Copa 2014: Itália

Uma seleção com problemas técnicos, que pegará um grupo muito difícil e irrita sua torcida. Esta é a Itália de 2014. Nada disso é novidade em se tratando da Azzurra, que surpreendeu na Euro 2012, chegando à final quando não era favorita, e fez uma razoável Copa das Confederações em 2013. O time deste ano é mais fraco que o da equipe campeã de 2006, mas bem melhor que o de 2010, que deu o fiasco de parar na primeira fase.

Os últimos amistosos foram tenebrosos. Em cinco jogos, a Itália empatou quatro e perdeu o último, por 1 a 0 para a Espanha. A maioria das partidas, é preciso dizer, foram difíceis, contra Dinamarca, Alemanha, Armênia e Nigéria. Ainda que tenha empatado com os alemães, donos talvez do melhor time do mundo da atualidade, a falta de bons resultados contra seleções fortes assusta. Na Copa das Confederações, a Itália perdeu para o Brasil e empatou com Espanha e Uruguai. A última vitória contra seleção grande foi diante da Alemanha, na semifinal da Euro 2012. Depois disso, derrotas para Espanha, Inglaterra e França e empates com Holanda e Brasil. Retrospecto preocupante para quem enfrentará ingleses e uruguaios logo de cara.

Ainda assim, a Itália precisa ser respeitada e, ao contrário, não chega ao Brasil com um time envelhecido mesclado por jovens promessas. Nomes como Chiellini, De Rossi, Candreva, Montolivo, Cassano e Balotelli chegarão à Copa próximos do auge em termos de idade, e são todos ótimos jogadores, que formam uma espinha dorsal respeitável. Isso sem falar nas lendas Buffon e Pirlo, estes sim mais veteranos, mas de difícil substituição em qualquer seleção do mundo. A Azzurra não é brilhante, mas dará muito trabalho. E pode chegar bem longe, sim.

O CAMINHO
Para uma seleção que costuma ter dificuldades na primeira fase e crescer ao longo do torneio, o grupo italiano não poderia ser mais preocupante. A Itália começa sua caminhada na Copa enfrentando a Inglaterra no calorão de Manaus. Vencendo, poderá encaminhar sua vaga diante da Costa Rica, sem precisar obter necessariamente um resultado positivo contra o Uruguai na última partida da fase de grupos. Tropeçando em um ou dois dos jogos iniciais, precisará enfrentar a Celeste tendo de vencer. Aí complica.

DESTAQUE
Andrea Pirlo é o toque de classe, a sabedoria, a experiência, a liderança técnica e moral da Itália. Mas Mario Balotelli é a grande esperança da Azzurra. Aos 23 anos, é um dos jogadores mais talentosos e com personalidade do futebol europeu no momento. Sua instabilidade emocional pode prejudicar a Itália, mas se estiver envolvido com a causa pode fazer toda a diferença.

PONTOS FORTES
Falar da solidez defensiva italiana é chover no molhado. A Itália segue segura lá atrás, comandada por Buffon e Chiellini. Desta vez, porém, o destaque é o ataque. Ao contrário de outras Copas, a força ofensiva da Azzurra impõe muito respeito. Balotelli é uma preocupação constante para as zagas rivais, e poderá contar com as valiosas ajudas de Osvaldo e Cassano. Outro trunfo é o técnico Cesare Prandelli, que arrumou a equipe e ainda por cima sabe formatar a Itália de forma competitiva sem se apegar a um único esquema.

PONTOS FRACOS
Falta à Itália uma figura mais criativa para encostar nos atacantes. Pirlo joga recuado; Candreva e Montolivo são talentosos, mas não tem esse perfil. Assim, muitas vezes Balotelli pode acabar sem ter com quem tabelar próximo da área, o que pode dificultar a vida italiana em caso de enfrentamento com defesas seguras ou fechadas, como as que a equipe enfrentará na fase de grupos.

A HISTÓRIA
Em Copas, apenas o Brasil tem mais história que a Itália. A Azzurra só não disputou os Mundiais de 1930 e 1958 (só neste último ficou de fora por causa das eliminatórias). Tetracampeã mundial, perde em títulos somente justamente para os brasileiros, e supera seleções fortíssimas, como Alemanha e Argentina. A Itália tem ainda dois vice-campeonatos (1970 e 1994), um 3º (1990) e um 4º lugares. Em semifinais, foram sete participações e seis classificações a decisões (só em 1990 a equipe foi eliminada nesta fase). É muita tradição.

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