Em desvantagem, mas vivo

Para quem temia uma goleada, saiu melhor do que o esperado. O Grêmio volta vivo de Buenos Aires. E volta vivo porque fez uma partida bastante razoável no Nuevo Gasómetro. O Tricolor não sofreu pressão do San Lorenzo em momento algum da noite, apresentou segurança defensiva na maior parte do tempo (apesar de Léo Gago) e criou mais chances de marcar que o seu adversário. Poderia ter até conquistado um empate com gols. Mas perdeu, e sem marcar gols como visitante, o que complica as coisas, embora não impeça uma reversão.

O primeiro tempo foi truncado, tenso, equilibrado. À exceção de uma boa jogada e chute perigoso de Mauro Matos, nenhuma situação de gol para qualquer dos lados. O campeão argentino teve a iniciativa nos minutos iniciais, mas nunca chegou a pressionar o Grêmio, que equilibrou o jogo a partir dos 15 minutos, enervando aos poucos o ansioso time da casa. Geromel, na zaga, fez boa partida. Se Rhodolfo não fez tanta falta, Wendell fez: Léo Gago esteve quase sempre perdido, furava o tempo todo, errava passes fáceis e só não comprometia mais porque Ramiro, Geromel e até Dudu o auxiliavam na cobertura.

Dudu, aliás, foi o grande nome do time de Enderson Moreira na partida. Passou como quis pelo fraco lateral Buffarini o jogo todo. Porém, teve a seu lado um Barcos apático, preso em meio aos zagueiros. A movimentação ofensiva gaúcha melhorou após o gol sofrido (outra falha de Léo Gago, que desarrumou toda a defesa), com a entrada de Luan, pois aí havia movimentação pelos dois lados do ataque.

O San Lorenzo foi pragmático como seu técnico, Edgardo Bauza: fez o gol e se fechou para garantir o 1 a 0, vitória em casa sem sofrer gols. Piatti não fez grande partida, mas Villalba compensou com grande combatividade. Correa, o grande referencial técnico da equipe, esteve bem marcado e pouco havia aparecido no jogo até o lance do gol, no qual mostrou toda a sua categoria. Estes três homens deverão puxar os contragolpes argentinos na Arena, e são o grande perigo à classificação gremista: um gol que o San Lorenzo faça em Porto Alegre complicará demais as chances tricolores.

A fase do Grêmio não é boa, e talvez por isso o time não tenha conquistado um resultado melhor nesta quarta, pois produziu o suficiente para pelo menos obter um empate. A reversão é possível não tanto pelo placar do jogo de ida, mas pelo fato de o Tricolor ser tecnicamente superior ao San Lorenzo, como a própria partida em Buenos Aires mostrou, mesmo que o time estivesse desfalcado. O San Lorenzo faz péssima campanha como visitante nesta Libertadores e hoje, quando se propôs a defender, mostrou deficiências atrás, quase sofrendo o empate. Mas nada de otimismo exagerado: a classificação, se vier, não será sem drama. Ou alguém já esqueceu a outra vez que Bauza foi à Arena com uma vantagem de 1 a 0 no jogo de ida?

FICHA TÉCNICA
Copa Libertadores da América 2014 - Oitavas de final - Jogo de ida
SAN LORENZO (1): Torrico; Buffarini, Valdés, Gentiletti e Más; Mercier, Ortigoza, Villalba (Cavallaro) e Piatti (Kannemann); Correa (Elizari) e Matos. Técnico: Edgardo Bauza
GRÊMIO (0): Marcelo Grohe; Pará, Werley, Geromel e Léo Gago (Breno); Edinho, Riveros, Ramiro (Luan) e Zé Roberto (Maxi Rodríguez); Dudu e Barcos. Técnico: Enderson Moreira
Local: Nuevo Gasómetro, Buenos Aires (ARG); Data: quarta-feira, 23/04/2014, 22h; Árbitro: Enrique Osses (CHI); Público: 30.000; Gol: Correa 6 do 2º; Cartão amarelo: Más, Buffarini, Correa, Kannemann, Edinho e Léo Gago; Melhor em campo: Correa; Nota do jogo: 5

NÚMEROS
Chances de gol: San Lorenzo 3 x 4 Grêmio
Finalizações: San Lorenzo 8 x 7 Grêmio
Escanteios: San Lorenzo 4 x 4 Grêmio
Impedimentos: San Lorenzo 2 x 0 Grêmio
Faltas cometidas: San Lorenzo 25 x 13 Grêmio
Desarmes: San Lorenzo 31 x 28 Grêmio
Passes errados: San Lorenzo 53 x 48 Grêmio
Posse de bola: San Lorenzo 49,5% x 50,5% Grêmio
Análise: jogo típico de Libertadores, equilibrado, como os números parelhos em quase todos os dados coletados denunciam. O baixo número de chances e finalizações atesta o quanto a partida foi truncada. Os 101 passes errados demonstram que o jogo teve pouca técnica, e os quase 60 desarmes são indício lógico de muita disputa.

FUTEBOL DE BOTÃO

Comentários

Franke disse…
Fui dormir evidentemente bem chateado, e hoje acordei pensando no jogo contra o Newells. Acho que as duas partidas do Grêmio na Argentina nessa Libertadores foram similares. Nas duas, se defendeu bem, não se intimidou e inclusive passou a jogar melhor depois do gol sofrido. A diferença, paradoxalmente, é que o Newells me parece um time melhor que o San Lorenzo - e que ontem não tivemos sorte.
Vicente Fonseca disse…
Exatamente, Franke. O Newell's é superior ao San Lorenzo tecnicamente, e visivelmente não passou porque o grupo da morte era forte demais. Aliás, o Atlético Nacional provou isso ao quebrar a invencibilidade do Atlético-MG ontem em Medellín.

Acho que ontem a melhora também passou pela entrada do Luan, que deu opções de ataque também pelo lado direito. Ele tem que começar o jogo de quarta, não pode ficar no banco. Deveria inclusive ter iniciado ontem, a meu ver.
Franke disse…
O Luan não me pareceu muito à vontade ontem ainda. Mas faz muita falta mesmo, tenho q'admitir.

Um modo de pensar: a situação do Grêmio é tão difícil quanto a do Bayern.
Vicente Fonseca disse…
Haha. Acho que menos difícil. O Real Madrid joga só um pouquinho mais que o San Lorenzo...