Quase todos nas oitavas

Por Marcos Bernaola*

Embora fosse o San Lorenzo que parecia ter a situação mais complicada, houve surpresa no final: o Newell's, em casa, é que ficou sem Copa e sem técnico. Por muito pouco não tivemos todos os argentinos nas oitavas...

O Newell's, time mais ofensivo dos últimos anos do futebol argentino, que era tão elogiado por só olhar para o ataque e tentar jogar com a bola no chão, mesmo que sob pressão, sentiu o desgaste e o elenco escasso e viu acabar seu sonho na Libertadores. Podia até empatar, mas o Atlético Nacional veio com tudo e acabou com as esperanças rubro-negras. O time não jogou mal, mas tentar encarar o torneio local e o internacional com a mesma intensidade foi demais. A lesão de Maxi Rodríguez, o clássico perdido no fim de semana passado e os gols sofridos por tentar trocar passes perigosos próximos ao seu próprio gol acabaram com sua participação na Libertadores e decretaram a renúncia de Alfredo Berti.

Mas que tal falar daqueles que seguem vivos? 

VÉLEZ
É o mais tranquilo de todos. Sem arriscar seus jogadores, bateu em seu estádio o Universitario e acabou como o melhor time da primeira fase da Copa Libertadores, o que lhe dará a vantagem de realizar sempre o segundo jogo dos mata-matas em casa. Com Mauro Zárate de volta após jogar na Itália, o time melhorou o seu ataque. Nos últimos anos, o Fortín tem sido o time mais constante. Qualquer um dos jovens do clube entendem bem o seu sistema de jogo. Mas o grande desejo da torcida é a Copa. Participante regular da competição desde 2010, o Vélez deve brigar até o final.
Pontos fortes: seu ataque, com Mauro Zárate e Lucas Pratto, abastecido por um armador como Roberto Nanni e um bom meio-campo, que troca passes com qualidade.
Pontos fracos: sua velha defesa, a mesma há anos, com o ex-corintiano Sebá Domínguez, e a falta de garra em situações decisivas, culpa do estilo de jogo.
Adversário: o Nacional paraguaio, classificado de última hora, não deve ser difícil.

ARSENAL
Foi o segundo melhor argentino e é o melhor dos vice-líderes de toda a fase de grupos. O mais novo dos times da primeira divisão argentina terminou vencendo o Santos Laguna na última rodada. A equipe é limitada, mas conhece bem seus pontos fortes e sabe aproveitar os erros dos adversários. Está em último lugar no Torneo Final e aposta tudo em fazer a sua melhor campanha na história da Libertadores.
Pontos fortes: a bola parada. Tem artilheiros como Julio Furch, muito eficazes no jogo aéreo.
Pontos fracos: o elenco é reduzido. Se perder alguma peça, pode ter problemas.
Adversário: a Unión Española, um time completo e que joga de forma parecida. Confronto deve ser equilibrado.

LANÚS
Também chegou às oitavas, mas não sem uma boa dose se sofrimento. No Chile, o campeão nacional O'Higgins veio com tudo para vencer e passar de fase, mas parou em um dos melhores goleiros da competição, Agustín Marchesín, que foi a grande figura do jogo. Ele salvou a equipe várias vezes e defendeu um pênalti (em um toque de mão inexistente) no fim do jogo.
Pontos fortes: a defesa e seu goleiro fantástico.
Pontos fracos: o time sofre do mesmo problema do Newell's, jogando um futebol ofensivo, mas com um plantel de poucas alternativas. Segue próximo dos líderes no Campeonato Argentino (é 8º, a dois pontos da liderança), mas não possui aquele mesmo nível ofensivo do Lanús que foi campeão da Copa Sul-Americana.
Adversário: Santos Laguna. Os mexicanos foram os melhores da Copa até a última rodada da fase de grupos. Será um adversário difícil, fora a longa viagem.

SAN LORENZO
O San Lorenzo chegou ao milagre no fim. Precisava vencer o decadente Botafogo, e ganhava bem. Mas no outro jogo da última rodada do grupo, Unión Española e Independiente del Valle faziam um confronto incrível, que acabou em 5 a 4 para os equatorianos. O placar obrigava o time argentino a marcar mais gols, e Piatti marcou no fim o 3 a 0 que levou o time às oitavas.
Pontos fortes: o time se conhece bem, tem um bom meio-campo e a esperança de brigar pelo título tanto na Argentina (onde é líder, com 21 pontos) quanto em âmbito continental.
Pontos fracos: quase não tem atacantes que não se machuquem. Agora foi a vez de Nicolás Blandi. Sempre há algum jogador de fora por lesão.
Adversário: Grêmio. Os gaúchos são favoritos por sua boa primeira fase, e se conseguirem um bom resultado em Buenos Aires tornarão complicadas as chances do Ciclón de reverterem a situação.

* Natural de Córdoba, Argentina, Marcos Bernaola, 23 anos, é o novo colunista semanal de futebol argentino do Carta na Manga.

Comentários

Vine disse…
Grande aquisição. Às vezes achava que era tu escrevendo.
Igor Natusch disse…
Brilhante!