Bem vingado - e encaminhado

Nas últimas duas Copas do Mundo, os Estados Unidos foram eliminados por Gana. Em 2006, uma derrota por 2 a 1 na última rodada da fase de grupos acabou com o sonho americano de chegar às oitavas. Na África do Sul, um novo 2 a 1 ganês, agora na prorrogação, tirou a equipe norte-americana das quartas. Hoje, em Natal, a vingança veio na mesma moeda, ou quase: os mesmos 2 a 1 de sempre, desta vez a favor. Resultado que não garante os americanos nas oitavas, mas ajuda a encaminhá-los até lá.

Sabedor de que seu time é tecnicamente menos qualificado, Klinsmann entrou em campo com uma proposta cautelosa. Três volantes, Bradley mais adiantado e o meia Dempsey atuando como atacante. E deu tudo certo mais do que se poderia prever. Aos 30 segundos sua equipe já vencia por 1 a 0, golaço de Dempsey, em maravilhosa jogada individual pelo lado esquerdo. Um gol que desnorteava Gana e favorecia ainda mais a estratégia americana.

Fechando os espaços no meio e contra-atacando com velocidade, os Estados Unidos seguiam superiores e mais perigosos. Até a lesão de Altidore: com lesão muscular, o rápido atacante teve de deixar o campo aos 22 minutos, e sem ele Klinsmann perdia uma peça importantíssima para a execução de sua estratégia. Johansson, o substituto, mostrou boa técnica, mas sem a mesma velocidade. Sem o poder de preocupar tanto Gana, a equipe norte-americana foi se encolhendo e permitindo o crescimento do adversário. O primeiro tempo já terminava com os ganeses mais presentes no ataque que acossados atrás.

No segundo tempo, Gana voltou com tudo em busca do empate. Muntari e Andre Ayew, mais movediços, envolviam a marcação e abasteciam Gyan com grande efetividade, mas ainda faltava um capricho maior nas conclusões. Quando o técnico Kwesi Appiah deixou a teimosia de lado e colocou em campo as duas maiores expressões técnicas do elenco (Essien e Prince Boateng), a pressão ficou insustentável. Bem mais qualificado no passe, o time criou cada vez mais perigo até empatar, num golaço de Andre Ayew. E a virada, com tanta gente boa em campo, parecia questão de tempo.

Aí, veio a eficiência do time norte-americano. Mesmo sem as peças ideais, os norte-americanos precisaram de apenas quatro minutos para retomar a vantagem, num gol de bola parada, uma linda cabeçada de Brooks, colocado por Klinsmann no intervalo para justamente melhorar o jogo aéreo. Brilhou a estrela do técnico alemão, que segue sendo um show à parte ao comemorar os gols de sua equipe.

A vitória é muito mais importante do que uma simples vingança. Com Portugal goleado e Gana derrotada, os Estados Unidos saltam na frente na encruada disputa pela segunda vaga do Grupo G, já que a primeira deve ser da favorita Alemanha. Se empatarem com Portugal no próximo domingo, ficam pertíssimo da vaga, pois dificilmente serão goleados pelos alemães como foram os portugueses, e mais dificilmente ainda Gana vencerá a tricampeã mundial. Aliás, se der empate entre americanos e portugueses, os ganeses podem, na prática, arrumar a mala para casa, a menos que roubem pontos dos alemães. Não jogaram mal hoje, mas precisarão ir muito além para não perderem para a favoritaça da chave.

Em tempo:
- Gol de Dempsey foi o sexto mais rápido da história das Copas. O primeiro segue sendo o de Hakan Sukur na decisão do 3º lugar de 2002, quando a Turquia bateu a Coreia do Sul por 3 a 2.

Ficha técnica
Copa do Mundo 2014 - Grupo G - 1ª rodada
16/junho/2014
GANA 1 x ESTADOS UNIDOS 2
Local: Arena das Dunas, Natal (RN)
Árbitro: Jonas Eriksson (SUE)
Público: 39.760
Gols: Dempsey 28 segundos do 1º; Andre Ayew 36 e Brooks 40 do 2º
Cartão amarelo: Muntari e Rabiu
GANA: Kwarasey (5), Opare (4,5), Jonathan Mensah (5,5), Boye (4,5) e Asamoah (5,5); Rabiu (5) (Essien, 25 do 2º - 5,5), Muntari (6) e Andre Ayew (6,5); Jordan Ayew (5) (Prince Boateng, 13 do 2º - 6), Gyan (6,5) e Atsu (6) (Adomah, 32 do 2º - 5,5). Técnico: Kwesi Appiah
ESTADOS UNIDOS: Howard (7,5), Johnson (5,5), Cameron (6), Besler (5,5) (Brooks, intervalo - 7) e Beasley (6); Beckerman (6,5), Bedoya (5,5) (Zusi, 31 do 2º - 6), Jones (6) e Bradley (6); Dempsey (7) e Altidore (6) (Johansson, 22 do 1º - 5,5). Técnico: Jürgen Klinsmann

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