Um Atlético emocionante, efetivo e superior ao Barça
O Atlético de Madrid emociona. A dedicação de seus jogadores, o trabalho bem feito de Diego Simeone, a simbiose entre o time e a fanática torcida, que fez do Vicente Calderón um estádio que parecia estar localizado em Assunção, Rosário ou qualquer outra cidade sul-americana, tal o clima de Libertadores que havia dentro dele. Tudo nesta campanha histórica comove. A classificação contra o poderoso Barcelona de Messi, Neymar, Xavi e Iniesta levou a equipe pela primeira vez às semifinais da Liga dos Campeões em quatro décadas. Uma noite realmente histórica.
E sabem o que mais emociona nisso tudo? É que o Atlético não só mereceu a classificação pela vontde apresentada, mas porque jogou melhor do que o Barcelona. No Camp Nou, fez um jogo de anulação de espaços com rara competência. Em Madrid, iniciou como todo bom mandante deve: massacrando o adversário, tenha ele a grife que tiver. Nos primeiros 18 minutos, foram três bolas na trave de José Pinto, quatro chances de gol e um gol marcado por Koke. Apenas um pecado foi cometido pelo time de Simeone: o de não aproveitar que o Barça estava visivelmente grogue para nocauteá-lo de vez e definir o confronto. O Atlético poderia facilmente ter aberto 3 a 0 antes dos 20 minutos.
Tata Martino propôs uma escalação que trocasse constantemente de posição durante o jogo. Messi saiu do habitual centro de ataque para a esquerda nos movimentos iniciais, com Fabregas ao centro e Neymar à direita - tudo se inverteria minutos mais tarde, e o tempo todo. Ele certamente não esperava a pressão forte do Atlético no início do jogo. Afinal, essa constante inversão de posições (Fabregas era volante num minuto e centroavante em outro, literalmente), embora seja habitual no time catalão há anos, colaborou para que a marcação ao time da casa se desencaixasse com mais facilidade. E dê-lhe pressão, com Adrián substituindo Diego Costa em alto estilo e García não deixando ninguém sentir saudades de Turan.
Passada a pressão e o domínio do Atlético, veio o equilíbrio. E voltamos ao jogo da semana passada, no Camp Nou. Com uma linha de quatro homens no meio, Simeone bloqueou as saídas do Barça pelos lados e pelo meio, com Xavi e Iniesta. Assim, a equipe catalã dependia basicamente de jogadas individuais. Neymar conseguiu algumas. Messi, enfiado em meio a vários defensores adversários, nunca levou vantagem. Vítima da boa marcação de Simeone e da falta de parceria que se apresentasse, mas também um pouco de sua própria omissão.
O segundo tempo prometia grande drama. O Atlético voltou um tanto devagar do intervalo, cedendo alguns espaços para Xavi trabalhar a bola em enfiadas perigosas. Logo, porém, a marcação encaixou de novo. E o time de Simeone levava vantagem por baixo e por cima. Martino tirou o apagado Fabregas em favor de Alexis Sánchez, no que Simeone respondeu reforçando o meio com Diego e tirando Adrián, apesar de sua ótima partida. Mesmo que Fabregas estivesse apagado, o Barça diminuiu a produção de chances após sua saída, pois era um homem a menos para trabalhar a bola no meio. O Atlético, por sua vez, tinha transição ainda melhor e com mais fôlego para o ataque. A classificação começava a se encaminhar de vez.
Nos minutos finais, o impensável: Tata Martino tira Iniesta e põe Pedro, deixando apenas Xavi como meia. E o que ninguém via há anos aconteceu: o Barcelona passou a não trabalhar mais a bola e tentar quase que exclusivamente a ligação direta, em chutões e cruzamentos no estilo chuveirinho que fariam qualquer time escocês corar de vergonha. Era o símbolo da vitória tática de Simeone no duelo argentino dos técnicos.
A classificação do Atlético é merecidíssima. Não é um time com tantos recursos, mas é inegavelmente muito bem treinado, ajustado e alia qualidade técnica com muita dedicação. Hoje provou isso, batendo a equipe mais entrosada do planeta mesmo sem seu artilheiro. Poderá não entrar como favorito diante de Chelsea, Real Madrid ou Bayern, mas é seguramente o time que mais quer vencer esta Liga dos Campeões. E quem elimina o Barcelona costuma ganhar o título europeu - desde 2008 tem sido assim.
Em tempo:
- Não pude ver o jogo de Munique, mas a impressão que dá é a de que o Bayern precisou levar um susto para acordar e bater o Manchester United, que hoje é um time vários degraus abaixo. O time bávaro chegou entre os quatro melhores basicamente no piloto automático. Precisará ir além disso se quiser chegar à decisão de novo.
- Como Miranda não tem sido convocado por Felipão? No momento, mostra futebol superior aos dois titulares da seleção brasileira (bem superior, se a comparação englobar só David Luiz). Ele e Godín foram dois destaques de ambas as partidas destas quartas de final, e seus desempenhos na liga espanhola são igualmente brilhantes.
FICHA
Liga dos Campeões 2013/14 - Quartas de final - Jogo de volta
ATLÉTICO DE MADRID (1): Courtois; Juanfran, Miranda, Godín e Filipe Luís; Tiago, Gabi, García e Koke; Adrián (Diego) e Villa (Cristian Rodríguez). Técnico: Diego Simeone
BARCELONA (0): Pinto, Daniel Alves, Bartra, Mascherano e Alba; Busquets, Xavi e Iniesta (Pedro); Messi, Fabregas (Sánchez) e Neymar. Técnico: Gerardo Martino
Local: Vicente Calderón, Madrid (ESP); Data: quarta-feira, 09/04/2014, 15h45; Árbitro: Howard Webb (ING); Público: 53.592; Gol: Koke 5 do 1º; Cartão amarelo: Koke, Daniel Alves, Mascherano e Busquets; Melhor em campo: Koke; Nota do jogo: 8
NÚMEROS
Chances de gol: Atlético 9 x 5 Barcelona
Finalizações: Atlético 15 x 12 Barcelona
Escanteios: Atlético 6 x 7 Barcelona
Impedimentos: Atlético 4 x 0 Barcelona
Faltas cometidas: Atlético 15 x 9 Barcelona
Desarmes: Atlético 43 x 20 Barcelona
Passes errados: Atlético 31 x 36 Barcelona
Posse de bola: Atlético 38% x 61% Barcelona
Análise: mesmo fazendo seu gol cedo, o Atlético de Madrid criou mais chances e finalizou mais a gol, o que prova sua melhor atuação. Os 43 desarmes realizados ao longo do jogo pelo time de Simeone também impressionam. Somando os dois jogos, o Atlético tomou a bola do Barça incríveis 83 vezes, contra 47 do adversário.
FUTEBOL DE BOTÃO
E sabem o que mais emociona nisso tudo? É que o Atlético não só mereceu a classificação pela vontde apresentada, mas porque jogou melhor do que o Barcelona. No Camp Nou, fez um jogo de anulação de espaços com rara competência. Em Madrid, iniciou como todo bom mandante deve: massacrando o adversário, tenha ele a grife que tiver. Nos primeiros 18 minutos, foram três bolas na trave de José Pinto, quatro chances de gol e um gol marcado por Koke. Apenas um pecado foi cometido pelo time de Simeone: o de não aproveitar que o Barça estava visivelmente grogue para nocauteá-lo de vez e definir o confronto. O Atlético poderia facilmente ter aberto 3 a 0 antes dos 20 minutos.
Tata Martino propôs uma escalação que trocasse constantemente de posição durante o jogo. Messi saiu do habitual centro de ataque para a esquerda nos movimentos iniciais, com Fabregas ao centro e Neymar à direita - tudo se inverteria minutos mais tarde, e o tempo todo. Ele certamente não esperava a pressão forte do Atlético no início do jogo. Afinal, essa constante inversão de posições (Fabregas era volante num minuto e centroavante em outro, literalmente), embora seja habitual no time catalão há anos, colaborou para que a marcação ao time da casa se desencaixasse com mais facilidade. E dê-lhe pressão, com Adrián substituindo Diego Costa em alto estilo e García não deixando ninguém sentir saudades de Turan.
Passada a pressão e o domínio do Atlético, veio o equilíbrio. E voltamos ao jogo da semana passada, no Camp Nou. Com uma linha de quatro homens no meio, Simeone bloqueou as saídas do Barça pelos lados e pelo meio, com Xavi e Iniesta. Assim, a equipe catalã dependia basicamente de jogadas individuais. Neymar conseguiu algumas. Messi, enfiado em meio a vários defensores adversários, nunca levou vantagem. Vítima da boa marcação de Simeone e da falta de parceria que se apresentasse, mas também um pouco de sua própria omissão.
O segundo tempo prometia grande drama. O Atlético voltou um tanto devagar do intervalo, cedendo alguns espaços para Xavi trabalhar a bola em enfiadas perigosas. Logo, porém, a marcação encaixou de novo. E o time de Simeone levava vantagem por baixo e por cima. Martino tirou o apagado Fabregas em favor de Alexis Sánchez, no que Simeone respondeu reforçando o meio com Diego e tirando Adrián, apesar de sua ótima partida. Mesmo que Fabregas estivesse apagado, o Barça diminuiu a produção de chances após sua saída, pois era um homem a menos para trabalhar a bola no meio. O Atlético, por sua vez, tinha transição ainda melhor e com mais fôlego para o ataque. A classificação começava a se encaminhar de vez.
Nos minutos finais, o impensável: Tata Martino tira Iniesta e põe Pedro, deixando apenas Xavi como meia. E o que ninguém via há anos aconteceu: o Barcelona passou a não trabalhar mais a bola e tentar quase que exclusivamente a ligação direta, em chutões e cruzamentos no estilo chuveirinho que fariam qualquer time escocês corar de vergonha. Era o símbolo da vitória tática de Simeone no duelo argentino dos técnicos.
A classificação do Atlético é merecidíssima. Não é um time com tantos recursos, mas é inegavelmente muito bem treinado, ajustado e alia qualidade técnica com muita dedicação. Hoje provou isso, batendo a equipe mais entrosada do planeta mesmo sem seu artilheiro. Poderá não entrar como favorito diante de Chelsea, Real Madrid ou Bayern, mas é seguramente o time que mais quer vencer esta Liga dos Campeões. E quem elimina o Barcelona costuma ganhar o título europeu - desde 2008 tem sido assim.
Em tempo:
- Não pude ver o jogo de Munique, mas a impressão que dá é a de que o Bayern precisou levar um susto para acordar e bater o Manchester United, que hoje é um time vários degraus abaixo. O time bávaro chegou entre os quatro melhores basicamente no piloto automático. Precisará ir além disso se quiser chegar à decisão de novo.
- Como Miranda não tem sido convocado por Felipão? No momento, mostra futebol superior aos dois titulares da seleção brasileira (bem superior, se a comparação englobar só David Luiz). Ele e Godín foram dois destaques de ambas as partidas destas quartas de final, e seus desempenhos na liga espanhola são igualmente brilhantes.
FICHA
Liga dos Campeões 2013/14 - Quartas de final - Jogo de volta
ATLÉTICO DE MADRID (1): Courtois; Juanfran, Miranda, Godín e Filipe Luís; Tiago, Gabi, García e Koke; Adrián (Diego) e Villa (Cristian Rodríguez). Técnico: Diego Simeone
BARCELONA (0): Pinto, Daniel Alves, Bartra, Mascherano e Alba; Busquets, Xavi e Iniesta (Pedro); Messi, Fabregas (Sánchez) e Neymar. Técnico: Gerardo Martino
Local: Vicente Calderón, Madrid (ESP); Data: quarta-feira, 09/04/2014, 15h45; Árbitro: Howard Webb (ING); Público: 53.592; Gol: Koke 5 do 1º; Cartão amarelo: Koke, Daniel Alves, Mascherano e Busquets; Melhor em campo: Koke; Nota do jogo: 8
NÚMEROS
Chances de gol: Atlético 9 x 5 Barcelona
Finalizações: Atlético 15 x 12 Barcelona
Escanteios: Atlético 6 x 7 Barcelona
Impedimentos: Atlético 4 x 0 Barcelona
Faltas cometidas: Atlético 15 x 9 Barcelona
Desarmes: Atlético 43 x 20 Barcelona
Passes errados: Atlético 31 x 36 Barcelona
Posse de bola: Atlético 38% x 61% Barcelona
Análise: mesmo fazendo seu gol cedo, o Atlético de Madrid criou mais chances e finalizou mais a gol, o que prova sua melhor atuação. Os 43 desarmes realizados ao longo do jogo pelo time de Simeone também impressionam. Somando os dois jogos, o Atlético tomou a bola do Barça incríveis 83 vezes, contra 47 do adversário.
FUTEBOL DE BOTÃO
Comentários
o chuveirinho do barça foi ridículo, desesperado, não ganharam uma bola, já que só têm dois jogadores com mais de 1,75 (busquets e bartra) e não são atacantes.