Copa 2014: Grécia

Houve um tempo não tão distante em que falar da Grécia era falar de futebol defensivo. De uma defesa forte, segura, e um ataque pouco acionado, mas mortal quando preciso. Bem, este tempo segue em transcurso.

Os gregos tiveram a segunda melhor defesa das eliminatórias europeias. Sofreram quatro gols em 10 jogos, o mesmo que Bélgica, Inglaterra e Ucrânia, e só um a mais do que a Espanha, que disputou oito partidas. No equilibrado Grupo G da Europa, empatou em pontos com a Bósnia e perdeu no saldo justamente por causa do baixo número de gols marcados - 12, contra 30 dos bósnios. Ainda assim mostrou ser uma equipe sólida, ganhando 8 de 10 partidas e chegando a um invejável aproveitamento de 83,3% - equipes como Itália, Inglaterra e França não chegaram a tanto.

Se repetir o título da Euro 2004 é possibilidade praticamente nula, há ao menos chance da primeira classificação às oitavas de final da história grega. Em 2010 eles bateram na trave, mas ganharam seu primeiro jogo em Copas, diante da Nigéria. A base do time grego é o Olympiakos, campeão nacional com folga e sensação da Liga dos Campeões, que por pouco não eliminou o Manchester United da competição. Dos titulares que bateram a Romênia por 3 a 1 na repescagem, três estão no Olympiakos (Holebas, Siovas e Maniatis) e dois jogaram até recentemente no clube (Torosidis e Mitroglou). O entrosamento vem do dia-dia, portanto.

O CAMINHO
O que pode facilitar a vida da Grécia em cumprir o objetivo de passar de fase é o seu grupo. A chave é equilibrada: a equipe não é flagrantemente superior a ninguém, mas também não é incontestavelmente pior do que ninguém, como em 2010, quando pegou a Argentina na última rodada. Por sinal, a chave enfrentada na África do Sul é de características semelhantes à de agora: um sul-americano (Colômbia), um africano (Costa do Marfim) e um asiático (Coreia do Sul). Quatro anos atrás, o resultado decisivo para a queda grega foi a derrota na estreia, no confronto direto com os coreanos. Os helênicos certamente irão de cuidados redobrados para encarar os japoneses agora.

DESTAQUE
A equipe tem nomes veteranos e de história com a camisa na seleção. Todos com grandes serviços prestados ao futebol grego. Ainda assim, quem pode quebrar a monotonia no ataque helênico é Kostas Mitroglou, autor de 7 dos 16 gols marcados pela Grécia nas eliminatórias e destaque do Olympiakos na fase de grupos da Liga dos Campeões. Transferido ao Fulham por £12 milhões, teve poucas chances até o momento no clube inglês, mas é quem pode tirar a Grécia do sufoco ofensivo na Copa.

PONTOS FORTES
A Grécia é uma equipe raçuda, brigadora. Há nomes experientes, que dão o sangue pela seleção há anos: Salpingidis, Samaras, Papadopoulos e até veteranos da histórica conquista europeia de 2004, como Katsouranis e Karagounis. Além disso, os gregos seguem muito sólidos defensivamente. A zaga, como Sokratis e Torosidis, segue em paredão. É uma equipe difícil de ser batida, portanto.

PONTOS FRACOS
O histórico recente contra equipes de porte semelhante ou superior é preocupante. A Grécia fez campanha espetacular nas eliminatórias porque enfrentou basicamente equipes fracas em sua chave, como Eslováquia, Letônia e Lituânia. Fez apenas um ponto em dois jogos contra a Bósnia e perdeu um amistoso recente contra a Coreia do Sul. Ainda assim, costuma ir bem em grupos equilibrados, como foram os das Euros de 2004 e 2012.

A HISTÓRIA
O grande capítulo da história do futebol grego é o surpreendente título da Euro 2004. Em Copas, a trajetória é minúscula. Em 1994, em seu primeiro Mundial, a Grécia fez a pior das 24 campanhas nos Estados Unidos, perdendo os três jogos para Argentina, Bulgária e Nigéria, sofrendo 10 gols e não marcando nenhum. Em 2010, foi um pouco melhor. Perdeu para a Coreia do Sul e para a Argentina, mas ganhou da Nigéria, ficando na 3ª posição do seu grupo. O objetivo em 2014 é chegar aos mata-matas pela primeira vez.

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