O violeta mais brilhante

O time que mais bem havia enfrentado o Atlético Nacional nesta Libertadores era o Grêmio, e com a seguinte proposta: esperar o time colombiano e ter uma saída rápida e letal no contragolpe, tanto em casa como fora. Foi exatamente o que fez o Defensor nos dois jogos contra a equipe de Medellín. Fernando Curutchet armou sua defesa de uma forma sólida sem deixar de ter a alternativa do contra-ataque em nenhum momento dos 180 minutos das quartas de final. E, assim como o Grêmio, o Defensor aproveitou os erros colombianos, não tomou gols e conseguiu deixar os seus, chegando pela primeira vez na história às semifinais da Libertadores.

É verdade que a proposta de jogo no Centenario ficou facilitada devido à vantagem obtida em Medellín. No Atanásio Girardot, o Defensor teve competência e um tanto de sorte também. Fez 2 a 0 e trouxe para Montevidéu uma confortável vantagem, que obrigou o Atlético Nacional a apressar o seu jogo o tempo todo. O toque de bola paciente e envolvente, característica da equipe de Osorio, só se via quando Cárdenas pegava na bola. De resto, vimos erros que certamente não seriam cometidos se a situação do confronto fosse de equilíbrio. O ala canhoto Valencia, que perdeu duas vezes o domínio de bolas fáceis no primeiro tempo, foi um símbolo disso.

Também o Atlético Nacional ressentiu-se da ausência de Cardona, seu temperamental condutor, expulso no jogo de ida - como já havia ocorrido diante do Atlético-MG, em Medellín. Cárdenas era uma espécie de estrela solitária no ataque. Sem Cardona, não tinha parceiro para criar, e era obrigado a jogar mais longe do gol para exercer essa tarefa, o que dificultava seu ótimo arremate de média distância. No banco, só Ángel, parecia ter qualidade para concluir - o veterano viajou desta vez, entrando no segundo tempo. Antes, na melhor chance da etapa inicial, Cárdenas deu passe espetacular, deixando Duque na cara do gol, mas Valoy se intrometeu, driblou o zagueiro e, cara a cara com Campaña, chutou por cima. Não se pode perder esse tipo de chance.

O Defensor, ao contrário de Medellín, foi bem mais seguro defensivamente em casa. Fleurquín e Cardaccio foram dois leões à frente da área, enquanto Zeballos e Correa se mostraram eficientes nas tentativas de invasões pelos lados. Aos 21 da etapa final, Curutchet então entrou com a arma letal: Olivera. Escancarou que a partir daquele momento seu time apostaria completamente no contragolpe. Cansado de tanto criar e pouco ter chances, o Atlético Nacional abusava cada vez mais do chuveirinho. Chegou mais uma ou duas vezes com perigo antes do cantadíssimo gol do veterano, que começou com De Arrascaeta, continuou na velocidade com o ótimo Pais e terminou, claro, com Olivera livre na área matando o confronto.

O Defensor é um grande, enorme semifinalista. Foi líder de um grupo com os fortes Cruzeiro e Universidad de Chile, reverteu uma desvantagem complicada perante o Strongest e agora bate duas vezes o forte campeão colombiano, sem tomar gols. Curutchet foi inteligente. Seu time tinha bola para encarar o Atlético Nacional e ser mais propositivo, mas preferiu apostar na velocidade de Gedoz, Pais, Luna e De Arrascaeta, no oportunismo de Olivera, na segurança de sua zaga, goleiro e volantes, e matar o confronto atuando da mesma forma que a equipe que bateu o Atlético Nacional duas vezes na fase de grupos. Repetiu o desempenho do Grêmio, ganhou os dois jogos e é o favorito para chegar à final, pois tem mais time que o Nacional-PAR.

Outro grande semifinalista é o Bolívar, um dos times mais copeiros desta Libertadores. Foi líder de um grupo igualmente complicado, passou pelo León no saldo qualificado e fazia o mesmo diante do Lanús, time matreiro, campeão da última Sul-Americana. Porém, assim como no jogo de ida, um golzinho no fim definiu a parada. A Libertadores 2014 terá um campeão inédito. Como bem apontou nosso amigo e leitor Frederick Martins, é a primeira desde 1992 que apresenta quatro semifinalistas que nunca a venceram - deles, só o San Lorenzo havia chegado entre os quatro melhores antes. Há um time de cada país na disputa. E embora o campeão argentino e o Defensor pintem como os favoritos, todo o cuidado é pouco na hora de apontar quem chegará à final. Destes quatro, só o time do Papa era indicado como possível candidato lá em janeiro, quando o torneio iniciou.

Em tempo:
- A Libertadores só volta após a Copa do Mundo. As semifinais terão jogo de ida em Assunção e Buenos Aires, com volta em Montevidéu e La Paz.

Ficha técnica
Copa Libertadores da América 2014 - Quartas de final - Jogo de volta
15/maio/2014
DEFENSOR 1 x ATLÉTICO NACIONAL 0
Local: Centenario, Montevidéu (URU)
Árbitro: Enrique Osses (CHI)
Público: 30.000
Gol: Olivera 44 do 2º
Cartão amarelo: Fleurquín, Henríquez, Murillo e Ángel
DEFENSOR: Campaña (7), Zeballos (6), Malvino (8), Correa (7) e Herrera (7); Fleurquín (7), Cardaccio (7) (Amado, 46 do 1º - 7) e De Arrascaeta (7); Pais (8), Alonso (6) (Olivera, 21 do 2º - 8) e Gedoz (7) (Silva, 39 do 2º - sem nota). Técnico: Fernando Curutchet
ATLÉTICO NACIONAL: Armani (6), Nájera (6), Henríquez (7) e Murillo (6) (Uribe, 12 do 2º - 6); Bocanegra (6), Mejía (7), Bernal (6) (Páez, 26 do 2º - 5), Cárdenas (7) e Valencia (3); Valoy (4) e Duque (5) (Ángel, 12 do 2º - 5). Técnico: Juan Carlos Osorio

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