Libertadores é com ele



Artilheiro da Copa Libertadores de 2011 pelo Cruzeiro, Wallyson tinha tudo para abrir um caminho brilhante no futebol, não fosse uma grave lesão sofrida no mesmo ano, quando atuava pela Raposa. Três anos, muitos choros e recomeços depois, o rápido atacante parece enfim estar se reencontrando com os bons ventos. Ontem, foi ele o absoluto destaque da goleada do Botafogo por 4 a 0 sobre o Deportivo Quito, que classificou a equipe carioca de forma incontestável à fase de grupos da Libertadores.

Foi uma noite de vários reencontros. De Wallyson com a Libertadores e com a alegria dos gols, do Botafogo com as vitórias na principal competição continental e, principalmente, da torcida alvinegra com o seu time. Depois de serem criticados, com justiça, por ostentarem média de público baixa na boa campanha do ano passado, os botafoguenses deram show no Maracanã: foram mais de 50 mil pessoas, todas sempre incentivando o time, e não só na hora da festa, mas durante todo o tenso primeiro tempo.

Tensão, aliás, que não vinha das arquibancadas, mas do próprio time em campo. Bem superior em termos técnicos, o Botafogo pecava pela ansiedade. Nem era necessário: o pavor de sofrer um gol do time equatoriano não se justificava, na medida em que os ataques visitantes foram raríssimos. A equipe se precipitava, às vezes pensava mais em se impor na base da rispidez que em colocar a bola não chão, e isso tudo atrapalhava, fazendo o primeiro gol demorar a sair. Ele veio em passe do até então apagado Jorge Wagner para Wallyson, que mandou um balaço inapelável.

No segundo tempo o panorama pouco mudou. Com Ferreyra em campo, o Fogão tentava priorizar a bola alta para o argentino, aproveitando a presença de área que o tornou um sucesso do Olímpia vice-campeão do ano passado. Porém, fora a excelente atuação de Lodeiro, faltava criatividade no resto do time. A entrada de Elias no lugar de El Tanque facilitou as coisas: deu mais mobilidade ao ataque e um companheiro para o sempre inquieto Wallyson.

Foi aí que o time deslanchou: Elias entrou muito bem, participou dos três gols seguintes, dois deles de Wallyson, outro de Henrique. E veio a goleada que fez o Maracanã alvinegro sorrir, deixou clara a diferença técnica entre as equipes, mas esconde um pouco o drama que foi o jogo, que teve o Quito classificado nos 36 primeiros minutos, uma decisão por pênaltis marcada nos 30 minutos seguintes e o Fogão classificado apenas nos 24 finais.

O desafio continua. Agora, o Botafogo vai à fase de grupos em um grupo com o San Lorenzo, novíssimo campeão argentino, a boa equipe da Unión Española e o Independiente del Valle, que é pouco conhecido, mas chegou à frente do próprio Deportivo Quito na temporada passada. Chave complicada, mas com Wallyson inspirado e o Maracanã cheio, é possível chegar às oitavas.

Imortal Furacão
O Atlético Paranaense sobreviveu várias vezes ontem à noite. Depois de levar 2 a 1 do Sporting Cristal em Lima, demorou a fazer o 1 a 0 que lhe servia, com Manoel, já a 17 do segundo tempo. O problema é que os peruanos empataram logo a seguir, resultado que eliminava o Furacão até o dramático gol de pênalti aos 50, causado no minuto anterior em um lance no qual o time paranaense bombardeava a meta do goleiro Penny Valdez.

Nos pênaltis, mais drama. O Sporting Cristal chegou a estar com a vaga nos pés por duas vezes. Quando Nathan errou, eram duas cobranças perdidas pelo time de Curitiba, contra nenhuma do de Lima. Pois a equipe rubro-negra conseguiu reverter, entre erros do time visitante e defesaças do salvador Wéverton, chegando à fase de grupos. Um duro castigo para o Cristal, que não conseguiu segurar a vaga nos vários momentos em que a teve nas mãos.

O calor e muito mais
Para quem se propõe a jogar em um ritmo intenso e de forte imposição física, atuar sob 39ºC de calor é quase um impeditivo. Isso ajuda a explicar a atuação fraca do Grêmio na vitória magra por 1 a 0 sobre o Veranópolis, pois diminui a possibilidade de movimentação dos jogadores, tornando o time travado - talvez não seja mera coincidência que a melhor atuação do Grêmio no ano tenha sido sob amenos 22ºC, na goleada sobre o Aimoré.

Porém, ficar só na explicação climática é muito pouco. Também não se pode ignorar que, pela segunda vez seguida, Maxi Rodríguez e Kleber foram lerdos e anêmicos, comprometendo o sistema de Enderson Moreira. Novamente, Jean Deretti entrou no lugar do uruguaio e incendiou o time com sua velocidade. E Luan, nos 25 minutos em que esteve em campo, fez mais do que o Gladiador nos últimos seis meses. Possibilidades de mudança à vista para o Gre-Nal e estreia na Libertadores, até porque depender do tempo não dá: para domingo, a previsão é de 35ºC na hora do jogo.

Em tempo:
- O Inter segue sua campanha perfeita no Gauchão. A vítima de ontem foi o Pelotas, no finzinho, quando tudo parecia levar a um empate que tiraria do Colorado seus 100% de aproveitamento. Porém, isso não significa favoritismo para o Gre-Nal: o jogo é na Arena e o time que deverá atuar no clássico é o titular, que foi o menos testado até agora - jogou só uma vez no ano, contra três do provável Grêmio que estará em campo.

- Mano Menezes foi habilidoso. Deixou para divulgar o troca-troca entre Jadson e Pato após mais um fiasco do Corinthians no Paulistão, desviando o foco de mais uma péssima atuação do seu time em casa. A negociação mostra que o Tricolor, ao abrir mão de Jadson, confia totalmente em Ganso, e pode acrescentar qualidade ao ataque. Para o Timão, certamente melhora a articulação de um time de meias cansados e ajuda a livrar o elenco de um problema, que era ter uma celebridade cara em vez de um atleta no elenco. Pode ser boa para os dois lados, portanto. Duro vai ser aguentar as manchetes-trocadilho falando da dupla Pato-Ganso no Morumbi.

Comentários

Chico disse…
Vitória difícil contra o bem organizado time de Veranópolis