Copa 2014: Japão

Uma ou duas décadas atrás, o Japão seria considerado o grande azarão do seu grupo, mesmo que nele não vejamos nenhum candidato real ao título da Copa do Mundo. No entanto, a evolução nipônica foi uma das mais notáveis do futebol mundial dos últimos 20 anos. É obrigatório colocar os japoneses em pé de igualdade com os demais integrantes do equilibradíssimo Grupo C, com chances reais de chegar à segunda fase da Copa no Brasil.

De equipe que perdeu para a Jamaica na França, em 1998, o Japão tornou-se um time capaz de bater com sobras a Dinamarca em 2010, ficando de fora das quartas de final na disputa por pênaltis. Além disso, foi campeão asiático e classificou-se com facilidade nas eliminatórias de seu continente - depois do anfitrião Brasil, o Japão foi o primeiro de todos os demais 31 países a garantir sua vaga no Mundial de daqui a um mês. Além disso, apesar da má campanha na Copa das Confederações, a equipe do sol nascente deu um calor na Itália, perdendo por 4 a 3 num jogos mais sensacionais de todo o ano passado, encarando os tetracampeões de igual para igual.

Os resultados recentes reforçam a competitividade da equipe nipônica. Em novembro do ano passado, o Japão empatou em 2 a 2 com a Holanda e venceu a Bélgica, em Bruxelas, por 3 a 2. Resultados expressivos diante de seleções fortes.

O CAMINHO
O Japão é tecnicamente inferior a Colômbia e Costa do Marfim, e talvez se equivalha, no máximo, à Grécia. Porém, se tradição realmente pesar em Copas, a equipe passará de fase: apesar dos pesares, os japoneses são os únicos do Grupo C que já chegaram às oitavas de final duas vezes em Copas do Mundo. Dos três rivais, só os colombianos passaram da primeira fase, e uma vez só, no longínquo 1990. Contra Uruguai, Itália ou Inglaterra, nas oitavas, é que o bicho pegaria. Dificilmente os orientais passarão para as quartas pela primeira vez.

DESTAQUE
Desde que estreou pela seleção principal, em 2009, Keisuke Honda é o dono do time. Jogador de ótima visão de jogo e qualidade na armação e bolas paradas, tem também faro artilheiro. Já marcou 20 gols pela seleção, sendo dois deles em Copas, nas vitórias contra Camarões e Dinamarca, em 2010 - foi eleito pela FIFA o craque de ambas as partidas. Marcou também um gol na Copa das Confederações, na derrota para a Itália. É o melhor jogador do país desde Hidetoshi Nakata, e atualmente defende o Milan.

PONTOS FORTES
A ideia de que os times orientais são pura correria faz parte do passado. O preparo físico e a velocidade continuam sendo pontos fortes do Japão, mas agora há também jogadores muito técnicos, como Honda e Endo, e outros muito cancheiros, como Nagatomo e Hasebe. Portanto, nada de ingenuidade: do atual elenco japonês, 14 dos 23 jogadores atuam na Europa, sendo 12 deles em ligas de primeiro nível, como as de Alemanha, Inglaterra e Itália. O treinador italiano Alberto Zaccheroni é outra raposa velha que não deixará a peteca cair neste aspecto.

PONTOS FRACOS
O Japão segue sendo um time baixo, e dificilmente isto mudará, pois é uma característica do próprio povo do país. O zagueiro Konno, por exemplo, tem 1,78m de altura, o que só poderia ser compensado se tivesse uma técnica muito acima da média e um senso de antecipação fora do comum, características que fizeram do italiano Fabio Cannavaro, por exemplo, um craque da posição. Claro, não é o caso. Marfinenses e gregos, avantajados neste aspecto, podem abusar da bola aérea nos confrontos contra os nipônicos.

A HISTÓRIA
Apesar de ser um país que vive de fato o futebol há 20 anos, o Japão é a seleção de maior tradição em Copas do Mundo de sua chave, sendo a única a passar da primeira fase mais de uma vez. Em 2002, como anfitriã, a equipe liderou a chave com Bélgica, Rússia e Tunísia e parou na Turquia nas oitavas; em 2010, passou como vice-líder de um grupo forte, batendo Camarões e Dinamarca e perdendo no detalhe para a vice-campeã Holanda. Nas oitavas, caiu nos pênaltis para o Paraguai. Em 1998 e 2006, a equipe foi lanterna de grupo. No Brasil, o Japão disputará sua quinta Copa seguida - nada mau para quem nunca havia disputado um Mundial antes.

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