A vantagem é dos Diegos

O Atlético de Madrid obteve um grande resultado no Camp Nou. O 1 a 1 já seria importantíssimo em circunstâncias normais, mas a lesão sofrida por Diego Costa ainda no primeiro tempo aumenta o tamanho do feito. Afinal, mesmo sem seu principal atacante, a equipe madrilenha chegou ao sempre fundamental tento marcado fora de casa - tento este marcado por outro Diego, o ex-Santos, que substituiu Costa e mandou um balaço histórico do meio da rua, que abriu o placar em Barcelona.

Foi, no entanto, outro Diego o grande personagem da partida: Simeone, o técnico do Atlético, que provou nesta terça-feira que faz um trabalho excepcional no clube pelo qual foi campeão espanhol como jogador, em 1995. Se o Barcelona é conhecido por trocar passes curtos e se compactar, o Atlético foi ainda mais compactado - e muitas vezes ofensivamente, sem retranca. A equipe visitante frequentemente era vista em um espaço de campo de apenas 20 ou 30 metros. A aproximação dificultou demais as trocas de passes envolventes do Barça. O jogo ficou truncado ao mesmo tempo que elétrico: era disputado numa faixa curtíssima de gramado, com intensidade incrível em cada dividida. Qualquer chegada atrasada poderia ser fatal.

Mas o Atlético quase não falhou. A segunda linha do meio, com Tiago, Gabi, Turan e Koke marcava com extremo afinco o setor criativo do Barcelona e conseguia, com relativo sucesso, isolar Messi do restante do time. Com tantos madrilenhos em tão curto espaço de campo, Xavi e Iniesta tinham dificuldade de encontrar o argentino e Neymar em condições de concluir. Fabregas tentava fazer a armação, mas era bem marcado. Só quando Neymar e Messi recuavam é que as trocas de passe se infiltravam melhor. No entanto, haveria, aí, mais gente para ser batida e mais distância para se ingressar na área.

Sem Diego Costa, porém, ficava complicado para o Atlético especular a sua bola do jogo. Villa quase conseguiu no primeiro tempo, ao bater Bartra e chutar para defesa de Pinto. Mas Diego, num raro espaço encontrado no campo, fez o 1 a 0 em chute de longa distância, que era uma forma natural de se tentar chegar ao gol sem Diego Costa em campo, aos 10 da etapa final. Tata Martino demorou, mas fez o que deveria ser feito aos 25: retirou Fabregas e apostou em Alexis Sánchez, para trazer seu time mais para a área do Atlético. Bastaram dois minutos para que Iniesta deixasse a ponta esquerda e voltasse para a meia, onde melhor sabe jogar e de onde achou Neymar livre, em um passe magistral, para empatar o jogo.

Os jogos entre Atlético e Barcelona nesta temporada se notabilizaram por ser exatamente como o de hoje, e o da semana que vem deverá ser igual. Com a necessidade de fazer ao menos um gol em Madrid, o Barça deve ir para cima e o time de Simeone manterá a postura tática dedicada e reativa que fez sucesso no Camp Nou. A marcação pressão feito pelo time da capital nos minutos iniciais do confronto deve se repetir no Vicente Calderón, onde o Atlético costuma pressionar bastante seus rivais. Simeone e Martino prometem outro duelo tático empolgante na próxima quarta. O confronto segue completamente indefinido.

Em tempo:
- O Bayern foi melhor em Manchester. Saiu perdendo para o United quando dominava o jogo, mas chegou ao 1 a 1 que lhe dá a vantagem de jogar por um 0 a 0 em Munique. O time alemão é bem superior e tem um leve favoritismo, mas a camisa vermelha dos ingleses merece respeito.

Liga dos Campeões da Europa 2013/14 - Quartas de final - Jogo de ida
BARCELONA (1): Pinto; Daniel Alves, Piqué (Bartra), Mascherano e Alba; Busquets, Xavi e Fabregas (Alexis Sánchez); Neymar, Messi e Iniesta. Técnico: Gerardo Martino
ATLÉTICO DE MADRID (1): Courtois; Juanfrán, Godín, Miranda e Filipe Luís; Gabi, Tiago, Turan (Cristian Rodríguez) e Koke; Villa (Sosa) e Diego Costa (Diego). Técnico: Diego Simeone
Local: Camp Nou, Barcelona (ESP); Data: terça-feira, 01/04/2014, 15h45; Árbitro: Felix Brych (ALE); Público: 79.941; Gols: Diego 10 e Neymar 25 do 2º; Cartão amarelo: Alba, Iniesta, Juanfrán, Gabi, Turan, Koke, Diego e Sosa; Melhor em campo: Courtois; Nota do jogo: 8


NÚMEROS
Chances de gol: Barcelona 9 x 3 Atlético
Finalizações: Barcelona 18 x 6 Atlético
Escanteios: Barcelona 8 x 1 Atlético
Impedimentos: Barcelona 0 x 3 Atlético
Faltas cometidas: Barcelona 16 x 24 Atlético
Desarmes: Barcelona 27 x 40 Atlético
Passes errados: Barcelona 47 x 39 Atlético
Posse de bola: Barcelona 67% x 33% Atlético
Análise: a alta intensidade do jogo fica evidente nos números. Foram 40 faltas cometidas (quase o dobro da média de um jogo de Liga dos Campeões) e 67 desarmes, além de 86 passes errados, algo incomum para dois times desse nível, e que certamente foi provocado pelo curtíssimo espaço disponível em campo.

PAINEL TÁTICO

Comentários

Paul disse…
A enfiada do Iniesta foi um passe de QUARTERBACK pro Neymar. E te digo BUCHA aquele gol do Diego!
Franke disse…
Nem acho que tenha sido falha de marcação no gol do Diego. Ele estava tão longe e em uma posição tão improvável que esse gol ele faz uma vez a cada 400 chutes. Golaço na hora certa.

Neymar fez grande partida. Me pareceu um dos melhores em campo. Também me parece claro o quanto ele está tendo que se adaptar ao estilo de jogo europeu. Aqui no Brasil ele costumava ter mais espaços, e ontem ter 2 metros livres era abundância.

Grande jogo, e segue tudo realmente completamente indefinido.
Franke disse…
Em tempo: os goleiros fizeram diferença. Não dá pra reclamar do Pinto no gol do Diego, que é fora de série, mas dá pra pensar que o goleiro do Atlético fez outras duas ou três defesas sensacionais em chutes à distância. Não teria sido nada anormal se um desses chutes, tal qual o do Diego, tivessem entrado.
Vicente Fonseca disse…
Neymar foi MUITO bem. Mesmo sem espaço, deu um baita trabalho pra defesa do Atlético. E não foi cai-cai, embora tenha sido o cara que mais sofreu faltas durante o jogo: foi mesmo caçado, tanto que cavou três amarelos pro Atlético numa competição onde os juízes costumam poupar cartões.

Não achei falha do Pinto também, porém vi ele inseguro em várias intervenções. O pessoal tá criticando ele pelo conjunto da obra, mas o chute do Diego foi indefensável.