O Vélez de sempre, um Nacional histórico

E o Nacional paraguaio eliminou o Vélez Sarsfield. O confronto teoricamente mais desparelho de todo o mata-mata, reunindo o líder geral, um campeão da América, e o pior vice-líder, que pela primeira vez havia passado da primeira fase, acabou com uma zebraça, a maior de toda a Libertadores. Foi a quarta eliminação do sempre favorito time de Liniers nas oitavas nos últimos dez anos.

A eliminação precoce foi o caro preço da má atuação do Vélez em Assunção, na semana passada. A equipe de Turu Flores deixou de assumir o protagonismo, sua obrigação mesmo fora de casa, diante da superioridade técnica que possui em relação ao time paraguaio. Tanto era melhor que dominou completamente a partida desta terça, em Buenos Aires. Só no primeiro tempo foram 13 conclusões e nove chances claríssimas de marcar, que pararam na ineficiência das conclusões de Mauro Zárate ou nas ótimas defesas de Nacho Don.

O Nacional, claro, tem muitos méritos. Além da atuação corajosa em casa, partindo para cima de um time visivelmente melhor, a equipe se defendeu muito bem em Liniers. Além de Don, os zagueiros Cáceres e Piris, os laterais Coronel e Mendoza e os volantes Riveros e Torales foram comoventes na marcação, que também contava com a ajuda dos meias e atacantes. O Vélez tinha poucas alternativas, e abusava dos chutes de longe, uma alternativa para furar defesas fechadas, mas que desta vez parecia descalibrada.

À medida que o gol não saía, os nervos argentinos afloravam e o desespero tomavam conta do Fortín. Até que, aos 29 minutos do segundo tempo, Cubero fez bela jogada pela direita e serviu Correa, que enfim venceu Don. O gol a 15 minutos do fim dava ao Vélez perspectivas de até matar o confronto no tempo normal, mas a alegria durou pouco. Aos 32, o Nacional soube aproveitar o fato de seu adversário estar todo no ataque, surprendeu e Romero cometeu pênalti em Orué. Volante expulso e empate paraguaio. Parecia o fim.

Com um a menos, o Vélez precisava de dois gols. E chegou ao 2 a 1 novamente com Correa, um golaço, aos 39, incendiando o Fortín de Liniers. Aos 41, porém, Canteros foi expulso, deixando o final ainda mais complicado. Nos descontos, com Sosa na área paraguaia tentando gol de cabeça, o Nacional contra-atacou e Orué entrou com bola e tudo, correndo livre desde o meio-campo. Era o empate e a classificação da equipe de Assunção.

O esforço do Vélez foi comovente, os méritos do Nacional são evidentes, mas a eliminação é inaceitável. Primeiro, pelo fato de que há, em Liniers, o melhor time da Argentina: Correa, Pratto, Zárate, Nanni (o artilheiro da Libertadores 2011 é reserva), todos são jogadores de alto nível. Segundo, porque só foi preciso correr atrás do gol com tanto desespero no jogo de volta porque a equipe não cumpriu com seu papel na ida, quando poderia ao menos ter segurado um empate ou marcado um golzinho que seja diante de um adversário claramente inferior. O Nacional, claro, não tem nada com isso, e se junta a Defensor, Bolívar e Lanús. As quartas de final estão, até agora, repletas de surpresas.

Em tempo:
- Jogo emocionante também em Montevidéu. O Defensor teve dificuldades contra o Strongest até a entrada do experiente Olivera, que mudou o jogo. Conquistado o 2 a 0, os uruguaios tiveram dificuldades até o final, e estiveram mais perto de tomar o gol da eliminação que marcar o da classificação. Nos pênaltis, brilhou a estrela do goleiro Campaña. De boliviano entre os oito, só o Bolívar.

Ficha técnica
Copa Libertadores da América 2014 - Oitavas de final - Jogo de volta
29/abril/2014
VÉLEZ SARSFIELD 2 x NACIONAL-PAR 2
Local: Fortín de Liniers, Buenos Aires (ARG)
Árbitro: Sandro Meira Ricci (BRA)
Público: não divulgado
Gols: Correa 29, Torales (pênalti) 33, Correa 39 e Orué 48 do 2º
Cartão amarelo: Tobio, Cubero, Don, Riveros e Bareiro
Expulsão: Romero 32 e Canteros 41 do 2º
VÉLEZ SARSFIELD: Sosa (4), Cubero (6,5), Tobio (5) (Asad, 39 do 2º - sem nota), Domínguez (5,5) e Cardozo (5,5) (Nanni, 15 do 2º - 5,5); Romero (4), Canteros (5), Cabral (5,5) e Correa (7); Zárate (5) e Pratto (6). Técnico: Turu Flores
NACIONAL-PAR: Don (7), Coronel (6), Cáceres (6,5), Piris (6,5) e Mendoza (5); Torales (6), Riveros (6), Melgarejo (6) (Argüello, 42 do 2º - sem nota) e Benítez (5,5) (Balbuena, 16 do 2º - 5,5); Orué (6,5) e Bareiro (5) (Santa Cruz, 37 do 2º - sem nota). Técnico: Gustavo Morinigo

Comentários

Lique disse…
a única vantagem de escutar o carta na mesa com atraso é quando acontecem coisas como hoje: o acerto do placar do jogo E dos pênaltis no palpitazo sobre o jogo do defensor.
Vicente Fonseca disse…
Hahaha, sim. O Prestes acertou na veia!

Por sinal, a gente sempre tenta disponibilizar o quanto antes, embora tenha atrasado alguns dos últimos. Faremos o possível pra que isso não ocorra.
Essa Libertadores está tão legal que, dos 4 que até agora passaram, nenhum levantou a taça em toda a história do torneio. E o Vélez é o primeiro campeão a cair no mata mata em 2014, confere?
Vicente Fonseca disse…
Desses quatro quadrifinalistas já classificados, acho que o Lanús era o único razoavelmente esperado. O Defensor um pouco menos. Bolívar e Nacional-PAR são zebras.

Sim, o Vélez é o primeiro campeão a cair. Restam agora os três brasileiros e o Atlético Nacional - e um desses quatro, ao menos, cairá fora em Belo Horizonte. Teremos entre 1 e 3 campeões entre os 8 melhores.
Vicente Fonseca disse…
Aliás, primeiro campeão a cair NOS MATA-MATAS, né? Nacional, Peñarol e Flamengo foram eliminados na fase de grupos.