O melhor San Lorenzo e o Cruzeiro de sempre
O jogo de hoje, como não poderia deixar de ser, foi decisivamente influenciado pelo gol de Piatti. O 1 a 0, cedo, era tudo o que o San Lorenzo mais sonhava e que o Cruzeiro mais temia. Com apenas 8 minutos já sabíamos que não haveria pênaltis, e que só três gols levariam a Raposa adiante na Libertadores. Prato cheio para o desespero mineiro e para o amorcegamento argentino, um cenário facilmente previsível na nervosa noite no Mineirão.
Mas o San Lorenzo foi muito além de um time matreiro. Jogou sua melhor partida na Libertadores, superior inclusive ao massacre diante do Botafogo. Contando com um Piatti inspiradíssimo, teve segurança defensiva, velocidade para contragolpear e soube cadenciar o jogo no meio quando convinha. Se era sabido que o grande problema cruzeirense era a fragilidade defensiva, explorar os erros do time brasileiro em velocidade, pegando a retaguarda de calça curta, era uma tática tão óbvia quanto sábia. E só não dá para dizer que foi explorada à perfeição porque o time perdeu gols demais. Piatti, o autor do gol e craque do jogo, perdeu uma cara a cara com Fábio aos 33. Era a bola do jogo e da classificação.
Marcelo Oliveira talvez tenha mesmo acertado ao apostar em Marcelo Moreno. O boliviano foi o melhor cruzeirense em campo, o mais aplaudido ao final do jogo, e vive de fato uma boa fase no time suplente. Porém, o sacado é que foi equivocado. Júlio Baptista, no meio, foi lento e sem a intensidade que o jogo exigia. Melhor seria retirá-lo do time, e não Ricardo Goulart, que poderia dar uma alternativa mais veloz e aguda para um time que precisava de velocidade para surpreender os argentinos.
O cenário manteve-se semelhante no segundo tempo. Marcelo Oliveira tirou Nílton no intervalo e abriu de vez o time com Dagoberto. Sua equipe seguiu criando e desperdiçando chances, mas estava cada vez mais exposta aos contragolpes. Faltou ao San Lorenzo capricho na finalização; ao Cruzeiro, um pouco mais de sorte. Quando Bauza tirou Correa e colocou Romagnoli, deixou claro que o objetivo agora nem seria mais o contra-ataque, mas sim segurar a bola e matar tempo. Foi a senha para o Cruzeiro se atirar de vez para cima. Depois de dois milagres de Torrico, Bruno Rodrigo empatou. O goleiro argentino fez mais duas grandes defesas na sequência. A seguir, com Romagnoli expulso, parecia que era possível. Mas não foi.
A verdade é que o Cruzeiro nunca repetiu na Libertadores o futebol do Brasileirão. Tropeçou diversas vezes, quase caiu diante do Cerro Porteño, e contra o melhor time que enfrentou na competição foi finalmente eliminado. Em cinco jogos no Mineirão, ganhou só dois e empatou três. Diante do San Lorenzo, que agora é o principal favorito ao título sul-americano da temporada, jogou um futebol bem inferior ao do Grêmio: os mineiros foram mais acanhados em Buenos Aires e desorganizados em Belo Horizonte. Na Arena, o San Lorenzo não jogou metade do que fez no Mineirão.
Talvez isso se explique não apenas pelo fato de o Grêmio ter tido desempenhos superiores aos do Cruzeiro na Libertadores, mas também à própria evolução e crescimento do San Lorenzo. O campeão argentino está pronto para ganhar a América, e já igualou sua melhor campanha na história da Libertadores. Tirou da competição três brasileiros, e não terá nenhum bicho-papão pela frente nas próximas etapas. Muito além da fé do Papa Francisco, trata-se de um time bastante forte e muito bem treinado.
Em tempo:
- O Nacional-PAR segue fazendo história. Já está entre os quatro melhores da Libertadores, e deve pegar o Defensor na semifinal mais insólita da competição em todos os tempos.
- Desde 1991 não tínhamos uma Libertadores sem nenhum clube brasileiro entre os semifinalistas. A edição de 2014 é uma das mais surpreendentes da história.
Ficha técnica
Copa Libertadores da América 2014 - Quartas de final - Jogo de volta
14/maio/2014
CRUZEIRO 1 x SAN LORENZO 1
Local: Mineirão, Belo Horizonte (MG)
Árbitro: Martín Vázquez (URU)
Público: 44.220
Renda: R$ 2.678.137,50
Gols: Piatti 8 do 1º; Bruno Rodrigo 25 do 2º
Cartão amarelo: Dedé, Matos e Kannemann
Expulsão: Romagnoli 32 do 2º
CRUZEIRO: Fábio (7), Ceará (4), Dedé (5), Bruno Rodrigo (7) e Samudio (5) (Egídio, 32 do 1º - 6); Nílton (5) (Dagoberto, intervalo - 6), Henrique (5) e Éverton Ribeiro (6); Júlio Baptista (4) (Ricardo Goulart, 11 do 2º - 5), Marcelo Moreno (8) e Willian (4). Técnico: Marcelo Oliveira
SAN LORENZO: Torrico (9), Buffarini (7), Valdés (7), Gentiletti (8) e Más (6); Mercier (8), Ortigoza (7), Villalba (8) (Kalinski, 30 do 2º - 6) e Piatti (8) (Kannemann, 23 do 2º - 5); Correa (6) (Romagnoli, 14 do 2º - 3) e Matos (6). Técnico: Edgardo Bauza
Mas o San Lorenzo foi muito além de um time matreiro. Jogou sua melhor partida na Libertadores, superior inclusive ao massacre diante do Botafogo. Contando com um Piatti inspiradíssimo, teve segurança defensiva, velocidade para contragolpear e soube cadenciar o jogo no meio quando convinha. Se era sabido que o grande problema cruzeirense era a fragilidade defensiva, explorar os erros do time brasileiro em velocidade, pegando a retaguarda de calça curta, era uma tática tão óbvia quanto sábia. E só não dá para dizer que foi explorada à perfeição porque o time perdeu gols demais. Piatti, o autor do gol e craque do jogo, perdeu uma cara a cara com Fábio aos 33. Era a bola do jogo e da classificação.
Marcelo Oliveira talvez tenha mesmo acertado ao apostar em Marcelo Moreno. O boliviano foi o melhor cruzeirense em campo, o mais aplaudido ao final do jogo, e vive de fato uma boa fase no time suplente. Porém, o sacado é que foi equivocado. Júlio Baptista, no meio, foi lento e sem a intensidade que o jogo exigia. Melhor seria retirá-lo do time, e não Ricardo Goulart, que poderia dar uma alternativa mais veloz e aguda para um time que precisava de velocidade para surpreender os argentinos.
O cenário manteve-se semelhante no segundo tempo. Marcelo Oliveira tirou Nílton no intervalo e abriu de vez o time com Dagoberto. Sua equipe seguiu criando e desperdiçando chances, mas estava cada vez mais exposta aos contragolpes. Faltou ao San Lorenzo capricho na finalização; ao Cruzeiro, um pouco mais de sorte. Quando Bauza tirou Correa e colocou Romagnoli, deixou claro que o objetivo agora nem seria mais o contra-ataque, mas sim segurar a bola e matar tempo. Foi a senha para o Cruzeiro se atirar de vez para cima. Depois de dois milagres de Torrico, Bruno Rodrigo empatou. O goleiro argentino fez mais duas grandes defesas na sequência. A seguir, com Romagnoli expulso, parecia que era possível. Mas não foi.
A verdade é que o Cruzeiro nunca repetiu na Libertadores o futebol do Brasileirão. Tropeçou diversas vezes, quase caiu diante do Cerro Porteño, e contra o melhor time que enfrentou na competição foi finalmente eliminado. Em cinco jogos no Mineirão, ganhou só dois e empatou três. Diante do San Lorenzo, que agora é o principal favorito ao título sul-americano da temporada, jogou um futebol bem inferior ao do Grêmio: os mineiros foram mais acanhados em Buenos Aires e desorganizados em Belo Horizonte. Na Arena, o San Lorenzo não jogou metade do que fez no Mineirão.
Talvez isso se explique não apenas pelo fato de o Grêmio ter tido desempenhos superiores aos do Cruzeiro na Libertadores, mas também à própria evolução e crescimento do San Lorenzo. O campeão argentino está pronto para ganhar a América, e já igualou sua melhor campanha na história da Libertadores. Tirou da competição três brasileiros, e não terá nenhum bicho-papão pela frente nas próximas etapas. Muito além da fé do Papa Francisco, trata-se de um time bastante forte e muito bem treinado.
Em tempo:
- O Nacional-PAR segue fazendo história. Já está entre os quatro melhores da Libertadores, e deve pegar o Defensor na semifinal mais insólita da competição em todos os tempos.
- Desde 1991 não tínhamos uma Libertadores sem nenhum clube brasileiro entre os semifinalistas. A edição de 2014 é uma das mais surpreendentes da história.
Ficha técnica
Copa Libertadores da América 2014 - Quartas de final - Jogo de volta
14/maio/2014
CRUZEIRO 1 x SAN LORENZO 1
Local: Mineirão, Belo Horizonte (MG)
Árbitro: Martín Vázquez (URU)
Público: 44.220
Renda: R$ 2.678.137,50
Gols: Piatti 8 do 1º; Bruno Rodrigo 25 do 2º
Cartão amarelo: Dedé, Matos e Kannemann
Expulsão: Romagnoli 32 do 2º
CRUZEIRO: Fábio (7), Ceará (4), Dedé (5), Bruno Rodrigo (7) e Samudio (5) (Egídio, 32 do 1º - 6); Nílton (5) (Dagoberto, intervalo - 6), Henrique (5) e Éverton Ribeiro (6); Júlio Baptista (4) (Ricardo Goulart, 11 do 2º - 5), Marcelo Moreno (8) e Willian (4). Técnico: Marcelo Oliveira
SAN LORENZO: Torrico (9), Buffarini (7), Valdés (7), Gentiletti (8) e Más (6); Mercier (8), Ortigoza (7), Villalba (8) (Kalinski, 30 do 2º - 6) e Piatti (8) (Kannemann, 23 do 2º - 5); Correa (6) (Romagnoli, 14 do 2º - 3) e Matos (6). Técnico: Edgardo Bauza
Comentários
Estou tentando puxar na cabeça e, sinceramente, não lembro. Fazendo uma rápida pesquisa, tudo indica que será a primeira vez, desde que aboliram a segunda fase com grupos triangulares, que isso acontecerá. Basta o Defensor passar hoje pelo Atlético Nacional.
Tinha América de Cáli, Barcelona do Equador, São Paulo e Newell´s. Nenhum tinha sido campeão ainda.
Ainda assim, um cenário diferente do atual, já que todos os 4 de 1992 são clubes de grande porte, ao contrário de agora.