O melhor Galo foi insuficiente
As dificuldades eram previsíveis. Falamos hoje, aqui e no Carta na Mesa, que só o melhor Atlético-MG, o Atlético-MG de 2013, passaria pelo Atlético Nacional após a derrota em Medellín. Pois o Galo foi bem. Teve sua melhor atuação em toda a Libertadores, com a intensidade que tanto o caracterizou na histórica conquista do ano passado. E nem assim foi possível eliminar o time colombiano e seguir vivo em busca do bi da América.
Tudo se parecia com 2013 no Independência, a começar pelo clima nas arquibancadas, que deixou Levir Culpi visivelmente boquiaberto. Sem a frieza de Autuori à beira do campo, o Galo partiu para cima do Atlético Nacional com todas as qualidades que lhe deram o continente no ano passado: velocidade, marcação adiantada e impiedosa, rápidas trocas de passe e muita qualidade na hora de agredir o adversário. Tudo isso ficou sintetizado no golaço de Fernandinho, que abria o placar cedo, aos 19 minutos, e dava toda a pinta de que iniciaria mais uma inesquecível virada no Horto.
O Atlético-MG não seguiu no mesmo ritmo após o gol, e era normal. Não era mais questão de sobrevivência buscar o gol. O Atlético Nacional passou a ter mais posse de bola, com Díaz, Bernal e Cárdenas se revezando na distribuição do jogo. A equipe colombiana teve duas chances antes do intervalo, mas em geral era bem controlada. A zaga atleticana era segura, Pierre fazia bela partida à frente da zaga e os laterais eram defensivamente firmes. Alex Silva, inclusive, foi além, atacando com qualidade também. Atuação surpreendente para quem normalmente é tão medíocre (a assistência a Lucas Coelho domingo passado que o diga).
O segundo tempo foi espetacular. O Atlético Nacional, com toda a personalidade que o caracteriza, tratou de tocar a bola no campo de ataque e tentar se impor ao Galo. Começou melhor, com chances de empatar, mas sofria com os contra-ataques, normalmente puxados por Diego Tardelli e Fernandinho, já que Ronaldinho rendia menos do que deveria. Para minimizar o problema, Osorio ousou, como sempre: retirou o zagueiro Peralta e colocou Duque, atacante. Transformou o time num 3-4-3, passando Bocanegra para a zaga, marcando Fernandinho diretamente. Assim, diminuiu as possibilidades do Galo e ainda teve mais força ofensiva. Substituição que prova sua inteligência e que o Atlético Nacional foi muito mais do que um time fechado: jogou de igual para igual, com a grandeza que sua camiseta enverga.
Assim, o Galo tinha a bola, tratava de acelerar o jogo, mas os colombianos eram sempre perigosos. Victor fez milagre em chute de Cárdenas cara a cara aos 28. Para piorar, Levir mexeu mal, muito mal: retirou de campo justamente Tardelli e Fernandinho, os homens do qualificado contra-ataque, os de maior poder de fogo do Atlético-MG. Foi punido aos 42, e ironicamente num contragolpe. Duque estava impedido por questão de centímetros, o que relativiza o erro de arbitragem em uma jogada tão rápida.
A eliminação do Atlético-MG iria ocorrer, mais cedo ou mais tarde. Os erros começaram ainda no Marrocos, quando Kalil prometeu ao elenco que Cuca ficaria, quando tudo indicava sua saída. Continuaram com a inexplicável contratação de Paulo Autuori, técnico que extraiu do time a velocidade e o ímpeto, suas maiores qualidades coletivas (procedimento, aliás, previsível para quem conhece o estilo de Autuori). Em uma semana, Levir Culpi não conseguiu mudar tanto assim o panorama, e nem teria tempo. Pior: as substituições equivocadas já fazem o clima para ele pesar simplesmente com Tardelli, que não gostou nada de ser sacado e é um dos líderes do grupo. Vestiário rachado à vista.
Mas nada disso, os erros do Atlético-MG, o gol irregular, tira os méritos do Atlético Nacional, time que passou pelo grupo mais difícil da competição, soube se recuperar de uma frustrante derrota em casa para o Grêmio, passeou diante do Newell's em Rosário e agora elimina o campeão da América. Tirando o Cruzeiro, trata-se, tecnicamente, do melhor time das quartas de final da Libertadores. Um real candidato ao título que fará dois confrontos interessantíssimos com o audacioso Defensor na próxima fase.
As quartas
Arsenal Sarandí x Nacional-PAR
Defensor x Atlético Nacional
Cruzeiro x San Lorenzo
Bolívar x Lanús
Ficha técnica
Copa Libertadores da América 2014 - Oitavas de final - Jogo de volta
1º/maio/2014
ATLÉTICO-MG 1 x ATLÉTICO NACIONAL 1
Local: Independência, Belo Horizonte (MG)
Árbitro: Patricio Loustau (ARG)
Público: 20.838
Renda: R$ 1.404.650,00
Gol: Fernandinho 19 do 1º; Duque 42 do 2º
Cartão amarelo: Victor, Mejía, Bernal, Henríquez e Duque
ATLÉTICO-MG: Victor (7), Alex Silva (6,5), Leonardo Silva (6), Otamendi (6) e Emerson Conceição (5,5); Pierre (6) (Réver, 27 do 2º - 5,5), Leandro Donizete (5,5) e Ronaldinho (5,5); Diego Tardelli (7) (Guilherme, 27 do 2º - 5,5), Jô (6) e Fernandinho (7,5) (Marion, 34 do 2º - sem nota). Técnico: Levir Culpi
ATLÉTICO NACIONAL: Armani (6,5), Bocanegra (5,5), Peralta (5) (Duque, 12 do 2º - 7), Henríquez (5,5) e Murillo (6); Mejía (7), Bernal (5) (Nájera, 29 do 2º - 6) e Díaz (5,5) (Arias, 35 do 2º - sem nota); Cárdenas (6,5), Cardona (5,5) e Valencia (5,5). Técnico: Juan Carlos Osorio
Tudo se parecia com 2013 no Independência, a começar pelo clima nas arquibancadas, que deixou Levir Culpi visivelmente boquiaberto. Sem a frieza de Autuori à beira do campo, o Galo partiu para cima do Atlético Nacional com todas as qualidades que lhe deram o continente no ano passado: velocidade, marcação adiantada e impiedosa, rápidas trocas de passe e muita qualidade na hora de agredir o adversário. Tudo isso ficou sintetizado no golaço de Fernandinho, que abria o placar cedo, aos 19 minutos, e dava toda a pinta de que iniciaria mais uma inesquecível virada no Horto.
O Atlético-MG não seguiu no mesmo ritmo após o gol, e era normal. Não era mais questão de sobrevivência buscar o gol. O Atlético Nacional passou a ter mais posse de bola, com Díaz, Bernal e Cárdenas se revezando na distribuição do jogo. A equipe colombiana teve duas chances antes do intervalo, mas em geral era bem controlada. A zaga atleticana era segura, Pierre fazia bela partida à frente da zaga e os laterais eram defensivamente firmes. Alex Silva, inclusive, foi além, atacando com qualidade também. Atuação surpreendente para quem normalmente é tão medíocre (a assistência a Lucas Coelho domingo passado que o diga).
O segundo tempo foi espetacular. O Atlético Nacional, com toda a personalidade que o caracteriza, tratou de tocar a bola no campo de ataque e tentar se impor ao Galo. Começou melhor, com chances de empatar, mas sofria com os contra-ataques, normalmente puxados por Diego Tardelli e Fernandinho, já que Ronaldinho rendia menos do que deveria. Para minimizar o problema, Osorio ousou, como sempre: retirou o zagueiro Peralta e colocou Duque, atacante. Transformou o time num 3-4-3, passando Bocanegra para a zaga, marcando Fernandinho diretamente. Assim, diminuiu as possibilidades do Galo e ainda teve mais força ofensiva. Substituição que prova sua inteligência e que o Atlético Nacional foi muito mais do que um time fechado: jogou de igual para igual, com a grandeza que sua camiseta enverga.
Assim, o Galo tinha a bola, tratava de acelerar o jogo, mas os colombianos eram sempre perigosos. Victor fez milagre em chute de Cárdenas cara a cara aos 28. Para piorar, Levir mexeu mal, muito mal: retirou de campo justamente Tardelli e Fernandinho, os homens do qualificado contra-ataque, os de maior poder de fogo do Atlético-MG. Foi punido aos 42, e ironicamente num contragolpe. Duque estava impedido por questão de centímetros, o que relativiza o erro de arbitragem em uma jogada tão rápida.
A eliminação do Atlético-MG iria ocorrer, mais cedo ou mais tarde. Os erros começaram ainda no Marrocos, quando Kalil prometeu ao elenco que Cuca ficaria, quando tudo indicava sua saída. Continuaram com a inexplicável contratação de Paulo Autuori, técnico que extraiu do time a velocidade e o ímpeto, suas maiores qualidades coletivas (procedimento, aliás, previsível para quem conhece o estilo de Autuori). Em uma semana, Levir Culpi não conseguiu mudar tanto assim o panorama, e nem teria tempo. Pior: as substituições equivocadas já fazem o clima para ele pesar simplesmente com Tardelli, que não gostou nada de ser sacado e é um dos líderes do grupo. Vestiário rachado à vista.
Mas nada disso, os erros do Atlético-MG, o gol irregular, tira os méritos do Atlético Nacional, time que passou pelo grupo mais difícil da competição, soube se recuperar de uma frustrante derrota em casa para o Grêmio, passeou diante do Newell's em Rosário e agora elimina o campeão da América. Tirando o Cruzeiro, trata-se, tecnicamente, do melhor time das quartas de final da Libertadores. Um real candidato ao título que fará dois confrontos interessantíssimos com o audacioso Defensor na próxima fase.
As quartas
Arsenal Sarandí x Nacional-PAR
Defensor x Atlético Nacional
Cruzeiro x San Lorenzo
Bolívar x Lanús
Ficha técnica
Copa Libertadores da América 2014 - Oitavas de final - Jogo de volta
1º/maio/2014
ATLÉTICO-MG 1 x ATLÉTICO NACIONAL 1
Local: Independência, Belo Horizonte (MG)
Árbitro: Patricio Loustau (ARG)
Público: 20.838
Renda: R$ 1.404.650,00
Gol: Fernandinho 19 do 1º; Duque 42 do 2º
Cartão amarelo: Victor, Mejía, Bernal, Henríquez e Duque
ATLÉTICO-MG: Victor (7), Alex Silva (6,5), Leonardo Silva (6), Otamendi (6) e Emerson Conceição (5,5); Pierre (6) (Réver, 27 do 2º - 5,5), Leandro Donizete (5,5) e Ronaldinho (5,5); Diego Tardelli (7) (Guilherme, 27 do 2º - 5,5), Jô (6) e Fernandinho (7,5) (Marion, 34 do 2º - sem nota). Técnico: Levir Culpi
ATLÉTICO NACIONAL: Armani (6,5), Bocanegra (5,5), Peralta (5) (Duque, 12 do 2º - 7), Henríquez (5,5) e Murillo (6); Mejía (7), Bernal (5) (Nájera, 29 do 2º - 6) e Díaz (5,5) (Arias, 35 do 2º - sem nota); Cárdenas (6,5), Cardona (5,5) e Valencia (5,5). Técnico: Juan Carlos Osorio
Comentários
-valencia precisava reverter um 2x0. jogou bem, conseguiu fazer o segundo gol ainda no primeiro tempo, com JONAS em chamas. fez o terceiro aos 70, o mestalla pegando fogo, 53 mil pessoas. segurou-se por 23 minutos. aos 94, tomou um gol de LATERAL e caiu. http://footyroom.com/valencia-3-1-sevilla-2-2014-05/
-depois de um 0 a 0 retrancado no primeiro jogo, chelsea saiu ganhando e tomou TRÊS na cola de um time muito menos poderosos, atlético de madrid.
-não preciso nem comentar o que aconteceu com o bayern depois de perder de 1 a 0 fora.
enfim. ainda chegar aos pênaltis não é tão ruim assim. ;)
pois bem, a juve pressionou o primeiro tempo inteiro. 0 a 0. na volta do intervalo, benfica tem um jogador expulso. segue a pressão. muitas chances, incluindo algumas nos descontos e um gol (corretamente) anulado, quando o benfica já tinha dois a menos. teve até briga entre os jogadores reservas, que foram expulsos.
no fim, 16 chutes (7 a gol) da juve contra 3 (1 a gol) do benfica. não conseguiram furar o bloqueio do benfica. 0 a 0, final será sevilla e benfica.
como já havíamos detectado, por estatísticas, decidir em casa não quer dizer nada.
Realmente, decidir em casa não muda quase nada. Vimos que é mais ou menos 54% a 46% a conta na Libertadores, e acho que esses 8% de diferença podem dizer mais respeito à qualidade do time que decide em casa ser maior do que propriamente pelo fato de estar jogando como mandante a partida decisiva. Ainda assim, 75% de eliminações, como nas oitavas desse ano, é muito abaixo da média.