3 por 1

O placar de 1 a 0 a favor do México diante de Camarões é o que vai para a história das Copas e para os números do Grupo A, mas não reflete o que foi de fato o confronto. Os mexicanos foram quase sempre superiores, e não apenas mereciam construir uma goleada maior, como de fato fizeram dois gols legítimos, mal anulados pela arbitragem. Giovani dos Santos, Herrera, Ochoa e Peralta salvaram a pele do auxiliar colombiano Humberto Clavijo, o vilão do primeiro tempo e pivô da segunda arbitragem ruim no segundo jogo da Copa do Mundo de 2014.

Quem vê os esquemas pensa que o México, no seu 3-5-2, é um time excessivamente cauteloso, enquanto Camarões, no seu 4-3-3, está postado para atacar. Foi justamente o contrário que se verificou em campo. Empurrado por seus cerca de 15 mil torcedores na Arena das Dunas, o México veio para cima desde o início. No 3-5-2, os alas Aguilar e Layún subiam o tempo todo, sempre algum zagueiro saía de trás para causar o elemento-surpresa e a movimentação de todos no meio era intensa e criativa. Pelos lados, a equipe de Miguel Herrera transtornava os camaroneses.

Para entrar no jogo, a seleção africana recuou seus pontas Mounkandjo e Moting para recompor o meio com cinco homens, bloqueando os alas astecas. Eto'o ficou isolado na frente, mas contava com boas subidas dos laterais, especialmente o incisivo Ekotto pela esquerda. Camarões equilibrou, teve algumas chances claras, mas o primeiro tempo acabou equilibrado. E com dois gols mal anulados para o lado mexicano, o que causava um desgaste emocional tremendo no time de Herrera.

Camarões se reconstruiu no intervalo. Os meias Enoh e M'Bia recuaram a ponto de quase serem uma bengala para os laterais, fazendo a equipe se comportar quase no 6-3-1. O México passou a ter mais dificuldades para jogar pelos lados. Foi, então, pelo meio que chegou ao gol, com Herrera achando Giovani livre, e Peralta, como bom centroavante, babando para pegar o rebote e matar Itandje.

Já com Chicharito Hernández em campo após o gol, o México tratou de se resguardar e segurar a vantagem, tentando aproveitar a fragilidade da zaga africana nos contragolpes. Soube segurar Camarões, apesar de Ochoa ser exigido no final da partida, mas não atacou tudo o que gostaria. Era desgaste demais, mesmo. A equipe de Miguel Herrera, na verdade, fez 3 gols para 1 valer. Correu forte em busca desta vantagem por 60 minutos. Num campo pesado e de clima quente e chuvoso, eram previsíveis dificuldades de encaixar uma jogada em velocidade.

Para quem vinha em crise, o México exibiu um bom futebol. Impôs-se ao adversário, mostrou superioridade, e mais: pode encarar o Brasil a ponto de criar dificuldades, e tem condições de brigar pela classificação contra a Croácia, que apesar da derrota de ontem mostrou qualidades. Já Camarões, à exceção de dois ou três jogadores, é um time aguerrido, mas defensivamente frágil e ofensivamente dependente de Eto'o. Não assusta.

Ficha técnica
Copa do Mundo 2014 - Grupo A - 1ª rodada
13/junho/2014
MÉXICO 1 x CAMARÕES 0
Local: Arena das Dunas, Natal (BRA)
Árbitro: Wilmar Roldán (COL)
Público: 39.216
Gol: Peralta 15 do 2º
Cartão amarelo: Moreno e Nounkeu
MÉXICO: Ochoa (6), Rodríguez (6), Márquez (6,5) e Moreno (6); Aguilar (5,5), Vázquez (5,5), Herrera (6,5), Guardado (6) (Fabián, 23 do 2º - 5) e Layún (6,5); Giovani dos Santos (7) e Peralta (6) (Hernández, 25 do 2º - 5). Técnico: Miguel Herrera
CAMARÕES: Itandje (6), Djeugoue (4) (Nounkeu, intervalo - 5), N'Koulou (5,5), Chedjou (5) e Ekotto (6,5); Song (5,5) (Webo, 34 do 2º - sem nota), M'Bia (5,5) e Enoh (5); Mounkandjo (4,5), Eto'o (5,5) e Moting (5,5). Técnico: Volker Finke

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