A mais copeira da Europa

Nos três torneios grandes em que passou da fase de grupos, a Grécia o fez conquistando meros 4 pontos. Uma vitória, um empate e uma derrota. Duas vezes com saldo zero, uma com saldo negativo. É a seleção mais copeira e pragmática da Europa, e provou isso mais uma vez no Castelão: mesmo diante de uma equipe visivelmente superior como a Costa do Marfim, portou-se melhor em campo, foi mais organizada, humilde e eficiente e conquistou a vaga com méritos para pegar a Costa Rica, no duelo de oitavas de final mais surpreendente das últimas décadas.

Tecnicamente, a Grécia era a seleção mais fraca do Grupo C. Porém, é uma equipe organizada. O empate com o Japão, lembremos, foi arrancado com um homem a menos. Um resultado, como dissemos na oportunidade, vital: permitiria à equipe helênica se classificar com uma vitória simples sobre os marfinenses, desde que a Colômbia não perdesse para o Japão. Tudo deu certo.

A Costa do Marfim entrou em campo de forma displicente. Precisava apenas de um empate, e sabia que era melhor. Menosprezou as chances da Grécia de fazer o crime, mesmo que hoje suas principais e experientes estrelas (Yayá e Kolo Touré, Kalou, Drogba e Gervinho) estivessem em campo, ao contrário de outros jogos desta etapa de grupos. Desconcentrado, o time africano cedia espaços para os gregos e perdia bolas fáceis no meio. Mesmo jogando no erro adversário e sem a posse de bola, a seleção grega, além dos dois gols, chutou três bolas na trave do goleiro Barry. Teve mais chances claras, portanto.

A desconcentração do time africano ficou visível no lance do gol de Samaris, quando o volante Tioté perdeu a bola. E era assim mesmo que a Grécia poderia chegar: aproveitando falhas alheias, mesmo que tivesse o controle do meio-campo e do jogo. O experiente Karagounis no meio até conseguia criar jogadas, mas a força para chegar à frente só vinha mesmo pelos lados, com Torisidis pela direita e, especialmente, Holebas pela esquerda.

Com a bronca de Sabri Lamouchi no intervalo, a Costa do Marfim voltou com outra disposição. Yayá Touré, Drogba e Gervinho entraram no jogo, a equipe saiu da zona de conforto e começou a criar perigo, mas parava na normalmente bem postada zaga helênica. A Grécia, ainda assim, tinha suas chances. Porém, não resistiu e sofreu o empate. Tendo de partir para cima, exporia suas fraquezas. Estava, portanto, prestes a ser eliminada. Até que uma nova bobagem marfinense determinou o pênalti e a classificação, nos descontos, do time mais copeiro da Europa. Sem grande categoria, mas com toda a justiça do mundo.

Ficha técnica
Copa do Mundo 2014 - Grupo C - 3ª rodada
24/junho/2014
GRÉCIA 2 x COSTA DO MARFIM 1
Local: Castelão, Fortaleza (BRA)
Árbitro: Carlos Vera (EQU)
Público: 59.095
Gols: Samaris 41 do 1º; Bony 28 e Samaras (pênalti) 47 do 2º
Cartão amarelo: Dié, Drogba e Kalou
GRÉCIA: Karnezis (5,5) (Glykos, 23 do 1º - 6), Torosidis (6), Manolas (5,5), Sokratis (6) e Holebas (7); Karagounis (6,5) (Gekas, 32 do 2º - sem nota), Maniatis (5,5) e Christodoulopoulos (5,5); Kone (sem nota) (Samaris, 11 do 1º - 6,5), Salpingidis (5,5) e Samaras (7,5). Técnico: Fernando Santos
COSTA DO MARFIM: Barry (6,5), Aurier (4,5), Kolo Touré (5,5), Bamba (4,5) e Boka (5); Tioté (4) (Bony, 15 do 2º - 6,5), Dié (5) e Yayá Touré (6); Kalou (4,5), Drogba (6) (Diomandé, 32 do 2º - sem nota) e Gervinho (6,5) (Sio, 37 do 2º - 3). Técnico: Sabri Lamouchi

Comentários

Chico disse…
A seleção helênica foi melhor e mereceu a vitória.

Samaras, o caçador de elefantes.

Vine disse…
Grécia x Uruguai: eu acredito!

Se rolar esse jogo, tirem a bola e deem escudos e espadas pros jogadores...