O resultado é totalmente exagerado pelo que foi o jogo. A Colômbia não foi tão superior a ponto de abrir três gols sobre o medíocre time grego, nem de perto. Mas fica o alerta: sem jogar tudo o que sabe, a equipe de Pekerman venceu com placar folgado, abrindo vantagem em um grupo equilibrado. E terá torcida a favor, especialmente quando o adversário for de outro continente. Tem bola para dar dor de cabeça para muita gente grande, inclusive os campeões mundiais do Grupo D.

Ficha técnica
Copa do Mundo 2014 - Grupo C - 1ª rodada
14/junho/2014
COLÔMBIA 3 x GRÉCIA 0
Local:
Mineirão, Belo Horizonte (BRA)
Árbitro: Mark Geiger (EUA)
Público: 57.174
Gols: Armero 4 do 1º; Gutiérrez 12 e Rodríguez 47 do 2º
Cartão amarelo: Sánchez, Sokratis e Salpingidis
COLÔMBIA: Ospina (6,5), Zuñiga (6), Zapata (6), Yepes (6,5) e Armero (6,5) (Arias, 28 do 2º - 5,5); Aguilar (6) (Mejía, 23 do 2º - 6), Sánchez (5,5), e Rodríguez (6,5); Cuadrado (6,5), Gutiérrez (6) (Martínez, 28 do 2º - 5,5) e Ibarbo (6). Técnico: José Pekerman
GRÉCIA: Karnezis (5), Torosidis (5,5), Manolas (6,5), Sokratis (5,5) e Holebas (5); Maniatis (6), Kone (6) (Karagounis, 32 do 2º - sem nota) e Katsouranis (4,5); Salpingidis (5) (Fetfazidis, 11 do 2º - 6), Gekas (4,5) (Mitroglou, 18 do 2º - 4,5) e Samaras (4,5). Técnico: Fernando Santos

Comentários