Sabedoria italiana
Real Madrid e Bayern München são dois timaços de estilos bem diferentes, e o contraste entre essas duas formas de jogar futebol ficou evidente hoje na noite madrilenha. Ao contrário de José Mourinho, que raramente tentava fazer o seu time se adequar ao modo de jogar do adversário quando Guardiola era o técnico rival, Carlo Ancelotti soube montar o Real Madrid de um modo a anulá-lo, mas sem perder a velocidade e a agressividade com a bola nos pés, características principais do seu time contra 99% dos demais adversários. A sabedoria do italiano se mostrou fundamental: foi a primeira vez que Pep perdeu no Santiago Bernabéu, e sem marcar gols como visitante, algo crucial num mata-mata tão equilibrado.
Com a personalidade de todos os times treinados por Guardiola, o Bayern tomou conta das ações no Bernabéu desde o início, sem levar em conta que enfrentava um dos melhores times do mundo fora de casa. O Real Madrid foi inteligente e humilde: sabedor da postura adiantada dos alemães, fechou-lhe todos os espaços. Ribery, Robben, Kroos, Schweinsteiger, ninguém tinha espaço. Todos ajudavam a marcar e formavam um sólido bloco defensivo, que se abria pelos lados quando surgia o contragolpe. No primeiro deles, Fábio Coentrão, lateral que na prática foi um zagueiro pela esquerda, se desprendeu de trás após lançamento primoroso de Cristiano Ronaldo e cruzou na medida para o gol de Benzema.
A desvantagem não mudaria a postura do Bayern, claro, mas os alemães sentiram o gol. Os dez minutos seguintes ao 1 a 0 foram de pelo menos duas ótimas chances espanholas, mas o time da casa não ampliou, um pecado que pode ser mortal diante do campeão do mundo. Os bávaros só voltaram a trocar passes com paciência e tentar agredir o time rival a partir dos 30 minutos, sempre com Robben, o homem mais lúcido do setor de frente, o único que de vez em quando levava vantagem. Mas era pouco para furar o ferrolho. Aos 42, Di María perdeu, livre, o gol que poderia ser o do encaminhamento da classificação.
O segundo tempo foi parecido. Embora tenha tido quase que a exclusividade da posse da bola, o Bayern viu o adversário ter as chances mais claras de marcar, embora tenham sido poucas. Ancelotti manteve a característica do contragolpe ao retirar Cristiano Ronaldo e colocar em seu lugar Gareth Bale novinho em folha. Por pouco sua equipe não ampliou a vantagem. Uma das raríssimas chances claras do time alemão caiu nos pés de Götze, mas Casillas salvou milagrosamente cara a cara.
É interessante notar que o Real Madrid teve diante do Bayern hoje a mesma segurança defensiva dos 3 a 0 aplicados sobre o Borussia Dortmund, no jogo de ida das quartas de final. Na partida de volta, em Dortmund, é que o nível defensivo da equipe destoou. O panorama em Munique deverá ser parecido com o de hoje. E só mantendo a concentração lá em cima e aproveitando com efetividade os contra-ataques é que o time de Ancelotti voltará, 12 anos depois, a disputar uma final europeia.
Em tempo:
- Aos 28 do segundo tempo os dois times esbanjaram. No Real Madrid, saiu Cristiano Ronaldo e entrou Bale. Já o Bayern tirou Schweinsteiger e Ribery, colocando em campo Müller e Götze. Haja banco de reservas.
- Modric marcou, fez ligação de jogo, distribuiu a bola, lançou, deu carrinho, tirou de cabeça, desarmou. Um monstro.
FICHA TÉCNICA
Liga dos Campeões da Europa 2013/14 - Semifinais - Jogo de ida
REAL MADRID (1): Casillas; Carvajal, Ramos, Pepe (Varane) e Coentrão; Xabi Alonso, Modric e Isco (Illarramendi); Di María, Benzema e Cristiano Ronaldo (Bale). Técnico: Carlo Ancelotti
BAYERN MÜNCHEN (0): Neuer; Rafinha, Boateng, Dante e Alaba; Lahm, Schweinsteiger e Kroos; Robben, Mandzukic e Ribery. Técnico: Pep Guardiola
Local: Santiago Bernabéu, Madrid (ESP); Data: quarta-feira, 23/04/2014, 15h45; Árbitro: Howard Webb (ING); Público: 79.283; Gol: Benzema 18 do 1º; Cartão amarelo: Isco; Melhor em campo: Modric; Nota do jogo: 8
NÚMEROS
Chances de gol: Real Madrid 7 x 7 Bayern
Finalizações: Real Madrid 9 x 15 Bayern
Escanteios: Real Madrid 3 x 15 Bayern
Impedimentos: Real Madrid 5 x 3 Bayern
Faltas cometidas: Real Madrid 10 x 10 Bayern
Desarmes: Real Madrid 20 x 13 Bayern
Passes errados: Real Madrid 21 x 47 Bayern
Posse de bola: Real Madrid 32% x 68% Bayern
Análise: a eficiência do Real Madrid fica clara quando vemos que o número de chances criadas foi o mesmo do que o do Bayern, que finalizou bem mais e teve mais que o dobro de posse de bola. O alto número de impedimentos do time espanhol evidencia que o contra-ataque foi um recurso bastante utilizado.
FUTEBOL DE BOTÃO
Com a personalidade de todos os times treinados por Guardiola, o Bayern tomou conta das ações no Bernabéu desde o início, sem levar em conta que enfrentava um dos melhores times do mundo fora de casa. O Real Madrid foi inteligente e humilde: sabedor da postura adiantada dos alemães, fechou-lhe todos os espaços. Ribery, Robben, Kroos, Schweinsteiger, ninguém tinha espaço. Todos ajudavam a marcar e formavam um sólido bloco defensivo, que se abria pelos lados quando surgia o contragolpe. No primeiro deles, Fábio Coentrão, lateral que na prática foi um zagueiro pela esquerda, se desprendeu de trás após lançamento primoroso de Cristiano Ronaldo e cruzou na medida para o gol de Benzema.
A desvantagem não mudaria a postura do Bayern, claro, mas os alemães sentiram o gol. Os dez minutos seguintes ao 1 a 0 foram de pelo menos duas ótimas chances espanholas, mas o time da casa não ampliou, um pecado que pode ser mortal diante do campeão do mundo. Os bávaros só voltaram a trocar passes com paciência e tentar agredir o time rival a partir dos 30 minutos, sempre com Robben, o homem mais lúcido do setor de frente, o único que de vez em quando levava vantagem. Mas era pouco para furar o ferrolho. Aos 42, Di María perdeu, livre, o gol que poderia ser o do encaminhamento da classificação.
O segundo tempo foi parecido. Embora tenha tido quase que a exclusividade da posse da bola, o Bayern viu o adversário ter as chances mais claras de marcar, embora tenham sido poucas. Ancelotti manteve a característica do contragolpe ao retirar Cristiano Ronaldo e colocar em seu lugar Gareth Bale novinho em folha. Por pouco sua equipe não ampliou a vantagem. Uma das raríssimas chances claras do time alemão caiu nos pés de Götze, mas Casillas salvou milagrosamente cara a cara.
É interessante notar que o Real Madrid teve diante do Bayern hoje a mesma segurança defensiva dos 3 a 0 aplicados sobre o Borussia Dortmund, no jogo de ida das quartas de final. Na partida de volta, em Dortmund, é que o nível defensivo da equipe destoou. O panorama em Munique deverá ser parecido com o de hoje. E só mantendo a concentração lá em cima e aproveitando com efetividade os contra-ataques é que o time de Ancelotti voltará, 12 anos depois, a disputar uma final europeia.
Em tempo:
- Aos 28 do segundo tempo os dois times esbanjaram. No Real Madrid, saiu Cristiano Ronaldo e entrou Bale. Já o Bayern tirou Schweinsteiger e Ribery, colocando em campo Müller e Götze. Haja banco de reservas.
- Modric marcou, fez ligação de jogo, distribuiu a bola, lançou, deu carrinho, tirou de cabeça, desarmou. Um monstro.
FICHA TÉCNICA
Liga dos Campeões da Europa 2013/14 - Semifinais - Jogo de ida
REAL MADRID (1): Casillas; Carvajal, Ramos, Pepe (Varane) e Coentrão; Xabi Alonso, Modric e Isco (Illarramendi); Di María, Benzema e Cristiano Ronaldo (Bale). Técnico: Carlo Ancelotti
BAYERN MÜNCHEN (0): Neuer; Rafinha, Boateng, Dante e Alaba; Lahm, Schweinsteiger e Kroos; Robben, Mandzukic e Ribery. Técnico: Pep Guardiola
Local: Santiago Bernabéu, Madrid (ESP); Data: quarta-feira, 23/04/2014, 15h45; Árbitro: Howard Webb (ING); Público: 79.283; Gol: Benzema 18 do 1º; Cartão amarelo: Isco; Melhor em campo: Modric; Nota do jogo: 8
NÚMEROS
Chances de gol: Real Madrid 7 x 7 Bayern
Finalizações: Real Madrid 9 x 15 Bayern
Escanteios: Real Madrid 3 x 15 Bayern
Impedimentos: Real Madrid 5 x 3 Bayern
Faltas cometidas: Real Madrid 10 x 10 Bayern
Desarmes: Real Madrid 20 x 13 Bayern
Passes errados: Real Madrid 21 x 47 Bayern
Posse de bola: Real Madrid 32% x 68% Bayern
Análise: a eficiência do Real Madrid fica clara quando vemos que o número de chances criadas foi o mesmo do que o do Bayern, que finalizou bem mais e teve mais que o dobro de posse de bola. O alto número de impedimentos do time espanhol evidencia que o contra-ataque foi um recurso bastante utilizado.
FUTEBOL DE BOTÃO
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