Vitória magra mostra problemas no Inter

O Internacional teve um mérito na vitória sobre o Brasil: paciência. A equipe não se afobou diante das dificuldades, não trocou os pés pelas mãos, seguiu no seu ritmo cadenciado e assim chegou à vitória. Porém, foi um dos poucos méritos da equipe de Abel Braga. O resultado magro desta quarta-feira deixou mais claros problemas que soluções na equipe rubra.

E estes problemas estão localizados, em sua maioria, no meio de campo. É o setor dos maiores destaques do time, como D'Alessandro e Aránguiz, mas também de jogadores que seguem sem dar uma resposta compatível com titularidade, como Willians. 2013 já deixou claro que ele não pode ser o primeiro volante de um time, quanto mais o único jogador fixo de marcação de um meio, como Abelão propõe. Ontem, falhas suas permitiram chances claras do Brasil, que só não resultaram em gol porque ou Dida salvou ou o rápido Alex Amado perdeu, como tem costumado fazer. Paulão é outro que tem tido rendimento bem abaixo das necessidades.

Outra: o time é cadenciado demais. Em outras palavras: com quatro meias de toque, o Inter fica lento e pouco incisivo. Alex, que tem o arremate de longa distância como característica, tem chutado pouco por conta de seu posicionamento defensivo demais. Não sabe marcar como volante nem concluir como meia-atacante, resultado da ânsia de Abel em escalar "os melhores". Se no ano passado a equipe concluía bastante e fazia gols, ontem foi um time que tocou demais e arrematou a gol de menos. Gilberto e Fabrício vinham sendo desafogos interessantes pelos lados, mas bastou o adversário ser um pouquinho melhor e contar com uma defesa mais sólida, que bloqueasse o meio e a chegada dos alas, e o time colorado ficou sem alternativas.

Ontem, o Brasil não venceu o Inter porque perdeu gols demais e teve pouca ambição quando dominava a partida. Foi um time mais objetivo e que se defendeu melhor, mas sucumbiu diante da superioridade técnica do adversária. E também porque Abelão mexeu certo no time. Não estamos falando de Wellington Paulista, autor do gol, mas de Otávio e Alan Patrick. Eles dão ao time velocidade, algo que Alex e Jorge Henrique já não dão. Além disso, são jogadores que abrem a defesa adversária com lances individuais ou bons passes para os companheiros. Os dois veteranos, bem mais burocráticos, atrasam este processo. Já passou a hora de rever a titularidade de ambos.

O Inter vem tendo resultados satisfatórios e teve algumas boas atuações neste Gauchão, mas Abel Braga certamente terá de rever esta formação, que é desequilibrada. Num Gauchão, contra times muito fracos, o 4-1-4-1, com apenas o inquieto Willians marcando, pode até ser suficiente. Contra times superiores (e não falaremos do Gre-Nal de 20 dias atrás, pois clássico é um jogo diferente), a tendência é que este esquema não seja suficientemente equilibrado. O Brasil, que é um pouco superior à média do estadual, já deu o aviso.

Boa noite dos brasileiros
De nove pontos disputados pelos clubes brasileiros ontem, sete foram obtidos. No Chile, o Botafogo, com um gol no fim de Ferreyra, arrancou um utilíssimo 1 a 1 com a Unión Española e manteve a ponta da chave. Em casa, Flamengo e Atlético Mineiro passaram por dificuldades, mas venceram. O Fla bateu o Emelec por 3 a 1, resultado importantíssimo, mas sofreu com investidas equatorianas na primeira etapa. Já o Galo derrotou o Santa Fé de virada no Independência por 2 a 1. O time de Autuori tem duas vitórias, mas não empolga quase nada.

Schalke 06
A piadinha é tão infame quanto inevitável. O que se viu em Gelsenkirchen foi um massacre do Real Madrid em uma das Ligas dos Campeões mais desparelhas dos últimos anos até agora. Dos oito visitantes dos jogos de ida das oitavas de final (os líderes da fase de grupos), seis venceram, alguns com goleada. Os jogos de volta, em sua maioria, serão quase uma formalidade. É das quartas em diante que a coisa se reequilibra e o bicho pega.

Wendell
É uma pena que o Grêmio tenha de vendê-lo com apenas 8 jogos como titular, mas a proposta do Bayer Leverkusen é irrecusável por três motivos. Primeiro: o valor, de R$ 20 milhões, é alto. Segundo: vem em ótima hora, num momento de dificuldade financeira do clube. Terceiro: o clube alemão concordou em receber o jogador só após a Libertadores, um pedido gremista e do próprio atleta. A venda de Wendell e de parte dos direitos de Ramiro e Bressan garantem a folha em dia e a permanência de Luan em Porto Alegre por mais um tempo. E ajudam Fábio Koff em seu projeto de déficit zero até o fim da temporada.

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