De lavar a alma

Gigante. Poucas vezes em seus 45 anos de história, que se completam hoje, o Beira-Rio viu este apelido lhe cair tão bem. A festa de reinauguração do estádio, conforme se prometia e era anunciado, foi absolutamente espetacular - não apenas por ser bonita, mas por ser de fato um megaespetáculo.

Foi uma noite para lavar a alma colorada, por dois motivos: a possibilidade de se reencontrar de vez com seu eterno estádio e de poder relembrar todas as conquistas obtidas pelo clube nestas quatro décadas e meia. E a ligação entre os colorados e o Beira-Rio é de fato muitíssimo especial. Afinal, Yokohama à parte, foi na Avenida Padre Cacique, número 891, que o Inter comemorou todas as suas grandes conquistas: os Brasileiros de 1975, 1976 e 1979, a Copa do Brasil de 1992, as Libertadores de 2006 e 2010, as Recopas de 2007 e 2011, a Sul-Americana de 2008. Todas as grandes festas da história colorada foram neste endereço. Talvez também por isso as saudades nutridas nestes quase 18 meses longe do Beira-Rio tenham aumentado tanto.

A história em si foi muito bem contada. Começando pela construção do estádio, claro. Contar as glórias dos anos 1970 e 2000 é fácil, mas houve também o que falar dos anos 1980 e 1990, mesmo que tenham sido áridos em termos de títulos. A referência ao Grêmio como "eterno freguês" ao relembrar o Gre-Nal do Século é pequena, tão infeliz quanto a comemoração a la Kidiaba de André Lima no gol de inauguração da Arena, mas é um detalhe que não tira a grandiosidade do evento, pois é muito menor do que o Inter e sua história. O Gre-Nal dos 5 a 2, por outro lado, foi lembrado com a grandiosidade que o momento merece: uma homenagem ao eterno Fabiano, que não conseguiu parar de chorar ao adentrar o gramado do Beira-Rio. Sem dúvida, o momento mais emocionante da noite.

Esqueçam, ao menos por enquanto, os problemas de entorno, de funcionamento do estádio. Esqueçam o fato de que o Beira-Rio remodelado recebeu seu primeiro jogo com 20% de sua capacidade funcionando, pelo Gauchão, e não o amistoso de hoje, contra o tradicionalíssimo Peñarol. Tudo isso são pequenos detalhes, que serão aperfeiçoados com o tempo. O que importa, de verdade, é que o Beira-Rio voltou. E isso é maior do que tudo na vida dos colorados.

Em tempo:
- O Grêmio retribuiu à altura a carta aberta escrita pelo rival quando da inauguração da Arena. De fato, Porto Alegre tem dois estádios que devem fazer seus torcedores se orgulharem. Tentar nivelar por baixo esse Gre-Nal, mesmo em se tratando das torcidas e suas tradicionais flautas é exatamente isso: baixo, rasteiro, pequeno.

- Ontem foi festa, hoje foi festa, domingo que vem é decisão. Será na final do Gauchão que o Beira-Rio receberá seu primeiro teste forte, em um jogo imenso como o Gre-Nal que encerrará o estadual de 2014.

- Em campo, hoje, o Inter é favorito diante de um Peñarol que disputa o título uruguaio, mas fez péssima campanha na Libertadores.

Comentários

Sancho disse…
A comemoração do André Lima não foi institucional. Inter errou feio.
Vicente Fonseca disse…
Sem dúvida, o caso do Inter é bem mais grave.