Copa 2014: Equador

O Equador não tem uma estrela como Falcao, nem a grife de ser campeão mundial. Das cinco seleções sul-americanas, é a que chega com menor cartaz para a Copa do Mundo. Ainda assim, convém não desprezá-los: os equatorianos chegaram à frente do Uruguai nas eliminatórias e pegaram um grupo, se não fácil, classificável. Por jogar na América do Sul, pode perfeitamente repetir seu melhor desempenho em Copas, as oitavas de 2006.

O trabalho é criterioso e metódico. O colombiano Reinaldo Rueda chegou em agosto em 2010, e mesmo a desastrosa campanha na Copa América de 2011 não desviou o foco do principal, que era a classificação para a Copa do Mundo. Ela veio especialmente por 2012, quando a seleção viveu uma fase iluminada e ganhou vários jogos importantes pelas eliminatórias, como diante de Colômbia e Chile, além de um valioso empate arrancado do Uruguai em Montevidéu.

A base da equipe, como não poderia deixar de ser, remete ao melhor time da história do futebol nacional, a LDU de 2008 a 2010. Vários jogadores do elenco são daquela equipe, como o goleiro Domínguez, o zagueiro Guagua e o volante Mendez. Outros são de times equatorianos bem sucedidos (embora não tanto quanto a Liga) em competições internacionais, como Emelec e Barcelona de Guayaquil. Há bons nomes e conhecimento de gramados sul-americanos de sobra. Apoio dos brasileiros em um grupo com dois europeus (França e Suíça) também certamente não irá faltar.

O CAMINHO
O Equador não é superior à Suíça, tem menos time que a França, mas é melhor que Honduras. Pode passar por jogar na América do Sul, e porque, mesmo pior que as duas seleções europeias, é sim capaz de enfrentar ambas. Difícil será fugir de um confronto com a Argentina nas oitavas. Caso consiga (seja liderando a chave ou vendo os argentinos se complicarem no Grupo F), tem chances inclusive de chegar às quartas, encarando Bósnia ou Nigéria nas oitavas. Mas aí já é otimismo demais: com o time atual, passar de fase já estará de ótimo tamanho.

DESTAQUE
Em uma seleção cheia de nomes experientes, Jefferson Montero representa a renovação e o imprevisível. Meia de 24 anos, iniciou a carreira no Emelec, foi artilheiro no Independiente del Valle, passou pelo futebol espanhol e atualmente defende o Monarcas Morelia, onde é destaque. Foi autor do gol que classificou o Equador para a Copa, na vitória sobre o Uruguai, e recentemente marcou no ótimo empate em 1 a 1 com a Holanda, em pleno Amsterdam Arena. Forma com Noboa (este outro destaque que obrigatoriamente deve ser citado) uma excelente dupla na meia-cancha.

PONTOS FORTES
O Equador é uma seleção acima de tudo muito experiente. Embora não tenha disputado a última Copa do Mundo, tem diversos jogadores com experiência internacional e o principal, com experiência em jogos decisivos, vinda principalmente da LDU multicampeã sul-americana no final da década passada. Apesar disso, não é um time envelhecido, pois mescla veteranos como Guagua e Noboa a nomes mais jovens, como o próprio Montero. A defesa, com 16 gols sofridos em 16 jogos nas eliminatórias, é bastante segura.

PONTOS FRACOS
Como a LDU dos bons tempos, o problema do Equador é o ataque. Rojas marcou apenas 4 gols em 32 jogos com a seleção. Caicedo tem aproveitamento melhor (14 em 36), mas o fato é que o Equador não é um time feito para atacar, e sim ser forte defensivamente. Neste caso, assemelha-se mais ao Paraguai tradicional do que à Colômbia tradicional. Nas eliminatórias, foram apenas 20 gols. Das cinco seleções sul-americanas, é inegavelmente a de menor poder de fogo. A morte de Christian Chucho Benítez, além de abalar o país por motivos óbvios, ajudou também a retirar da seleção boa parte de sua força ofensiva. Sem ele, o número de gols marcados pela seleção (e sua própria campanha nas eliminatórias) caiu bastante.

A HISTÓRIA
Até pouco tempo, o futebol equatoriano só ganhava do venezuelano em termos de história. Na última década, o país cresceu muito no esporte, com a LDU ganhando tudo e a seleção participando de duas Copas do Mundo e ganhando a Pan de 2007, no Rio. Na primeira, em 2002, o time chegou a ganhar da Croácia, mas parou na primeira fase. Em 2006, classificou-se ganhando de Polônia e Costa Rica, mas parou na Inglaterra nas oitavas, ainda assim perdendo por apenas 1 a 0.

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